Sua história, nossa história
Romulo e Márcia Romanato – Era 10 de setembro de 1950, uma tarde, final de formação realizada pela Ir. M. Teresinha Gobbo. Em novembro desse citado ano, o Papa Pio XII iria proclamar o Dogma da Assunção de Maria e pensando em preparar as famílias para receber tão belo presente, Ir. M. Teresinha convida três homens para rezar o terço nas casas. Para isso, lhes confia uma imagem de nossa Mãe e Rainha, que tinha um tamanho bem grande, cujo formato lembra um Santuário de Schoenstatt.
Entre eles estava João Luiz Pozzobon, casado, pai de muitos filhos. Ele aceita a missão, diz sim ao convite. Não fazia ideia de tão grande obra para a qual o bom Deus o chamava. Não imagina que esse sim o levaria à galeria dos heróis de Schoenstatt. Não imagina que a partir desse momento mais um santo de nossa Igreja começa a ser forjado, começa a ser moldado.
Sem ninguém imaginar, toma forma neste momento, neste sim assumido, um dos maiores meios de evangelização dos tempos modernos. Começa a Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt.
“Coloquei-me como um pequeno instrumento, como um menino. Que Ela me levasse aonde quisesse. Eu iria aonde Ela me indicasse, mesmo estando doente. Tudo o que Maria queira de mim, também o quero. Somente lhe peço uma ajuda, que me dê ‘uma mãozinha’”.
Completamos neste dia 10 de setembro, 72 anos do início deste fantástico trabalho apostólico. Naquela tarde, que poderia ser como tantas outras, são dados os primeiros passos de um longo caminhar de 140.000 km nos quais ele levou a Mãe em seus ombros, para famílias que moravam perto e depois muito longe. No decorrer dos próximos anos, se espalhou pelo Brasil este trabalho apostólico, por meio da visita da Mãe nas famílias, por meio das imagens peregrinas. Hoje já são mais de 200 mil imagens espalhadas por este imenso Brasil e por mais de cem países, onde sequer podemos supor. Para muitas famílias é o único laço com o sobrenatural, pois quando Ela chega e pelo menos neste dia, a família reza.
Falar dos milagres diários que a Campanha relata levaria meses, pois a cada visita se repete o encontro das montanhas da Judéia, entre Isabel e Maria, mas com um detalhe: este encontro não é mais com Maria grávida, mas sim com Maria Mãe. O Filho já não está em seu seio, mas em seu colo e mais ainda: Ele já é o Ressuscitado, o vencedor da Morte.
Da pequenez nasce um heroi
Falar do Sr. João é falar da mais pura simplicidade. Se a humildade desejasse ser pintada em forma humana, ele estaria entre as pinturas. Colocou-se a serviço, ultrapassando cada barreira, cada desafio, cada obstáculo. Desde esse dia, no qual disse “sim” à missão, até sua morte, 35 anos depois, jamais deixou de rezar o Terço em família. Depois de alguns anos, já não rezava mais um terço…. Eram quinze, todos os dias. Sua sede era de Aves Marias, era pronunciar o nome da Mãe e morreu com o nome dela nos lábios: “Mãe, já não posso mais….”.
Teve a oportunidade de ver e ouvir nosso Pai e Fundador, além de trocar com ele, cartas. Em uma das vindas do Padre José Kentenich, em Santa Maria/RS, escutou: “Quem se dispõe a ser o novo José Engling na América?”. No seu coração pensou: “serei eu!”
A sua ‘Mãe Peregrina’ não era simplesmente uma imagem, um objeto, mas representava a pessoa mesma de Maria. Prova disso não faltou: quando Sr. João viajava de ônibus, sempre comprava duas passagens: uma para ele e outra para a Mãe e Rainha. E, quando era necessário ceder o lugar a uma senhora ou pessoa idosa, era o seu lugar que cedia, nunca o da Mãe de Deus.
Uma Campanha apostólica, social, solidária
Podemos dizer que a Campanha tem ‘dois movimentos’: levar o Santuário às pessoas e também trazer as pessoas ao Santuário. Nesta via de dois caminhos está João sendo a referência, nos fazendo o sinal do caminho certo.
Apesar de ser um homem muito simples, a inteligência do Sr. João era aguçada. Nas suas andanças, em cada casa, ele percebia as angústias, as dificuldades e as necessidades de cada família. Tinha predileção pelas mais pobres, por aquelas que desejavam se libertar das suas mazelas, não apenas materiais, mas principalmente as espirituais. Muito organizado, anotava cada visita e as necessidades daquela família: se os seus membros trabalhavam, se frequentavam a escola, se a família participava da Igreja, se participavam dos sacramentos, a situação de cada filho. Por quê? A resposta é simples: arrumava um jeito de ajudá-las. Realizava assim, um trabalho catequético e pastoral junto às famílias.
Em 1952, fundou a Vila Nobre da Caridade, construindo uma pequena obra social que marcaria a vida de muitos necessitados. A Vila possuía catorze casas e cada uma recebeu o nome de uma flor. Desta forma se percebe a amplitude da Campanha da Mãe Peregrina fundada por João Luiz Pozzobon e seu principal objetivo: Evangelizar as famílias, com Maria, para que elas tenham um encontro pessoal com Cristo Jesus, mas sem esquecer-se da dimensão social, ajudando-as em todos os sentidos.
