Seu exemplo ecoa na atualidade
Karen Bueno – José Engling é um dos herois mais conhecidos de Schoenstatt e inspira a vida muitas pessoas. Sua vivência da Aliança de Amor, a luta constante pela santidade na vida diária, deixa uma marca na história do Movimento Apostólico de Schoenstatt, especialmente por se tratar de um contexto de sofrimento e luta pela Primeira Guerra Mundial, na qual serviu como soldado.
A Mãe e Rainha realiza maravilhas no ser filial do pequeno José, que se coloca inteiramente nas mãos dela, com todas suas qualidades e valores, também com as debilidade e limitações. A vivência intensa da Aliança de Amor, entregando todos os sacrifícios do dia-a-dia ao Capital de Graças, tornou o jovem soldado um modelo de auto santificação.
Cem anos de entrega
No dia 11 de abril de 1915, José Engling é admitido à Congregação Mariana. Ele e toda sua turma – os aspirantes da terceira série – se consagram à Maria, entrando para a Congregação Mariana numa celebração festiva.
Na cerimônia solene, que se realizou no primeiro domingo depois da Páscoa, na Festa da Divina Misericórdia, cada novo membro se ajoelha e reza: “Elejo-vos hoje por minha Senhora, Advogada e Mãe. Protegei agora o vosso servo e filho dedicado”.
Nesta ocasião, Pe. Kentenich explica o sentido da consagração a Nossa Senhora, com ênfase nas palavras que os novos congregados proclamam. É um voto de amor a Nossa Senhora que se sela com a vida.
Num segundo momento, após a consagração, cada jovem se aproxima da bandeira da Congregação e, colocando a mão direita sobre ela, promete: “Esta é a bandeira que escolhi, jamais a abandonarei, a Maria eu juro”. Esse ato de amor dos primeiros herois é repetido até hoje pelos ramos e comunidades do Movimento – é uma promessa de fidelidade ao carisma de Schoenstatt.
O que essa consagração representa?
Faz mais de cem anos que o jovem Engling ingressou na Congregação Mariana. Mas, o que isso representa para os schoenstattianos hoje?
A história de um soldado que morreu na guerra não é algo extraordinário, milhares morreram da mesma forma e continuam morrendo. O que torna essa história atual e inspiradora é o testemunho do jovem neste contexto. Pe. Kentenich afirma que Engling é o “Documento de Fundação vivido” e, por diversas vezes, o citou como exemplo. Isso significa que o jovem viveu de maneira tão perfeita a Aliança de Amor, tornando-a concreta, que quem deseja vivê-la em profundidade deve olhar sua vida.
A Pira onde é ofertada as contribuições ao Capital de Graças leva seu nome, para recordar todo empenho que dedicou ao crescimento da Obra do Pe. Kentenich; e diversos Santuários têm um memorial dos herois, com destaque, em alguns, para Engling, como reconhecimento por sua entrega.
Quem quer ser um novo Engling?
No dia 11 de abril de 1915 a história de Schoenstatt ganha uma página importante. A admissão de Engling à Congregação é o fundamento do espírito heroico que ele desenvolve e esse espírito é vida dentro da Obra. Muitos schoenstattianos se esforçam para ser “um novo José Engling”, entregando tudo por amor, até mesmo a vida – outros herois o tomaram como modelo.
Em 11 de abril de 1948, durante a inauguração do Santuário de Santa Maria/RS, Pe. José Kentenich faz um paralelo entre a geração fundadora de Schoenstatt e a Família de Schoenstatt do Brasil. Ele desafia: “Tudo depende de se encontrar outro José Engling, que se entregue à Mãe de Deus e se deixe educar inteiramente por ela. Se for assim, garanto-lhes que a Mãe de Deus e Jesus se estabelecerão aqui para modelar uma legião de ‘pequenos José Engling’. Agora mesmo deveria perguntar-lhes: Quem quer ser o José Engling da América do Sul? Em resposta, digo-lhes que Nossa Senhora o sabe. Na Santa Missa pedirei a ela – o faço por todos os presentes – que se estabeleça aqui, a partir de hoje, juntamente com Jesus, para que, à imitação do que se fez em Schoenstatt, ambos eduquem pequenos santos a muitíssimos dos que chegarem a este lugar”.
Essas palavras do Fundador tocam profundamente o coração do Diác. João Luiz Pozzobon. O desafio lançado pelo Pe. Kentenich encontra vida em sua alma: ele quer ser um novo José Engling. “Pude compreender que eu, também, tinha que fazer despertar o heroísmo. Não só o cumprimento do dever – todos temos a obrigação de fazê-lo –, mas o heroísmo, esse heroísmo total, de entrega. A partir daquelas pregações sobre a geração fundadora, isso ficou gravado no meu coração. […] Tratei de entrar, também, nesse caminho”.
Pozzobon é um exemplo concreto de heroi que se inspirou em Engling, seguiu seus passos e alcançou a santidade.
Um amigo espiritual
Atualmente, o processo de canonização de José Engling segue na Congregação pela Causa dos Santos, em Roma. Se for declarado beato, poderá ser exemplo da moderna aspiração à santidade. Ele experimentou essa aspiração em situações extremas e justamente assim atingiu o mais alto grau espiritual, que deve ser catalogado como heroico e ponto positivo para sua beatificação. Alguns schoenstattianos o consideram como “amigo espiritual”, e se esforçam pela sua canonização.
O exemplo do jovem soldado que ofereceu a vida pela Obra da MTA não morre. Seu testemunho ecoou por todo primeiro século de Schoenstatt e continua a ressoar neste segundo século, mostrando que é possível, sim, ser um santo na vida diária, nos pequenos e grandes desafios do dia-a-dia, um santo moderno. E mais uma vez o desafio lançado pelo Pe. Kentenich se repete a todos que hoje pertencem à sua Obra: “Quem vai ser o José Engling deste segundo século?