O homem novo na nova comunidade é o ideal que Schoenstatt persegue. Este homem novo, por definição, é um homem livre, arraigado em uma comunidade.
Tanto do ponto de vista natural como sobrenatural, somos essencialmente um ser social. Desde nossa concepção, estamos atados e enraizados na comunidade. Literalmente, estamos no seio de quem nos concebeu. Ao nascer, somos inteiramente dependentes da comunidade que nos acolhe. Desenvolvemos e alcançamos nossa realização pessoal na medida em que entramos em comunhão com outras pessoas capazes de amar e necessitadas de amor como nós também o somos.
Como criaturas, feitas a semelhança do Deus Uno e Trino, Comunidade de Amor infinito, nunca seremos nós mesmos senão em comunidade. Esta realidade se faz mais profunda e radical desde o momento em que, pelo batismo, fomos incorporados em Jesus Cristo, e por ele passamos ser “familiares de Deus”, membros da Igreja, que é seu Corpo.
Esta vocação “relacional” ou comunitária do homem, sem dúvida, em nosso tempo sofre uma dura agonia. Cada dia, se manifesta com maior intensidade uma crise cultural onde o indivíduo converteu em um parafuso de máquina, um número anônimo dentro da massa, um fator de produção que é utilizado e, muitas vezes, ultrajado na sua dignidade.
Por outro lado, nunca a humanidade contou com tantos meios de comunicação, de todos os tipos, tão amplos, variados e sofisticados, como hoje o temos. Nunca estivemos mais pertos uns dos outros, mas, ao mesmo tempo, nunca estivemos interiormente tão distantes uns dos outros. O individualismo e a massificação são marcas características de nossa época. Estamos imersos numa sociedade possuída pela desejo de ter e dominada por um espírito de competência extraordinariamente poderoso, uma sociedade “despedaçada”, como a qualifica o Papa João Paulo II.
Pe. Kentenich afirma que, em nosso tempo, estamos sofrendo os estragos de uma bomba atômica mais daninha do a que destruiu Hiroshima. Se referia ao que denomina “a desintegração do organismo de vinculações” ou de relações inter-pessoais, tanto na ordem natural como sobrenatural. Desintegração que hoje corrompe nossa convivência como uma praga. Corrompe a rede de vínculos de amor filial, fraternal, esponsal, familiar, comunitária e social. A rede que permite que uma pessoa se desenvolva, viva e trabalhe de modo sadio, quer dizer, em forma humana e fecunda, foi destruída de modo nunca visto antes.
Daí a tremenda solidão e vazio interior do homem contemporâneo. É um ser desarraigado, perdido no anonimato; psiquicamente desmantelado. Muitas vezes, rodeado de todo tipo de comodidades, em construções confortáveis e dotado de todo tipo de meios econômicos e técnicos, e, contudo, incapaz de manter um contato pessoal, ávido de compensações de ter e de gozar; buscando saciar, por todos os meios, sua sede de amor, o mais essencial que realiza o ser humano.
Para este tipo de homem, Schoenstatt quer dar resposta com uma busca decidida de comunhão e de solidariedade, tanto no plano natural como sobrenatural. Schoenstatt tem como programa, cultivar por todos os meios o organismo de vínculos pessoais queridos por Deus. Quer levar a viver em plenitude o chamado a ser um em Jesus Cristo, a saber-nos e sentir-nos membros uns dos outros, formando uma comunidade onde se supere o viver um contra o outro ou justaposto um ao outro. Ou o que é superior ou indiferente frente ao outro.
A nova comunidade conhece e cultiva a comunidade de corações, na família natural e no mundo do trabalho, onde, além das relações funcionais de produção, existe a valorização e a responsabilidade pessoal um pelo outro. Sua idéia é formar um novo tipo de comunidade onde um viva em, para e com o outro.
Pe. Kentenich, como prisioneiro no campo de concentração de Dachau, compôs uma oração na qual expressa o ideal da nova comunidade à que aspiramos:
“Conhece a terra tão terna e acolhedora,
que o eterno Amor construiu para si:
onde corações nobres pulsam unidos
e se suportam com alegria sacrifical;
onde, abrigados, mutuamente, se inflamam
e afluem para o coração de Deus;
onde brotam torrentes borbulhantes de amor,
para saciar a sede de amor do mundo?” (RC 600)
Gerar esta verdadeira “colônia do céu” aqui na terra: eis o que Schoenstatt pretende.