O trabalho, um caminho para nossa santificação
Álvaro e Mayara Coutinho – Hoje a Igreja celebra a festa de São José no título de Operário, data que foi instituída pelo papa Pio XII em homenagem a ele e também como patrono dos trabalhadores – por isso a data 1 de maio, dia do trabalho ou do trabalhador. No Brasil e em vários países do mundo é um feriado nacional.
Simples José
Na pequena Nazaré, José era uma espécie de “faz tudo”, mas foi com suas mãos no ofício de carpinteiro/artesão que José sustentou sua família com dignidade e exemplo e se santificou, porque no seu trabalho amou nosso senhor Jesus Cristo e a Virgem Maria. São José é o sinal simples de um pai de família que exerceu a autoridade familiar numa constante atitude de serviço.
Pensando em nossa realidade, quantos homens também dignificam seus lares com um trabalho manual?! Para muitos, um trabalho visto como “simples”, mas ao sairmos da superfície, podemos entender quanta beleza existe por traz dessa abençoada tarefa que, sem dúvidas, exigiu de José muita dedicação, inspiração, organização e amor – uma existência vivida no anonimato de todos os dias, mas com uma fé segura na Divina Providência.
“Seja qual for o vosso trabalho, fazei-o de boa vontade, como para o Senhor, e não para os homens, cientes de que recebereis do Senhor a herança como recompensa…” (Col 3,23-24)
Educador de Jesus
Deus, ao escolher a virgem e simples Maria para ser a Mãe de Jesus, também consequentemente escolheu José, pois sabia que ambos estariam dispostos a viver essa missão de gerar, cuidar e educar seu Filho Jesus. Quanto privilégio não é? Ser o pai da original Sagrada Família. São eles que, como pais, viveram da forma mais natural possível tudo aquilo que também desejamos viver hoje – claro que os tempos são outros, porém a missão é a mesma. São José, como pai, teve um papel de extrema importância na formação da personalidade de Jesus enquanto pessoa humana. Se analisarmos do ponto de vista humano, Jesus foi um menino e um homem que teve a presença de um pai natural, terreno, um pai que ensinou ao filho o trabalho, o caminho da justiça, da verdade.
São José um trabalhador “home-office”
Nosso Pai e Fundador, Pe. José Kentenich, em 1950, fala sobre São José: “Deus fala através das situações. Será que por elas a Mãe de Deus não nos quer dizer expressamente e chamar a atenção sobre São José?” [1].
Desde o ano de 2020, muitos ainda vivem uma situação totalmente diferente das quais estávamos acostumados. Muitos de nós fomos obrigados a parar na marra e encontrarmos outras maneiras de exercermos nosso trabalho de cada dia. Sem dúvida a figura e o exemplo de São José vêm de encontro com tudo isso e nos fazem refletir sobre o simples, sobre a Família e tantas outras coisas.
Trabalhar em casa, o famoso home office, uma vez ou outra na vida foi o sonho de muitos trabalhadores – existem pesquisas que falam melhor sobre isso. Quem nunca pensou ou falou: “Ah, se hoje eu pudesse trabalhar em casa”.
Mas, ao contrário do que muita gente pensa, ganhar a vida dentro do lar não é tão fácil assim. É um desafio e, como todo desafio, requer inúmeras habilidades e atitudes a serem desenvolvidas, como: disciplina, ordem, força de vontade, horário-pontualidade e muita concentração, afinal estamos em casa. Mais do que nunca chegou a hora de sermos verdadeiros heróis da Mãe de Deus, de nos autoeducarmos e nos santificarmos pelo exercício do nosso trabalho e pela valorização da família.
Experimentamos um tempo de “guerra” e as guerras sempre nos acompanharam como schoenstattianos; são tempos em que sentimos nosso trabalho em ameaça, mas, assim como as guerras sempre tiveram nos provando na história, a fé pratica na Divina Providência e a graça também nos acompanham e nos dão a certeza da vitória, sejamos fortes!
São José nos deixou memórias eternas dessas virtudes e santidade, rezando e trabalhando sempre na obediência, silêncio e confiança em Deus. Ele, intercessor dos trabalhadores, ajude a cada um que necessita neste período de dificuldade, especialmente os que sofrem pelo desemprego e os que administram as empresas em crise. “Acredita, ó cristão, onde o homem é José e sua esposa Maria, onde o filho se comporta e é educado como Cristo, toda a casa se transforma num paraíso” (Pe. José Kentenich) [2].
Foto: Mayara Coutinho
[1] Material interno do Instituto das Irmãs de Maria de Schoenstatt
[2] Pe. José Kentenich. Às Segundas-feiras ao Anoitecer, vol. 3 – Reflexos do Pai. 4 de setembro de 1956