Esta vela é repleta de simbologias e uma peça central na liturgia do Sábado Santo
Karen Bueno -Todos os anos, na celebração da vigília pascal, a Igreja se reúne em torno do fogo para iniciar a liturgia do Sábado de Aleluia. Neste “fogo novo” é aceso o círio pascal, que é a grande vela desenhada e cheia de símbolos, conduzida pelo sacerdote e marcada com cravos. Ela permanece acesa, após a Páscoa, durante todas as celebrações, até o dia de Pentecostes.
“Nós nos reunimos ao redor da fogueira, com a igreja às escuras e, no silêncio que ainda impera, dá-se início à benção do Fogo Novo, no qual se acenderá o Círio Pascal. Aquela chama grande, seguindo à frente dos fiéis, acompanhada pela Cruz, vai como que dissipando as trevas, invadindo os lugares escuros e sombrios e vai, pouco a pouco, do jeito de Deus, iluminando; até que cada um acende a sua vela no Círio e tudo se ilumina”, detalha o Pe. Francisco Gonçalves.
Por que acendemos essa vela?
A luz representa o próprio Cristo ressuscitado, já que ele mesmo disse: “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8, 12). Durante a missa, em comunidade, nós vamos repassando a luz do Círio de pessoa a pessoa, até que a vida de todos seja iluminada por essa chama que nasce dele.
O círio tem alguns símbolos marcantes gravados na cera:
A Cruz, que fica no centro e é o caminho para chegar à Páscoa. Os Cravos, que simbolizam as cinco chagas de Jesus. Alfa e Ômega são a primeira e a última letra do alfabeto grego e ficam marcadas no círio para dizer que Cristo é o início e o fim do tempo, da eternidade e de tudo. O ano corrente é também sempre indicado nesta vela, para dizer que Deus está presente conosco HOJE, como sempre está. O Cordeiro é a figura do próprio Cristo que se entregou por todos. Há também elementos que as comunidades adicionam, de acordo com seu estilo artístico e sua espiritualidade (como vemos na foto acima, que traz o símbolo de Schoenstatt), mas que não fazem parte dos símbolos essenciais do Círio, são apenas figuras artísticas da vela.
O Círio das Famílias
Tem ganhado cada vez mais popularidade, entre as famílias, adquirir um pequeno Círio para se ter em casa. Alguns deles vêm com desenhos e também com cinco cravos, que serão fincados durante a celebração do fogo novo, acompanhando os gestos do sacerdote. Especialmente neste período de pandemia, essa vela pode nos aproximar mais dos ritos litúrgicos, ganhando um significado especial em nossas “Igrejas Domésticas”.
O “Círio das Famílias” tem como objetivo ajudar as pessoas, em suas casas, a estarem mais profundamente unidas com a celebração do fogo novo. Vale ressaltar, no entanto, que a importância e o significado do Círio Pascal das paróquias, usado na liturgia da missa, diante deste que utilizamos em casa é diferente. O “Círio das Famílias” é uma vela abençoada que nos lembra da ressurreição de Jesus, assim como outras velas abençoadas que guardamos em casa. Já o Círio das igrejas é uma peça-chave na liturgia, remete à luz de Cristo e tem um destaque especial. Cada vez que uma pessoa é batizada, ou quando se renovam as promessas batismais em comunidade, as velas são acesas no Círio.
Uma pergunta que chegou até nós foi: Neste Sábado Santo, em que momento devo acender o meu círio pessoal?
Não existe regra, afinal, essa vela não é uma peça litúrgica. Mas, pensando em seu sentido original, a sugestão seria acender junto com o sacerdote e fincar os cravos ao mesmo tempo que ele (lembrando que os cravos vão em cada ponta da cruz e também no meio dela). Esta vela também pode ser acesa, depois do sábado santo, nos seus momentos de oração pessoal ou em família.