Obra chamava-se “Refúgio dos Pecadores” e chegou ao Santuário em abril de 1915
Jaqueline Montoya – Diferente do que você pode imaginar, em 18 de outubro de 1914, o Santuário de Schoenstatt ainda não possuía um altar ornamentado, com imagens e o quadro da Mãe com Jesus nos braços. A “capelinha”, como era chamada à época, ainda receberia muitas mudanças até ser conhecida como vemos hoje. Dentre as principais: ainda estava por vir a imagem principal que hoje conhecemos e veneramos como Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt.
A chegada da Mãe
Com o desenvolvimento da Congregação Mariana [grupo formado pelos jovens seminaristas sob a orientação do Pe. José Kentenich], veio também o desejo de adquirir uma imagem ou estátua de Maria para ser colocada na capelinha. A falta de recursos, porém os impedia.
Ao saber desta vontade dos jovens, Pe. Kentenich comentou sobre o assunto com outro sacerdote do colégio, Pe. Eugene Huggle. Pe. Huggle, um padre suíço e inicialmente um Jesuíta, tinha visto um quadro de Maria numa loja de antiguidades em Freiburg, no sudoeste da Alemanha, numa das suas viagens da Suíça para Schoenstatt. Após a conversa, decide presentear os jovens com a imagem.
O quadro chega a Vallendar em 2 de abril, uma sexta-feira santa. Dois irmãos palotinos, Irmão Joseph e Irmão Christian, foram buscar o caixote. Como era feriado, o guarda da estação dos comboios não queria entregá-lo até segunda-feira, mas, após alguns esforços, a perseverança do Irmão Joseph acabou por vencer. Por fim, os dois irmãos trouxeram o quadro para Schoenstatt numa pequena carroça. O mais certo é que o quadro tenha sido pendurado no Santuário no primeiro aniversário da fundação da congregação, em 11 de abril de 1915, no Domingo da Misericórdia (primeiro domingo após a Páscoa).
Refúgio dos pecadores
Mais tarde, descobriram que o título original da obra era Refugium Peccatorum (Refúgio dos Pecadores), pintada por Luigi Crosio (1835-1915), um artista italiano. O presente não caiu no gosto de todos logo de cara. Relatos da época demonstram certa insatisfação. Os rapazes achavam a obra por demais “italiana”, a suavidade das feições e as cores não os impressionaram logo. Pouco tempo depois, porém, os mesmos jovens já não queriam outra imagem.
O próprio Pe. José Kentenich comenta “Aproveitei a oportunidade para receber [….] e atribuir a esta imagem tudo o que tinha para dizer sobre Nossa Senhora. E, desta forma, [os rapazes] foram associando gradualmente os seus sentimentos pessoais e interiores a esta imagem”.
Um olhar que atrai e acolhe
Com o passar dos anos, a imagem recebeu o título de Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, hoje não é possível pensar em Schoenstatt sem logo nos lembrar da figura da Mãe com Jesus.
Maria, unida intimamente a seu filho na obra, nos acolhe com seu olhar. Nos convida a chegarmos a seu Santuário e ali entregarmos tudo o que se passa em nossos corações. Quantas vezes não nos bastou apenas aquele olhar para acalmar e aquietar a alma turbulenta?
Uma imagem que inspira
Com o passar dos anos, não faltou inspiração para se referir ao quadro. A figura inicialmente rejeitada tornou-se amada. Veja uma explicação completa sobre cada detalhe do quadro. Também não são poucos os compositores que, inspirados naquele olhar da Mãe, traduziram em músicas a beleza do quadro. Para quem gosta, ficam algumas sugestões destas canções (em português e em espanhol):
Vem, Maria, com tua cor
(Filipe Araújo, seminarista dos Padres de Schoenstatt)
La de Siempre
(Pe. Manuel Lopéz Naón, Instituto dos Padres de Schoenstatt)
En tus Ojos
(Pe. Federico Piedrabuena, Instituto dos Padres de Schoenstatt)
Referência Bibliográfica:
Heroes de Fuego, Pe. Jonathan Niehaus, Editora Patris