Em sua análise do tempo, Pe. Kentenich assinala que o grande mal de nossa cultura é a destruição do organismo natural e sobrenatural de vinculações. Afirma que o homem atual possui uma pobre vivência de amor tanto no plano humano como no sobrenatural. É um “faquir” no mundo do amor, disse o Pe. Kentenich. Vê neste “sinal do tempo” um claro chamado de Deus a suscitar o homem para a instauração e o cultivo do organismo de vínculos naturais e sobrenaturais, tanto em si mesmo como em sua mútua relação.
Quando o Fundador de Schoenstatt usa o termo “vínculos” entende por isso o laço estável de um amor profundamente afetivo e lúcido, que abrange toda a potencialidade do amor humano e do amor divino. O vínculo não é uma simples emoção e paixão, pode ter seu inicio em um encontro passageiro, mas vai muito mais além. É o que dá estabilidade emocional e espiritual a totalidade do ser humano.
Ao tipo de homem desarraigado, Schoenstatt quer responder com um tipo de homem que viva a plenitude dos vínculos. A espiritualidade e a pedagogia de Schoenstatt se centram em um cultivo dos vínculos a ideais, pessoas e locais. Com isto constatamos uma grande concordância com o chamado atual do magistério e especialmente de João Paulo II, para cultivar uma “espiritualidade de comunhão” e construir uma “civilização do amor”.
O caráter acentuadamente familiar da Obra de Schoenstatt dá testemunho disso: Schoenstatt se define como Família, unida pelos laços de uma união fraterna e de vínculo filial ao fundador; uma Família vinculada a um lugar, o santuário, e num mundo de ideais; uma família que quer ser coração de uma Igreja-Familia, gérmen de uma cultura onde reina a lei do amor e da comunhão em Cristo Jesus.
Os vínculos de amor no relacionamento humano são chamados a ser expressão, caminho e proteção dos vínculos na ordem sobrenatural. A vivência dos vínculos humanos nos prepara e ensina como tornar vida dos vínculos na ordem sobrenatural. Amamos a Deus por meio das criaturas e, ao mesmo tempo, o amor a Deus nos leva a amar as criaturas. Os vínculos humanos se projetam e por sua vez recebem sua plenitude em vínculos da pessoa e da comunidade no amor a Deus Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, a Maria e aos santos.
Com esta dimensão de seu carisma, o Pe. Kentenich toca a essência mais profunda do cristianismo em meio de um mundo onde o amor tem esfriado e requer urgentemente ser reascendido. A grande tarefa evangelizadora consiste em ensinar a amar e encaminhar a uma vivência de Deus que é Vida e Amor, que é “Comunidade-de-Amor”.