“A Bíblia não foi escrita para uma humanidade genérica, mas para nós: para mim, para você, para homens e mulheres em carne e osso. Homens e mulheres que têm nome e sobrenome. Como eu e você” (Papa Francisco) [1]
Karen Bueno – “O que você perguntaria a Deus?” Essa questão é apresentada como pano de fundo para o desenrolar do filme “Entrevista com Deus”, produção lançada em 2018 nos Estados Unidos. Nele, um jovem repórter tem a oportunidade de conversar e entrevistar a Deus durante três encontros. Por meio dessa conversa o rapaz vai do ceticismo (será mesmo Deus?) a um diálogo que une conteúdos teológicos e temas que inquietam a humanidade. Avaliações positivas e negativas descrevem o longa-metragem e, gostando ou não do conteúdo, inevitavelmente quem o assiste se coloca no lugar do protagonista, imaginando: o que eu diria, o que eu perguntaria a Deus?
A ficção tem esse poder de descrever desejos e situações impensáveis.
Deus provavelmente não virá até nós para conceder uma entrevista ou uma conversa ao estilo “pingue-pongue”. Como saber o que ele quer nos dizer, então? Existem algumas formas para isso e a resposta mais óbvia e clara é a própria Bíblia. Neste livro Deus já deixou registradas as respostas para nossas possíveis perguntas. A Exortação Apostólica Verbum Domini diz que, pela Bíblia, “Deus escuta o homem e responde às suas perguntas”: “A Palavra divina introduz cada um de nós no diálogo com o Senhor: o Deus que fala, ensina-nos como podemos falar com Ele” (n. 24). E “neste diálogo com Deus, compreendemo-nos a nós mesmos e encontramos resposta para as perguntas mais profundas que habitam no nosso coração. […] Como é importante, para o nosso tempo, descobrir que só Deus responde à sede que está no coração de cada homem!” (n. 23).
Ler a Sagrada Escritura com o ouvido no coração de Deus e a mão no pulso do tempo
O Papa Francisco diz que “as palavras das Sagradas Escrituras não foram escritas para permanecerem presas nos papiros, nos pergaminhos ou no papel, mas para serem recebidas por uma pessoa que reza, fazendo-as brotar no próprio coração. A palavra de Deus chega ao coração” [2]. Veja aqui algumas dicas que o Papa traz para uma boa leitura da Bíblia.
Da mesma forma o Pe. José Kentenich orienta a fazer da Bíblia uma bússola para entender o querer de Deus em nossa vida: “Como reconhecemos a vontade do Pai? Podemos dizer: pela Sagrada Escritura, que lemos para saber o que Deus, nosso Pai, quer de nós. É a carta que o Pai nos enviou”.[3]
Cada pessoa pode se desafiar a ler um pouco mais da Bíblia dia a dia. De pouco em pouco, grandes milagres acontecem. “Um estudante, pessoa muito superficial, recebera uma Bíblia de um amigo. Não sabendo valorizar tal presente, quis atirá-lo fora, mas depois resolveu aproveitar suas páginas para fazer cigarros. Zombando, dizia ele: ‘Vou transformar a palavra de Deus em fumaça!’ Assim ia queimando página por página. O Evangelho de São Mateus, o de São Marcos, o de São Lucas e uma parte do Evangelho de São João já se havia convertido em fumaça. Um dia, porém, teve a ideia de ler a página que ia queimar e acertou justamente com o capítulo 10 do Evangelho de São João no qual se lê: ‘Eu sou o bom Pastor. O bom Pastor dá a vida por suas ovelhas’. Isto o comoveu profundamente. Continuou lendo mais. Seus olhos se abriram e desde aquele dia tornou-se outro homem” (história contada pelo Pe. José Kentenich no livro Santidade de Todos os Dias).
Essa passagem bíblica estava nas mãos do jovem, mas, ele não tinha o coração aberto e por isso também não tinha interesse. Mas, Deus não desistiu dele e, na última hora, o Espírito Santo venceu em seu coração. E se fosse diferente?
Peçamos à Mãe de Deus que nos ajude a termos o coração sempre aberto para a Palavra de Deus e que a busquemos na Sagrada Escritura. Então, a boa semente produzirá frutos por meio de nós!
[1] PAPA FRANCISCO. Audiência Geral, quarta-feira, 27 de janeiro de 2021.
[2] PAPA FRANCISCO. Audiência Geral, quarta-feira, 27 de janeiro de 2021.
[3] KENTENICH, Pe. José. Às Segundas-feiras ao Anoitecer – Diálogos com famílias. Vol 21 – Nossa vida à luz da fé. Sociedade Mãe e Rainha. 15 de maio de 1961.