Sabemos que a Mãe de Deus viveu plena e totalmente imersa em Cristo, seu Filho. Mas, isso também aconteceu com o Cristo-Eucarístico, após a Ascensão de Jesus? O Pe. José Kentenich nos direciona nessa reflexão:
Uma questão que é de especial interesse para nós é esta:
Como Deus procedeu para que Nossa Senhora pudesse viver da Eucaristia constantemente?
Não como se ela estivesse apenas interessada na Eucaristia, mas ela vivia da Eucaristia, do sacrifício Eucarístico, do Pão Eucarístico e, ao mesmo tempo, vivia constantemente na presença do Salvador Eucarístico. […] Hoje, fiquemos satisfeitos com o único pensamento: Nossa Senhora viveu do Pão Eucarístico.
[…] E onde encontramos escrito que Nossa Senhora sempre desejou o Pão, que ela desejou o Salvador Eucarístico presente em forma de pão? Isso não tem que aparecer na Sagrada Escritura!
Naturalmente, nós limitamos a pergunta aos 20 anos depois da Ascensão de Jesus, que se pensa ter sido o tempo que ela – a Mãe de Deus – ainda viveu na terra. Nós o damos como certo, por quê? Na verdade, nós mesmos poderíamos dar a resposta muito bem. É o velho ditado que frequentemente ouvimos e vivemos como simples filhos do povo: “Onde está teu tesouro, lá também estará teu coração!”
Onde está teu tesouro… Qual era o tesouro para o coração de Nossa Senhora? Qualquer menino de escola sabe que a resposta é Nosso Senhor. Onde está teu tesouro, lá também estará teu coração.
Na Bíblia
Se desejamos colocar esta verdade em um enquadramento maior, devemos lembrar o que a Sagrada Escritura nos diz.
Como Jesus deseja ser conhecido, o que Ele quer ser? O Emmanuel – Deus conosco! Deus entre nós! Ele quer estar sempre entre nós.
E como Nossa Senhora experimentou isso, depois de dizer seu Fiat? A Segunda Pessoa da Trindade desceu à terra e se tornou homem – e quem viveu mais intimamente com Ele que Nossa Senhora? O Deus Todo-Poderoso viveu dessa maneira íntima unicamente com Nossa Senhora por 30, 33 anos. O tesouro dela! Onde está teu tesouro, lá também estará teu coração!
Uma vez que assimilamos tudo isso, não damos como certo que Nossa Senhora sempre teve um anseio contínuo por Nosso Senhor, agora na forma de sua presença Eucarística? Anseio cálido, anseio profundo era o afeto fundamental de seu coração.
[…] Nós não temos um Deus morto, aquele que vive entre nós é o Deus vivo, acima de tudo na misteriosa forma do Pão, que podemos apreender e compreender à luz da fé. Assim, demos como certo que Nossa Senhora ansiava constantemente pelo Pão Eucarístico, pelo Salvador Eucarístico, depois da Ascensão.
Onde está meu tesouro?
[…] E eu? Posso dizer que, em certa medida, o afeto fundamental de minha alma é o anseio pelo Salvador Eucarístico? Eu penso que devo repetir a mesma sucessão de pensamentos, mas na ordem oposta: “Onde está teu tesouro, lá também está teu coração”. Meu tesouro! Se não é Nosso Senhor, se não é Deus, o que é? É um ídolo.
Se souber qual é meu anseio, saberei qual é o meu ídolo. Então [se meu tesouro não é Jesus] é natural que eu não tenha sucesso, que eu não consiga copiar a atitude de Nossa Senhora, eu não prossigo com a atitude fundamental daqueles que desejam compreender o modo de vida cristão na terra. […]
Para nós, é tão fácil visitar Nosso Senhor. Seria tão fácil receber a Sagrada Comunhão se ao menos não estivéssemos escravizados às coisas mundanas. Como seria fácil para nós se, ao menos, quiséssemos aceitar as graças que nos são oferecidas. Esses são apenas alguns pensamentos. […]
Eu acho que nós devemos no ajoelhar, ao menos em espírito, e pedir a Nossa Senhora:
Que sejamos, oh Rainha, como tu,
Mais e mais teu claro reflexo,
Fortes e nobres, amavelmente,
Caminhando sob tua proteção,
Conforme vamos por nosso tempo,
O mundo em Cristo seja teu!Pe. José Kentenich, homilia dominical na Paróquia de São Miguel em Milwaukee/EUA. Nossa Senhora e a Eucaristia, 7 de junho de 1964.