Quando o Pe. Alexandre escreveu esse texto, em 2016, ele era Diretor Nacional do Movimento, no Brasil. No entanto, seu conteúdo continua sendo atual. Por isso, chamamos de volta para as primeiras páginas do site, como um convite para a reflexão.
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Devemos optar, rezar e batalhar pela postura mais cristã! Os “achismos” não são suficientes!
Pe. Alexandre Awi Mello – Nem “conservador”, nem “progressista”. Simplesmente Igreja. Entre nós há alguns “conservadores” e “progressistas”, como também os há na Igreja. Felizmente a rica pluralidade de opiniões e tendências dentro da própria Igreja encontra lugar em nosso Movimento. Não abominamos nem a Teologia da Libertação nem a missa em latim, pois a Igreja também não o faz. Quem achar que ela o faz, deve buscar conhecer melhor as posturas oficiais da Igreja. Há alguns em nosso Movimento que simpatizam com a Teologia da Libertação e há quem simpatize com a missa em latim, só para citar alguns exemplos do que normalmente se considera com esses rótulos de “progressista” ou “conservador”, respectivamente. Se algo é acolhido legitimamente pela Igreja, também pode ser acolhido por nós.
Não somos nem de direita, nem de esquerda e nem mesmo de centro. Somos de Igreja, e esta não tem posição partidária. Em temas sociais nossa bandeira é a Doutrina Social da Igreja. Em temas doutrinais, o Catecismo da Igreja Católica. Em temas litúrgicos, as orientações da Congregação para a Disciplina dos Sacramentos. E em nossa pastoral nos deixamos orientar pela CNBB, a legítima representante da colegialidade dos nossos bispos no Brasil.
Às vezes dá a impressão que as pessoas mais “conservadoras” (ou mais “de direita”) só se preocupam com os temas de moral sexual e da vida (aborto, ideologia de gênero, eutanásia, matrimônio e família, etc.) e as mais “progressistas” (ou mais “de esquerda”), com os temas de moral social (pobreza, ecologia, direitos do trabalhador, defesa dos marginalizados, etc.). A Igreja, porém, se ocupa de ambas as realidades, pois sabe que uma não é mais importante que a outra. Seria incoerente para um cristão lutar contra o aborto, mas defender a pena de morte; ou lutar pela ecologia, mas apoiar a ideologia de gênero! Observemos as posturas do Papa Francisco, por exemplo: lança uma “encíclica ecológica”, condena o sistema financeiro vigente na sociedade, mas também se opõe ao aborto e à ideologia de gênero! A imoralidade sexual não é maior que a imoralidade social em que vivemos, nem vice-versa. Embora muita gente pense que sim… Ou observemos também o nosso Fundador que, por exemplo, denunciou tanto uma “cultura unissex” (que descaracteriza o específico do homem e da mulher) quanto a “injustiça social” (condenando tanto o capitalismo selvagem quanto o marxismo, que ele chamava de bolchevismo).
Jesus Cristo tem uma mensagem de alegria e salvação para todas as situações da vida do homem, seja no âmbito pessoal ou comunitário. Por isso a CNBB, por exemplo, emitiu notas oficiais tanto contra a ideologia de gênero (o que poderia parecer “conservador”) como contra a redução da maioridade penal (o que poderia parecer “progressista”). A Igreja, graças a Deus, não se deixa rotular nem enquadrar nessas categorias! Sua única fidelidade deve ser a Jesus Cristo e não a ideologias políticas ou partidárias.
Precisamos refletir tanto sobre os temas de moral sexual quanto sobre os de moral social. Devemos optar, rezar e batalhar pela postura mais cristã! Os “achismos” não são suficientes! (“Eu acho isso…” ou “eu acho aquilo…”) A pergunta é: “O que Jesus Cristo acha?!” A Fé Prática na Divina Providência – própria da espiritualidade de Schoenstatt – nos ensina a perguntar sempre: qual é a vontade de Deus neste tema?! O que faria Jesus Cristo, a Mãe de Deus ou o nosso Pai Fundador se tivesse que tomar postura sobre este assunto? E para ajudar na reflexão, em primeiro lugar, precisamos escutar a voz da Igreja.
Afinal, acreditamos que ela tem uma especial assistência do Espírito Santo! Ainda mais quando se manifesta colegialmente: seja num concílio, numa Conferência Episcopal ou na pessoa do Papa (que fala como cabeça do colégio episcopal). Uma prova recente, permanecendo nos exemplos mencionados, foram as notas emitidas pela CNBB. Sinceramente não tenho dúvidas de que, se o deixassem legislar no Brasil, Jesus Cristo optaria tanto contra a ideologia de gênero quanto contra a redução da maioridade penal! Agradeço aos nossos bispos por nos iluminarem de forma tão acertada. Independentemente dos resultados parciais das votações, esta continua sendo a postura da nossa Igreja. Suponho que os cristãos que pensam diferente têm motivos suficientes para justificar sua postura diante do próprio Cristo. Podem dissentir, mas que o façam com a plena convicção de que é realmente o Espírito Santo que os está inspirando!
De fato, pessoas individualmente podem não estar de acordo com alguma orientação da Igreja, seja no âmbito social, doutrinal, litúrgico ou pastoral (desde que não se trate de um dogma de fé). A liberdade de consciência também faz parte da doutrina da Igreja! Contudo nossa postura não será divergente da postura da Igreja. E isto vale em especial para aqueles que ocupam posições de liderança dentro de nossa Obra.
Em Schoenstatt valorizamos muito a liberdade. A legítima liberdade de consciência e de expressão deve estar acompanhada, porém, de uma adequada formação da nossa consciência. Por isso, além da busca de conhecimentos verdadeiros no âmbito científico, político, econômico e social, nos deixamos iluminar decisivamente pelos posicionamentos da Igreja. Em especial nossos líderes e dirigentes precisam pensar nisso antes de postar suas opiniões nas redes sociais, pois muitas vezes a postura de um dirigente é vista, em especial pelas pessoas que ele acompanha, como a opinião do Movimento e da Igreja!
E o motivo para tal atitude é simples: a fidelidade ao nosso Pai e Fundador. Afinal, o Pe. Kentenich, até mesmo em momentos de incompreensão e perseguição por parte da própria Igreja, em tudo seguiu suas orientações e pediu que em seu túmulo fosse gravada uma única frase: “Dilexit Ecclesiam!” (Amou a Igreja). Resumo da sua vida, esta continua sendo também a atitude de seus filhos. Nosso Fundador, por exemplo, acompanhou atentamente o Concílio Vaticano II. Percebeu inclusive que, em alguns aspectos, nosso carisma se havia adiantado ao Concílio. Acolheu plenamente suas decisões e prometeu ao Papa Paulo VI que Schoenstatt ajudaria na recepção e implantação dos impulsos do Vaticano II na vida da Igreja. E hoje nós, seus filhos, não queremos agir de forma diferente!
“Unidos ao Pai e Profeta” reza o início do lema da Família de Schoenstatt para este ano. Também nos embates sociais, políticos e ideológicos, que abundam nestes tempos, voltamos a repetir: “Contigo Pai, amamos a Igreja!”.
Texto adaptado com autorização do autor e da Central Nacional de Assessores do Movimento, fonte: jumasbrasil.com.br