Como ela chegou lá e o que faz nessa terra do gelo
Ir. M. Nilza P. da Silva – Como é conhecido, quem chega ao polo sul do planeta, na terra de gelo da Antártida, encontra-se também ali com a Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt em uma ermida. A Divina Providência cuidou que duas pessoas nos ajudassem a conhecer como está essa ermida atualmente e um pouco melhor sobre os caminhos que a Mãe de Deus usou para estar ali, junto de suas filhos de várias partes do mundo, para aquecer em seus corações o amor a Jesus.
Quem conta é Pe. Audinei Carreira da Silva, atual pároco na Par. Nossa Senhora de Fátima, em Cianorte/PR, Dioc. de Umuarama/PR. É ele o instrumento a Mãe usou para poder ir até o ponto extremos do planeta.
Por que o senhor levou a imagem da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável para a Antártida?
Eu tinha recém entrado na Marina, ainda era segundo tenente e, sem esperar, repentinamente, em 1984, fui nomeado para acompanhar, como capelão, a terceira expedição do Brasil para a Antártica, pelo Navio de Apoio Oceanográfico Barão de Teffé. Eu não esperava isso. A estação brasileira ali ainda estava na construção, na ilha Rei Jorge, que pertence as Ilhas Shetland do Sul, na estação Comandante Ferraz, que há pouco tempo foi incendiada e está em reconstrução. Talvez devido ao meu modo de ser e a minha experiência, o Comandante Paulo Adrião insistiu que o capelão fosse eu.
Então, ele me contou que em uma das expedições, um capelão havia entronizado a cruz nessa estação e me perguntou o que eu gostaria de fazer de significativo nessa minha missão. Eu respondi para ele que gostaria de levar Nossa Senhora para colocar ao lado dessa cruz, lá na Antártida. Então, eu conversei com as Irmãs de Maria, em Londrina/PR, e mandamos fazer uma imagem em mármore que representa uma seta, indicando para o céu. No meio dessa seta, colocamos a imagem de nossa Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt (em bronze).
Antes de viajar para a Antártida, a ermida ficou dentro do Santuário Tabor da Esmagadora da Serpente, em Londrina. Depois, foi levada para a marinha, no Rio de Janeiro/RJ, de onde partimos.
No dia 8 de dezembro de 1984, durante a celebração e uma missa, fizemos a bênção e a entronização da ermida, nesse local, na Antártida. Estavam ali presentes na santa missa, além dos brasileiros, também pessoas de estações de outros países: chineses, poloneses, russos e argentinos. A celebração foi ao ar livre, graças a Deus, em um dia em que tivemos uma variante excepcional. No verão, normalmente a temperatura e a sensação térmica está a 35º abaixo de zero. Mas, naquele dia, para a missa, estávamos com 8º acima de zero e não havia vento para aumentar a sensibilidade térmica. Era uma atmosfera muito boa.
Eu ainda me lembro bem de umas coisas bem típicas dessa data. Por exemplo, os marinheiros que fizeram a tarefa de pedreiros, para poder chumbar a imagem no local, se esqueceram que lá, quando você pega a água, daqui a pouco ela está congelada. Então, eles chegaram no local da ermida, com a água, e quando foram fazer a massa, a água estava congelada e não dava para misturar com o cimento. Por isso, eles precisaram voltar para o navio e colocar um produto na água, para que ela não se congelasse e se pudesse fazer a massa com o cimento para fixar a ermida.
Todos os anos, durante m período, nesse local, a neve sobe e, quando isso acontece, a Mãe de Deus “entra em fria”, isto é, a ermida fica embaixo da neve. Mas, depois a neve desce de novo e é possível vê-la e rezar diante dela.”
Pe. Audinei continua a contar como ela preparou seu caminho de missão:
“Eu levei a Mãe e Rainha para lá, porque eu tenho vínculos com o Santuário e me sinto em dívidas espirituais com o Santuário. Conheci o Santuário quando fui lecionar no Colégio Mãe de Deus, em 1964. Ali conheci a espiritualidade de Schoenstatt e começou o meu vínculo. A primeira coisa que me chamou a atenção era a foto de José Engling em todas as salas de aulas. Eu quis saber quem ele era e uma Irmã me introduziu em Schoenstatt contando sobre a sua vida.
Fiz o meu diaconato em Santiago, no Chile, e ali atuei na paróquia dos padres de Schoenstatt. Também estive várias vezes ao Santuário Original, em Schoenstatt, na Alemanha e ali participei de alguns retiros. Tudo isso me preparou para levar a Mãe e Rainha para a Antártida.
Eu não sei dizer como está com as atividades religiosas ali onde está a ermida. Mas, sei que pessoas que vão trabalhar na Antártida tem na ermida o seu lugar de oração, assim como naquela época da entronização, havia pessoas religiosas que iam para a ermida. Ela se tornou um lugar significativo não somente para os militares, mas, também para os cientistas, jornalistas, que ali faziam os seus exercícios de piedade. Enquanto eu permaneci na Marinha, sempre recomendei aos capelães que mantivessem a ermida como lugar de oração e eles usavam a ermida para as celebrações religiosas.
Depois que retornei, fui informado que, numa tempestade, a cruz que estava no local caiu. Mas, a ermida com a Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt permanece até hoje bem firme. O incêndio que aconteceu na plataforma não atingiu a ermida, porque ela fica em um lugar mais alto, distante mais ou menos, 150 metros da plataforma.
O que o senhor espera que a Mãe de Deus realize a partir daquela ermida?
Veja bem, quando nós entronizamos a Mãe ali, havia pessoas de vários países que estavam ali a trabalho ou estudo. Já havia acontecido a Guerra das Malvinas e havia ali ingleses e argentinos. Mas, junto da ermida as pessoas se esqueciam de todos os conflitos que havia entre seus países e sabiam que ali era possível a ajuda mútua entre todos. Por exemplo, os chineses, da igreja do governo comunista, eles se esqueciam de todos os litígios políticos e ideológicos. Nós vivíamos em um clima fraterno e éramos bem acolhidos por todos. A presença do padre era bem acolhida em todas as plataformas.
Eu sempre atribuía tudo isso ao trabalho que a Mãe de Deus já estava realizando, a partir de sua ermida. De modo especial, no navio em que eu estava, o relacionamento entre as várias religiões e o entendimento era altamente harmonioso. Penso que a missão da Mãe e Rainha nessa ermida vai por ai. Ela é Mãe, é a mulher silenciosa, e penso que um dia no céu nós iremos saber de tudo o que ela realizou nos corações a partir dessa ermida.”
Agradecimento especial:
Ao Pe. Audinei por ter aceitado contar toda a história da entronização da Ermida, ao Coronel Johannes Gregoratto que mediou o contato com Dra. Paula, que se encontra atualmente na Antártida e generosamente fez as fotos da ermida (no dia 30 de junho de 2016) e nos enviou. Que a Mãe de Deus os abençoe!