Viva São Pedro e São Paulo!
Pe. Heitor Morschel – Falar de São Pedro e São Paulo para nós católicos é sempre prazeroso, mas, ao mesmo tempo, desafiador. Os dois gigantes do cristianismo têm muito a nos ensinar! Mais ainda, quando, neste mês de junho, celebramos tantos Santos na piedade popular em nosso Brasil. O povo brasileiro sempre acha uma maneira de celebrar seus heróis da fé, mesmo em tempos de pandemia. Mas, o que sabemos de suas vidas e de suas personalidades e o que eles têm a nos ensinar para o mundo de hoje?
Simão, chamado por Jesus de “Pedro” (Petros), nome masculino grego formado do substantivo feminino “petra”, que significa “rocha”. Foi chamado assim após Jesus lhe conferir a missão na edificação de Sua Igreja (Mt 16, 18). O filho de Jonas (Mt 16,17) era de Betsaida na Galileia (Mt 4,18) e era pescador. Após atender o chamado de Jesus, na companhia de seu irmão André, deixou as redes e seguiu a Jesus. Junto com Tiago e João, Pedro formará o grupo dos mais próximos de Jesus em toda a sua vida pública.
Paulo, do latim “Paulus”, era o nome patrício romano assumido por Saulo de Tarso. Era filho de pais judeus que remontavam à tribo de Benjamin (Rm 11,1). O uso de um “nome grego ou latino adicionado ou em lugar de um nome judaico era comum entre os judeus da diáspora” [1]. Talvez tenha mudado de nome após a conversão para que os cristãos não o identificassem mais com o “fariseu perseguidor da Igreja nascente” (At 9,1; 13,9). Falava grego e aramaico (At 21,40;26,14). Segundo estudiosos [2], é quase certo que Paulo chegou a Jerusalém depois da morte de Jesus e que ele nunca o viu durante sua vida terrena. Em Jerusalém, era discípulo de Gamaliel (At22,3), constituindo-se num rígido fariseu (At 23,6). Após o apedrejamento de Estevão, Paulo tornou-se um agente do Sinédrio de Jerusalém em sua perseguição aos cristãos. A sua conversão foi o resultado de sua experiência na estrada de Damasco; Jesus apareceu-lhe e Saulo ficou cego por alguns dias até ser curado e batizado por Ananias (At 9, 1-19). A partir daí, tornou-se o grande arauto do Evangelho ao pregar que Jesus como Senhor glorificado que ressuscitou de sua morte salvífica e vive em sua Igreja.
No prefácio da missa em honra de São Pedro e São Paulo, a Igreja reza que “Pedro, o primeiro a proclamar a fé, fundou a Igreja sobre a herança de Israel. Paulo, mestre e doutor das nações anunciou-lhes o Evangelho da salvação. Por diferentes meios, os dois congregaram a única família de Cristo e, unidos pela coroa do martírio, recebem hoje, por toda a terra, igual veneração” [3]. O martírio dos dois em Roma constitui os fundamentos da Igreja Santa e Católica.
Na verdade, pela ótica da Teologia, em Pedro encontramos todo ensinamento, toda a doutrina, toda a ortodoxia, recebida do próprio Cristo (Mt 16,18). No Catecismo da Igreja Católica vemos que “Pedro, em razão da fé confessada, permanecerá como rocha inabalável da Igreja. Terá por missão defender esta fé de todo desfalecimento e de consolidar nela seus irmãos” [4]. Esta é a função e missão do Papa desde Pedro até Francisco e dos seus sucessores. Em Paulo, encontramos toda a ortopráxis, ou seja, toda a missão da Igreja de levar a Boa Nova do Evangelho a todos os povos, línguas, culturas e tempos.
Suas mensagens para este tempo
Quando entramos nos Santuários de Schoenstatt presentes em todo o mundo, logo avistamos as imagens de Pedro e Paulo ladeando o sacrário. A presença deles junto ao Sacrário representa toda a apostolicidade do Movimento de Schoenstatt, ao mesmo tempo, identifica a pertença do mesmo à Igreja. Schoenstatt é um Movimento de Igreja, da Igreja Católica. Esta apostolicidade é encontrada em todos os Ramos da Família de Schoenstatt e, além de constituir-se numa das três graças especiais do Santuário, nela está a base de todo nosso apostolado fecundo, ou seja, o empenho de construir uma nova sociedade, animados e protegidos pela presença amorosa da Mãe de Deus.
A vida destes dois santos nos faz reconhecer alguns elementos que podem ajudar na vivência de nossa fé nos dias de hoje: a simplicidade de Pedro como simples pescador, a sua teimosia prática, o seu grande amor a Jesus e sua missão, o seu espírito de liderança no grupo, seu reconhecimento da importância da Comunidade. Em Paulo, destacamos a sua inteligência, sua ciência Bíblica, sua capacidade de pregar o Evangelho em tantos lugares e para tantas culturas diferentes, no reconhecimento do que é essencial na vida, de que precisamos cultivar o amor e colocar nossos dons a serviço do próximo. Neles encontramos um grande amor a Jesus e à Igreja. Nos dois Apóstolos encontramos a força da fé em Jesus Ressuscitado, que nos impulsiona a sair de nós mesmos e irmos ao encontro do irmão. Os dois são um exemplo de que personalidades tão diferentes podem ser complementares e se revelaram autênticos seguidores de Jesus Cristo. Ambos aprenderam a trabalhar com o diferente. Talvez tenhamos que reler neles nossa prática pastoral de hoje, no respeito à alteridade e na perspectiva de uma Igreja comunhão.
* Contribuição da União dos Sacerdotes Diocesanos de Schoenstatt
[1] Cf. Dicionário Bíblico McKenzie, Paulus, 1984.
[2] Idem.
[3] Missal Romano, Paulus, 2008.
[4] Catecismo da Igreja Católica, nº 552.