“O trabalho é um elemento fundamental para a dignidade da pessoa humana” [1]
Ir. M. Márcia Silva – Desde a criação do mundo, o trabalho faz parte da vida humana. Esta atividade “nos plenifica de dignidade, nos torna semelhantes a Deus, que trabalhou e trabalha, age sempre (cf. Jo 5:17), dá a capacidade de nos manter, manter nossa família, contribuir para o crescimento da nação” [2], diz o Papa Francisco.
Por meio do trabalho o homem “se torna mais homem” [3], assim como afirma São João Paulo II, na Encíclica sobre o trabalho humano. A atividade exercida no campo profissional, além de proporcionar o sustento e os bens necessários, pode se transformar num verdadeiro caminho de santidade.
Pe. José Kentenich ensina que, quando se fala em santidade, “não se entende a santidade domingueira, isto é, a do sétimo dia da semana, quando repicam os sinos e vamos à igreja, trajando nossas melhores roupas. É a santidade praticada nos outros seis dias da semana, nos quais não temos o festivo ambiente dominical e nos encontramos com a sobriedade e a monotonia do trabalho a realizar” [4].
Independente da profissão, o cristão é chamado “a levar uma vida mais santa, para que assim o mundo seja impregnado do espírito de Cristo” [5]. No Movimento Apostólico de Schoenstatt, a luta diária pela santidade se transforma em contribuições ao Capital de Graças, dessa forma, a dedicação ao trabalho, as dificuldades e conquistas adquirem um valor especial, pois são ofertas entregues a Deus, pelas mãos de Maria.
Será que hoje é possível crescer na santidade por meio do trabalho? Veja alguns testemunhos de pessoas que buscaram seguir esse caminho:
Silvia Orlandelli e Carlos Cesar Nanci, de Presidente Prudente/SP:
Trabalhamos numa papelaria, próximo a Universidade. Diariamente, nos encontramos com muitos jovens e sabemos dos diversos problemas que eles enfrentam. Viver a santidade de todos os dias é uma luta diária que travamos juntos, como casal. Nosso combustível é a Aliança de Amor com Maria.
Quando aparecem as dificuldades, ou uma tarefa que não nos agrada fazer, o Capital de Graças entra em ação e nos impulsiona a realizar tudo por amor e doação à Mãe e Rainha. Procuramos sempre ir ao encontro do próximo, assim podemos corrigir as imperfeições com o exemplo e a humildade.
Maria Aparecida e Evangelista Pinheiro, de Itú/SP:
Somos advogados, instituímos o Santuário Lar em nosso escritório, com o ideal: “Fé Prática na Divina Providência”. Desde então, nós e nossos clientes sentimos a condução divina e os cuidados da Mãe de Deus, até mesmo nas coisas ordinárias. Pela Aliança de Amor com a Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, nosso exercício profissional foi se transformando em “vocação”.
A Mãe de Deus nos auxilia a vivermos o “nada sem vós, nada sem nós”, assim, a cada embate – o que é recorrente em nossa atividade profissional – transformamos as dificuldades e os acertos em ofertas ao Capital de Graças. Ao longo desses anos, nenhum de nossos clientes veio nos constituir para o ajuizamento de ação, pleiteando vantagens ilícitas e/ou buscando prejudicar terceiros ou a coletividade.
Flavia do Espírito Santo Tiepo, de Londrina/PR:
Viver a santidade no trabalho é um exercício diário. Eu sou enfermeira e a seguinte passagem bíblica sempre me guiou, ao cuidar dos pacientes: “Tive fome e me deste de comer; tive sede e me deste de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes” (Mt 25, 36).
Hoje, atuo mais administrativamente, mas sempre procuro lembrar que, por meio da Aliança de Amor, tenho um Santuário Coração. Então, devo procurar fazer o esforço, apesar das minhas limitações, para levar a graça do acolhimento, portanto, “exalar” a paz e a tranquilidade que encontramos no Santuário.
Procuro ser um instrumento de união na equipe, pela entrega dos meus colegas, do meu serviço e da oração diária silenciosa, no meu local de trabalho. Como oferta ao Capital de Graças, entrego todas as atividades que exerço no meu trabalho e também a vida dos meus colegas de trabalho. Diariamente, tento fazer do meu trabalho um local em que se possa dizer: “Aqui é bom estar”.
Geisa Galão Casagrande, de Ibiporã/PR:
Sou professora e, na escola, cada turma é um desafio. Os alunos são diferentes e alguns conseguem influenciar, positivamente ou negativamente. Tem professores que não assumem uma turma devido ao perfil difícil da mesma. Às vezes, isso também me ocorreu. Mas, aos poucos, tive a consciência de que, se algo veio para mim, devo segurar na mão de Deus, na mão de Maria, e enfrentar, entregar ao Capital de Graças e, aos poucos, tudo se encaminha.
Sempre penso: Como Maria faria com eles? Qual seria a conduta de Maria com esses alunos? E concluo que seria no caminho do amor, do respeito e oração. É o que eu procuro fazer. O mais bonito é que nós somos educados, acabamos aprendendo com os alunos.
No relacionamento com os professores tenho a postura de ouvir, abraçar, chorar junto, rezar e rir. Porém, a busca da santidade, às vezes, me leva a distanciar-me de algumas conversas e assuntos nos quais não me encaixo. Nessas horas, o Capital de Graças me sustenta e conforta. Deixo-me ser educada pela Mãe.
“O santo do dia-a-dia santifica seu trabalho, vive santamente durante toda a semana, e em tudo o que faz imprime o selo da santidade” [6], diz o Pe. José Kentenich.
Foto: Burst, via pexels.com
Referências
[1] Papa Francisco, mensagem aos seguidores no Twitter, 1 de maio de 2018
[2] Papa Francisco, 01 de maio de 2013
[3] São João Paulo II, Encíclica: O trabalho humano, 14 de setembro de 1981
[4] Pe. José Kentenich, Santidade de todos os dias, p. 23
[5] Constituição Lumen Gentium, 36
[6] Pe. José Kentenich, Santidade de Todos os dias, p. 23
Conteúdo muito bom, gostei muito do seu post.
Vou acompanhar, pois sempre aprendo mais.
São dicas muito úteis, principalmente para um iniciante como eu.
Bom trabalho!!
Muito bom. Faltou apenas mencionar São Josémaria Escriva, fundador da Opusdei. Santificar o trabalho, santificar pelo trabalho e santificar-se no trabalho!!