Segue o trecho da homilia do Pe. José Kentenich para a Comunidade Alemã de São Miguel, em Milwaukee/EUA, de 12 de abril de 1964:
A atuação de Jesus na Eucaristia
“O bom pastor conduz seu rebanho para bons pastos” (Ez 34, 14). Que aspecto tem esse bom pasto? Qual é a comida que Jesus oferece às suas ovelhinhas? Nós o sabemos. É sua própria carne e seu sangue. “Minha vida é o pão para a humanidade. Quem comer deste pão – assim diz Jesus com toda a clareza – viverá para sempre. O pão que eu hei de dar é minha carne para a vida do mundo” (Jo 6, 51).
O grande mistério: Ele promete a sua carne, seu corpo e sangue! Ele promete, devemos comê-lo, devemos saboreá-lo para termos vida. E ele repete: “Em verdade, em verdade eu vos digo, quem não comer da minha carne e não beber do meu sangue não terá a vida” (Jo 6, 53) – como tudo é dito de modo concreto! Que vida se entende aqui? É a vida do Filho de Deus em nós.
Jesus nos toma para ele
Evidentemente, a comida que deveríamos saborear tantas vezes quantas for possível para não morrermos é a Sagrada Eucaristia. Assim, o Bom Pastor cuida de seu rebanho.
Se quisermos examinar em detalhes o que isso quer dizer, que efeito essa comida tem, os teólogos nos dizem que deveríamos ler com mais atenção cada um dos símbolos, que sentido tem essa comida. Comermos e bebermos… o que significa isso?
Não importa o que comamos ou bebamos, a comida une-se à nossa vida. Há, portanto, uma unidade de vida que é assimilada à nossa natureza, à nossa própria vida. Na Sagrada Eucaristia há um processo semelhante, só que em ordem inversa. Aqui, nós é que somos assimilados, identificados e inseridos na vida de Jesus.
Profunda união
“Quem come minha carne e bebe meu sangue permanece em mim e eu nele” (Jo 6, 56). O que isso quer dizer? É uma profunda união que é aprofundada por meio da sagrada comunhão. “Permanece em mim, e eu nele”. União de vida, união de amor. E, mais uma vez, de outro lado: “Em verdade, em verdade eu vos digo, eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30). “Como eu vivo pelo Pai, assim, aquele que comer a minha carne viverá por mim” (Jo 6, 57). Jesus não pode exprimir de modo mais claro e mais clássico a misteriosa união a dois que existe entre ele e nós, que comungamos, que comemos a sua carne e bebemos o seu sangue.
E como se expressa essa misteriosa união?
O próprio Jesus certa vez tentou esclarecê-lo por uma parábola (Jo 15, 1-17). Conhecemos a imagem: “Eu sou a videira e vós sois os ramos”. Como a videira e os ramos estão unidos entre si? Numa misteriosa união a dois! Assim também nós estamos numa misteriosa união a dois com Jesus através da sagrada comunhão.
Mais uma vez: o que significa essa união?
Se assim estivermos unidos a Jesus, ele produzirá muitos frutos em nós. Se não estivermos unidos a ele – assim continua Jesus na parábola – seremos cortados e lançados ao fogo e então não produziremos frutos sobrenaturais.
Como é importante a profunda e misteriosa união entre nós e Jesus! O Pai purifica a videira para que produza mais frutos. Portanto, se nos é dado participar nos sofrimentos de Jesus, isto significa para nós uma purificação para que estejamos mais intimamente unidos à videira. É uma imagem que nos traz à consciência como é profunda essa misteriosa união de amor e de vida de que participamos através da sagrada comunhão.
Fonte: Pe. José Kentenich. Cristo minha vida – Textos escolhidos sobre Cristo. 1ª edição. Editora Pallotti, Santa Maria/RS: 1997.