A história de três pescadores que desapareceram.
Karen Bueno – Domingos Garcia, João Alves, Felipe Pedroso: Você reconhece esses nomes? Talvez soem familiar nesta época do ano, mas dificilmente virão à mente com clareza em outros períodos. Era o ano de 1717 quando esses três pescadores, humildes e persistentes, encontraram a imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida no Rio Paraíba do Sul. Com nomes e identidades comuns – que poderiam ser de tantos brasileiros – foram esses os que tiveram o privilégio de contemplar pela primeira vez a imagem da Padroeira desta terra.
Ao longo de quase 300 anos, esses homens, que protagonizaram um momento muito importante da história, praticamente desapareceram – poucas pessoas recordam de suas identidades. E aí está, justamente, a maior mensagem que eles nos trazem desde sua grande descoberta.
Para que o essencial se revele
O Papa Francisco comenta: “E Deus chegou de uma maneira nova, porque Deus é surpresa: uma imagem de barro frágil, escurecida pelas águas do rio, envelhecida também pelo tempo. Deus entra sempre nas vestes da pequenez”.
A Mãe Aparecida poderia revelar-se a qualquer pessoa, de qualquer canto do país e de qualquer classe social. Mas foi justamente entre o povo de vida e de coração simples que ela mostrou sua magnificência. Ao contemplar o milagre das águas, por um grande amor, os três tomaram para si a missão de tornar aquela senhora de barro, tão terna e misericordiosa, a senhora Aparecida, isto é, eles não a guardaram somente para eles mesmos, mas anunciaram o encontro da imagem.
Eles sumiram para que ela crescesse, para que ela aparecesse e fosse a Mãe de todo o povo brasileiro. Domingos, João e Felipe se viram como simples instrumentos, que estão a serviço da Mãe. Ao longo de suas vidas e da história, eles, que são personagens fundamentais, foram se tornando sempre mais “invisíveis” para que a Mãe de Deus resplandeça ainda mais: o brilho que ela reflete é o brilho que inunda seus corações.
“Penso nos pescadores que chamam seus vizinhos para verem o mistério da Virgem. Sem a simplicidade do seu comportamento, a nossa missão está fadada ao fracasso. Os pescadores cobrem o mistério da Virgem com o manto pobre da sua fé. Chamam os vizinhos para verem a beleza encontrada; eles se reúnem à volta dela; contam as suas penas em sua presença e lhe confiam as suas causas. Permitem, assim, que possam implementar-se as intenções de Deus: uma graça, depois a outra; uma graça que abre para outra; uma graça que prepara outra. Gradualmente Deus vai desdobrando a humildade misteriosa de sua força”, diz o Papa Francisco.
O exemplo dos pequenos
Hoje a Mãe de Deus busca novos “pescadores” para continuar sua missão. Nós, singelos e insignificantes como somos, temos de levá-la ao mundo, tornando-a sempre mais “Aparecida”.
Estudando a vida de outro humilde instrumento da Mãe de Deus, o Diác. João Luiz Pozzobon, encontramos algumas pistas para um apostolado fecundo. João Pozzobon, assim como Domingos, João e Felipe, apresenta sete pistas para ser um singelo instrumento de Maria:
1º) Estar consciente de que tudo provém da graça de Deus
2º) Estar disponível
3º) Fazer tudo por amor. Não fazer nada por interesse, por dinheiro ou para aparecer-se
4º) Pontualidade
5º) Espírito de heroi: Para um apostolado fecundo, não basta ser um bom cristão, é preciso ser heroi
6º) Sacrifícios e renúncias. Sem fazer sacrifícios e renúncias o apostolado não vai longe
7º) Não deixar para amanhã o que se pode fazer hoje
Missionários: eis nossa identidade!
“Os pescadores que antes não tinham conseguido pescar nada, encheram as suas redes com uma quantidade abundante de peixes”, conta a história. Você provavelmente conhece alguém chamado João, Domingos ou Felipe. São nomes comuns, são nomes de brasileiros, são os nossos nomes que Maria chama para levá-la ao mundo. É preciso não desistir de lançar as redes e não desanimar quando a pesca foi apenas uma parte do esperado. Lança mais uma vez que o “pescado” vem por inteiro.
“Há muito para aprender nessa atitude dos pescadores. Uma Igreja que dá espaço ao mistério de Deus; uma Igreja que alberga de tal modo em si mesma esse mistério, que ele possa encantar as pessoas, atraí-las. Somente a beleza de Deus pode atrair. O caminho de Deus é o encanto que atrai. Deus faz-se levar para casa. Ele desperta no homem o desejo de guardá-lo em sua própria vida, na própria casa, em seu coração. Ele desperta em nós o desejo de chamar os vizinhos, para dar-lhes a conhecer a sua beleza. A missão nasce precisamente dessa fascinação divina, dessa maravilha do encontro. Falamos de missão, de Igreja missionária. Penso nos pescadores que chamam seus vizinhos para verem o mistério da Virgem. Sem a simplicidade do seu comportamento, a nossa missão está fadada ao fracasso” (Papa Francisco).
Para saber mais sobre a história de Nossa Senhora Aparecida clique: a12.com
*As dicas para o apostolado fecundo foram apresentadas durante o Congresso Latino Americano da Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt
*As palavras do Papa foram dirigidas ao Bispos do Brasil, em seu encontro com eles durante a JMJ 2013.