Sua base é a Aliança de Amor
Essa missão do Sr. João somente pôde ser vivida pela sua Aliança de Amor com a Mãe de Deus em toda a sua plenitude e sua vinculação ao Santuário e ao Pai e Fundador. João Pozzobon viveu todos os graus desta Aliança: da Carta Branca até à Consagração de José Engling. Sabia muito bem e desejava viver uma vida de heroismo. Aliás, a palavra ‘Herói’ se tornará para ele uma ‘bandeira e sinal de vitória’. Em 1950 ele escreve:
“Herói hoje. Só pronunciando esta palavra não temo mais nada. (…) Levarei a palavra herói até o fim da minha existência”.
Por isso, a cruz negra com o seu nome junto ao Santuário Tabor, é uma expressão justa dessa realidade. Sua relação com a Mãe de Deus era tão próxima que havia uma bi-unidade de vida entre ele e Maria, conforme relata o Irmão de Maria Germano Arendes:
“Tomei nota do dia em que ele fez a renovação da consagração: domingo 8 de dezembro de 1973. Naquela ocasião ele fez a entrega do livro da Campanha das Escolas. Ele estava no Santuário, ao lado esquerdo da mesa da comunhão. A Mãe Peregrina estava na frente, numa mesinha, a vela do lado dele. Ele começou, dizendo: Querida Mãe, depois de uma ‘forçada’ Campanha, nós os dois estamos aqui juntos no teu Santuário para fazer a entrega dos sacrifícios de toda a Campanha deste ano”.
Posso dizer que esta expressão ‘Nós os dois’ exprime toda a profundidade da Aliança de Amor. (…) ‘Nós os dois’, isto quer dizer, a Mãe e Ele estão agora voltados para o lar, o Santuário. (…) é uma profunda vivência de Aliança de Amor entre os dois, uma verdadeira união através das palavras “Nós os dois”. Logo, aqui, não há somente ideia de Aliança, o que existe é vida de Aliança. Ele vivia esta Aliança nas pequenas coisas, diariamente.
Essa é a história de um “Santo” e de um apostolado simples, mas eficaz, que jamais desejou ser nada além de um simples instrumento da Mãe de Deus.
Foi graças ao senhor
Somos filhos espirituais de João Pozzobon. Aliás, foi por ele que entramos na Obra de Schoenstatt, na Celebração do Jubileu de 50 anos da Campanha. Fomos convidados a participar de um evento no Ginásio de Esportes da cidade de Jundiaí/SP, que estaria lotado com 8.000 participantes. Fui convidado para, na encenação da vida dele, representar o próprio João. O convite veio da Paróquia que participávamos, do Pe. Elói, que aliás, tinha conhecido pessoalmente Pozzobon.
Jamais havia ouvido falar do Sr. João. Nos meses que antecederam a festa, fui presenteado com o livro 140.000 km com a Virgem (URIBURU. Esteban J., 140.000 Km a caminho com a Virgem,1985), pela Irmã assessora da Campanha na cidade. Em cada leitura e em cada ensaio me apaixonava cada vez mais pelo Sr. João. Decidi desistir, porque pensei: não sou digno de desatar-lhe as sandálias. Entretanto o bom Deus assim o quis – ninguém é digno, me disse o Padre.
E desde este dia somos schoenstattianos, kentenichinianos, pozzobonianos e unionistas. Depois do evento ganhei um lindo quadro do Sr. João, que está em nosso quarto, que eu contemplo todos os dias, que me inspira a querer ajudar alguém, seja aonde for, do jeito que for. Dom Amauri Castanho, Bispo na época, que presidiu aquela celebração, me chamava de Pozzobon desde então. Eu respondia sempre: “quem me dera!”.
Por tudo e por todos: muito obrigado!!!
Obrigado João, pelo seu testemunho. Obrigado João pela sua vida e pela Campanha que nos deixou. Se um dia chegar ao céu, quero lhe dar um forte abraço e dizer-lhe: foi por sua intercessão que cheguei aqui.
Parabéns a todos os que se esforçam cotidianamente neste lindo trabalho. Parabéns pelos 65 anos desta “esforçada Campanha”. Parabéns para todos os missionários e missionárias deste nosso tempo, difícil, de pessoas que caminham sem direção, mas que olhando pra ti, enxergam o rosto da Mãe, que lhes dirige um olhar materno, de ternura.
O mundo e o nosso Movimento, precisam de novos Joãos…..nas mãos de nossa Mãe. QUEM DESEJA SER?
Interceda por nós Sr. João e ajuda-nos a viver nossa missão. Com simplicidade e eficácia.
Fonte: uniaodefamilias.com.br
Bibliografia:
FÁVERO, Ir. M. Rosequiel. A missão original de João Luiz Pozzobon, participação da missão do Pe. José Kentenich – Palestra no Centenário de nascimento de JLP – 2003 – Santa Maria/RS.
JOÃO LUIZ POZZOBON – Biografia – site www.maeperegrina.org.br/campanha/pozzobon/biografia
SCHOENSTATT, Irmãs de Maria de. Histórico da Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt, 2000, Berto Artes Gráficas
SCHOENSTATT, Irmãs de Maria de. Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt – Manual de Orientações Práticas, 2001, 9º ed., Berto Artes Gráficas•
URIBURU, Esteban J., Herói hoje, não amanhã,1991, Ed. Pallotti
URIBURU, Esteban J., 140.000 Km a caminho com a Virgem, 1985, Ed. Pallotti
João Pozzobon , primo do meu avô, Atílio POZZOBON.
Gratidão a ele pelo empenho RM divulgar NS dê SHOENSTAT