A vida renasce: Chegou a primavera!

Foto: Ir. M. Nilza

Ir. M. Nilza P. da Silva – O silêncio da manhã é preenchido por uma “orquestra” de passarinhos. Cada um com seu timbre entoa o canto ao criador. A natureza se reveste de verde, em todos os tons, e as plantas se enfeitam de flores. A primavera chegou!

“Não deixemos passar a flor da primavera!” (Sab 2, 7)

Nosso Fundador, Pe. José Kentenich, nos ensina que “o despertar da primavera sugere ao cristão a ressurreição da carne… (a natureza) no resplendor da florescência lhe traz à lembrança a formosura da alma na graça santificante… Quer onde esteja, quer aonde vá, o cristão se vê rodeado de pequenos profetas que murmuram palavras de Deus ao seu ouvido.”[1]

O sol se desperta e aquece o solo que faz germinar as sementes que permaneceram ocultas no inverno e no outono. As seivas dormentes nas raízes percorrem rapidamente os caules e explode em flores multicores, que amadurecerão em frutos.

A natureza é um convite para renovar nossa esperança e nosso entusiasmo na autoeducação, pois a graça divina vive em nós e está pronta para florescer e dar seus frutos. Temos uma jardineira que se aliou conosco com a força de seu amor e está pronta a nos ajudar no cultivo das virtudes que Deus coloca em nossa natureza.

Cristo é o Sol que traz a primavera

Jesus é retratado pela simbologia cristão como o Sol divino, pois é o centro em torno do qual gira toda a vida. Também porque, na descrição de sua imagem, durante a transfiguração no Monte Tabor, os apóstolos descrevem que “seu rosto brilhou como o sol.”(Mat 17, 2)

Nosso Pai e Fundador usa muitas vezes essa imagem e convida-nos a nos deixarmos iluminar pela luz desse Sol. Na inauguração do Santuário Tabor, em Santa Maria/RS, ele faz um paralelo com o espaço geográfico, nos quais há locais mais exposto à irradiação solar e diz: “Há lugares especiais na terra, onde o Sol realiza milagres e faz desabrochar as flores. A partir de hoje, um desses lugares magníficos, onde o Sol será maravilhoso, é este pequeno Santuário.”[2]

Maria, a mais nobre flor

Maria é descrita no apocalipse como “uma Mulher revestida do sol.” (Ap. 12, 1) Ela é toda imersa no Sol de Cristo. Por isso, as sementes da graça divina florescem em seu ser, em todo seu esplendor. Ela é a eterna primavera de Deus.

Rezamos no livro Rumo ao Céu: “Com imensa e indizível bondade, concedeste a Schoenstatt a mais nobre flor da humanidade. Dá-nos guardá-la no santuário do coração e levá-la corajosamente ao mundo.” (267)

Do Santuário, o Sol se irradia

Deixemos o despertar da primavera atuar em nossa alma, em nosso coração! Vamos ao Santuário, que “irradia em nosso tempo o esplendor e a glória do Sol do Tabor.”[3] Nossa vida diária em Aliança de Amor com a Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, estreita nosso vínculo com o grande Sol divino, Jesus, e, com nossa colaboração, faz florescer as virtudes divinas que recebemos, pelo batismo. Não sem razão, já em 1912, Pe. Kentenich diz aos seus alunos que “os santos são a fina flor da humanidade, personalidades íntegras, vigorosas, livres…”[4]

Foto: Ir. M. Nilza

Uma primavera de santidade para a Igreja e o mundo

A primavera de 1917 inspirou José Engling a acelerar seu esforço pela santidade. Mesmo não estando em Schoenstatt, pois fora convocado a serviço do exército, em plena guerra mundial, ele se vinculava ao Santuário da Mãe e Rainha, indo para Santuário de Marienthal. Ali ofereceu um ramalhete com mais de “mil flores,” que representavam seu esforço heroico para que as virtudes recebidas em seu batismo se tornassem ação. Escreve ele que, nessa primavera, “todo o cansaço se desfez, toda a paralisia espiritual desapareceu, a vida borbulha, e eu encontrei a volta!” Consequentemente, seu apostolado deu frutos e “os grupos cresceram quase por si.”[5]

Aqui no Brasil, 35 anos depois dessa primavera de José Engling, João Luiz Pozzobon, na primavera de 1952, também está sob o Sol de Cristo, e toma uma iniciativa que, até hoje, faz florescer a graça em muitos corações. “Uma família tinha recebido a visita da ʽPeregrinaʼ e um menino, feliz com a visita da Mãe de Deus, correu para buscar uma pequena soma de dinheiro que tinha guardado – presente de seus pais seus pais – e o entregou à Mãe e Rainha. Seu João ficou tão encantado com este gesto, que disse: ʽEntão, com este dinheirinho, vamos celebrar uma missa na intenção das famíliasʼ. E eles organizaram uma romaria ao Santuário, para celebrar uma Santa Missa com o dinheirinho desse menino. No ano seguinte, então, seu João pensou em organizar mais uma romaria. Como era o mês de setembro, mês da primavera, mês das flores, surgiu a ideia de chamá-la ʽRomaria da Primaveraʼ e de fazê-la com flores. Este foi o começo de uma série de romarias.”[6]

Esta romaria e toda atuação apostólica de João Pozzobon era o transbordar do cultivo de seu amor a Maria, pela qual ele se deixou cultivar e educar-se como santo. Ele mesmo diz que “queria ser uma andorinha: anuncia a primavera das graças do Santuário.” A cada ano renovava sua entrega à Mãe de Deus, “como uma sagrada Primavera. Ofereço-me como holocausto pela minha família e pela grandiosa missão que me foi confiada: a Grande Campanha… e o apostolado em geral.”[7]

Faça-se primavera em mim e em você

Quais serão os frutos da primavera deste ano? O que Deus deseja de cada um de nós? Rezemos e deixemos que atue em nós o Sol de Cristo, que a grande Jardineira divina, a partir de seu Santuário, receba diariamente o ramalhete das flores de nosso empenho pela santidade.

Rezemos com nosso Pai e Fundador:

“Pelos sagrados mistérios da Redenção, concede, Pai, encontrarmos graça diante de ti; que Schoenstatt floresça qual jardim de Deus e se amplie na Igreja do mundo inteiro, cultivado por nossa Senhora Três Vezes Admirável, como prado de sol da Trindade.”[8]