Legado e missão para todos os tempos
Ir. M. Neiva Pavlak – A 20 de agosto de 1949 nosso Pai e Fundador, Pe. José Kentenich, em uma de suas visitas ao Brasil, coroou a Mãe de Deus como Rainha da Filialidade Heróica no Santuário Tabor de Santa Maria/RS, o primeiro entre muitos edificados na “Terra de Santa Cruz”.
É muito importante entender o contexto histórico deste ato de coroação que o próprio Pe. Kentenich caracteriza como “um ato de gratidão filial, de alegre testemunho e de múltiplos pedidos”.
Ao mesmo tempo em que, no âmbito da Igreja, Pe. Kentenich enfrentava uma situação de incompreensões em relação à pedagogia e a espiritualidade de Schoenstatt, reconhece, com gratidão, tudo o que a Mãe e Rainha de Schoenstatt operou no Brasil desde a chegada dos primeiros ‘instrumentos’ enviados do Lar Original ao Brasil – as 12 Irmãs de Maria que aqui chegaram, em 1935.
Na oração que Pe. Kentenich faz no Santuário, diante da imagem da Mãe e Rainha, por assim dizer, abre seu coração filial e repleto de amor à sua Rainha da Aliança de Amor. Numa oração espontânea, já conhecida pelos schoenstatianos, que durou cerca de 20 minutos, reconhece as glórias que a Mãe revelou entre e em seus filhos e filhas do Brasil Tabor: “Formaste realmente um reino de glórias, um reino de pureza, um reino de amor, um reino de sabedoria, um reino de poder e da arte de educar!” Expressa sua confiança no poder educativo da Mãe de Deus e entrega-lhe o cuidado pela continuidade e o crescimento de Schoenstatt no Brasil.
Encantado com o modo de ser latino americano, especialmente pela alma do povo brasileiro, reconhece nele um ‘material do qual se pode esculpir santos’, isto é, um povo mariano e filial, aberto para Deus e o mundo sobrenatural, com uma religiosidade espontânea e popular.
Ao lado desses aspectos de luz, percebe também alguns aspectos de ‘sombra’ que ofuscam o brilho da santidade, ou seja, as limitações e defeitos próprios do tipo brasileiro: certa superficialidade e comodismo, também em relação à vida cristã, como também a tendência a encobrir a verdade, o popularmente chamado ‘jeitinho brasileiro’, que não é uma virtude!
Pe. Kentenich acolhe com muito amor o povo brasileiro, confia nele e entrega-o aos cuidados da Mãe e Rainha de Schoenstatt. A expressão de toda a sua confiança está numa afirmação de São Vicente Pallotti que Pe. Kentenich repetiu muitas vezes: “Ela é a grande missionária, Ela realizará milagres!”.
O grande milagre que ele espera que a Mãe de Deus opere em cada um de seus filhos é que nos tornemos filhos heróicos do Pai, a exemplo de Jesus.
Entregando a Coroa e o Cetro, insígnias reais, confere à Mãe o título de Rainha da Filialidade Heróica e, com este ato, confirma a missão de Schoenstatt no Brasil: viver a filialidade em Cristo, até o grau heróico, o que significa, ao mesmo tempo, viver a ‘santidade de todos os dias’. O dom da filialidade nos foi conferido pelo sacramento do Batismo e é o fundamento da espiritualidade cristã e por isso também é o elemento essencial da espiritualidade de Schoenstatt.