Reflexões sobre o evangelho deste domingo
Pe. Diogo Fogaça – A palavra do Senhor, neste domingo, contesta as nossas atividades, o nosso modo de viver. Mas também, ao mesmo tempo, nos guia na direção certa. Ela nos ensina a viver com dignidade e honestidade.
Jesus espera que sejamos coerentes, autênticos em nossa fé. Por isso nós somos convidados a ouvir e a praticar a palavra. As palavras de Jesus podem parecer-nos exigentes, mas somente porque fazemos as coisas “da nossa parte”, e não “da parte do evangelho”. Muitas vezes deixamos de perguntar ao evangelho o que ele tem a nos dizer, antes de tomarmos qualquer decisão em nossa vida.
A palavra de Deus gera a dialética da vida: “Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois num buraco?” São dois questionamentos que encontramos na palavra de Deus.
O evangelho faz a comparação entre árvores e pessoas. Da mesma forma que reconhecemos uma árvore por seus frutos, reconhecemos as pessoas por suas atitudes, palavras e ações. É muito bonita a expressão do livro do Eclesiástico que nos ensina que as palavras pronunciadas são espelhos da alma: “A palavra mostra o coração do homem” (Eclo 27, 7). Aquilo que dizemos revela o nosso interior, o que somos. Portanto, é bom “pensar antes de dizer” e não “dizer para depois pensar”.
Jesus também nos ensina que tiramos, ou não, coisas boas do coração, pois nossa boca fala daquilo que o nosso coração está cheio. Certamente que somando tudo o que ouvimos a cada dia – seja em nossas conversas particulares, na conversa com os irmãos, ou no rádio, na TV… – são milhares de palavras e informações que recebemos, sem contar tantas outras informações que às vezes se acumulam dentro de nós. Temos que saber quais dessas foram úteis e nos ajudaram a viver, que nos animaram perante os desânimos causados por canseira, ou outras situações particulares.
Uma pessoa virtuosa, de espírito humilde, transforma tudo aquilo que ouve, que não corresponde a si e nem a Deus. O que é preciso, em nosso coração, para ouvir a palavra de Deus? Abertura de espírito; a lei de Cristo, que vem de dentro do nosso coração, que aprofunda a nossa existência. Os preceitos de Cristo tocam profundamente nossa consciência, por isso mudam nosso pensamento. Quanto mais nós nos abrimos ao ensinamento de Cristo, mais adultos nos tornamos na fé e no relacionamento com os irmãos e irmãs.
A maturidade humana na fé nos exige um constante êxodo, pois o projeto do reino é dinâmico, ou seja, à medida que crescemos em seu amor, percebemos o quanto ainda temos que crescer. É um processo contínuo de fé e conversão.
Não tenhamos medo do chamado e das exigências do segmento de Cristo. Não tenhamos medo de Deus. Deixemos que ele escreva em nossa existência, em nosso coração, a lei de seu amor libertador. Prossigamos no amor, vencendo nossos defeitos e fragilidades, firmando-nos no seu amor e na vocação à santidade. Que hoje o senhor nos guie e não deixemos que o mundo nos perca, que nos tornemos cegos conduzindo a outros. Pelo contrário, que as cegueiras de nossa vida sejam de fato conduzidas pela vontade e pelo amor de Deus. Mesmo não vendo fisicamente, mas sentindo ele espiritualmente, a vida se constrói na paz e no amor.
Leituras deste domingo:
1ª Leitura – Eclo 27,5-8 (gr.4-7)
Salmo – Sl 91,2-3.13-14.15-16 (R. Cf. 2a)
2ª Leitura – 1Cor 15,54-58
Evangelho – Lc 6,39-45
Pe. Diogo Fogaça, Diocese de Itapetininga/SP
Paróquia Senhora Aparecida, distrito de Gramadão