No Dia de Todos os Santos, vamos conhecer quem são os filhos de Schoenstatt já beatificados pela Igreja. Atualmente há três sacerdotes do Movimento, reconhecidos pela Congregação para a Causa dos Santos, que deram um autêntico testemunho de fidelidade e amor a Cristo em meio à guerra. Pe. Carlos Leisner, Pe. Gerhard Hirschfelder e Pe. Alois Andritzki passaram pelo campo de concentração de Dachau – onde também esteve o fundador de Schoenstatt, Pe. José Kentenich – e fizeram desse “inferno” um pedacinho do céu.
Conheça um pouco de suas histórias:
Pe. Carlos Leisner
Pe. Carlos Leisner é o primeiro membro do Movimento Apostólico de Schoenstatt a ser beatificado. Ele nasceu em 28 de fevereiro de 1915, em Rees/Alemanha, e iniciou os estudos de Teologia no Seminário de Münster, no ano de 1934. Leisner se torna, nessa época, dirigente da Juventude Masculina de Schoenstatt na Diocese de Münster.
Com uma personalidade marcante, tinha uma forte liderança entre os jovens. Sua vivência cristã livre e autêntica incomodava o governo nazista, que o via como um perigo ao seu regime. Justamente por desafiar o governo, em 1939 é obrigado a servir no exército de Hitler. É nessa época que contrai tuberculose e os maus tratos e as péssimas condições de serviço agravaram a situação.
Mesmo doente, Leisner foi enviado como prisioneiro ao campo de concentração de Dachau – o mesmo que o Pe. Kentenich ficou preso – e lá conviveu com outros sacerdotes schoenstattianos, seguindo com a vida de Aliança de Amor.
Já com a saúde bastante debilitada, teve seu grande desejo atendido em 17 de dezembro de 1944, quando foi ordenado sacerdote em Dachau. Esta foi a primeira e única ordenação sacerdotal clandestina, na história da Igreja, de um seminarista a ponto de morrer. A ordenação foi presidida pelo Bispo de Clermont-Ferrand/França, Dom Gabriel Piguet, com a presença do Pai e Fundador de Schoenstatt. Logo após o Natal, no dia 26 de dezembro, Pe. Leisner celebra sua primeira e única Santa Missa.
Com a saúde debilitada, os nazistas temiam que Carlos Leisner falecesse no campo de concentração e fosse proclamado heroi pela juventude. É por isso que, no começo de 1945, foi liberado de Dachau. Ele passou suas últimas semanas no Hospital de Planegg, em Munique, e faleceu no dia 12 de agosto de 1945. A última frase de seu diário dizia: “Abençoai, oh Senhor, também os meus inimigos!”
Em 23 de junho de 1996, com o Estádio Olímpico de Berlim lotado, São João Paulo II beatificou Pe. Carlos Leisner.
Pe. Gerhard Hirschfelder
O Beato Gerhard Hirschfelder nasceu em 17 de fevereiro de 1907, no condado de Glatz, em Silesia, na Polônia. Foi ordenado sacerdote em 1932 e até 1939 atuou como capelão em Grenzeck (Tscherbeney). Também foi capelão maior em Habelschwerdt e responsável pela Pastoral da Juventude da diocese.
Percebendo o perigo da ideologia nazista e os efeitos de sua propaganda, empenha-se para manter a juventude distante dela. Pe. Hirschfelder conduzia os jovens com proximidade na direção espiritual e não se calava diante do perigo. Em suas homilias, denunciava com coragem os excessos e a violência desse período. A Gestapo (Polícia Secreta Nazista) reage aos seus discursos e em 1941, quando o padre participava de uma reunião com seus jovens, interrompe as atividades e o leva como prisioneiro.
Em 15 de dezembro de 1941, Pe. Gerhard Hirschfelder foi transferido para o campo de concentração de Dachau, onde participou do primeiro grupo de sacerdotes de Schoenstatt ali formado. É a espiritualidade de Schoenstatt que o prepara para o encontro definitivo com o Pai. Ele faleceu em 1º de agosto de 1942, devido aos maus tratos e a fome, que resultaram numa grave pneumonia.
Pe. Gerhard Hirschfelder foi beatificado no dia 19 de setembro de 2010 pelo arcebispo de Colônia, Cardeal Joaquim Meisner, na catedral de Munique/Alemanha. Foi proclamado beato como “mártir e testemunha da fé”.
Pe. Alois Andritzki
No dia 13 de junho de 2011 foi beatificado, em Dresden/Alemanha, o Pe. Alois Andritzki (1914-1943). O quarto entre seis irmãos, ele nasceu na cidade de Radibor, Diocese de Dresden. Seus dois irmãos mais velhos também eram sacerdotes e um deles participou de um retiro em Schoenstatt no início dos anos 30.
Alois Andritzki foi prisioneiro no campo de concentração de Dachau por “atividades conspiratórias” contra o regime nazista, especialmente entre os jovens. Segundo os registros históricos, era um padre muito vital, alegre e diligente. No cativeiro, ele divertia os companheiros prisioneiros com suas habilidades de acrobacia e, assim, era tido como uma figura excêntrica no chamado “inferno de Dachau”.
Pe. Alois foi enviado para o campo de concentração em 2 de outubro de 1941, depois preso pela polícia nazista, que o considerava “perigoso” para o regime de Hitler e seus seguidores. No campo, ele se juntou a um grupo de Schoenstatt, liderado por Pe. Josef Fischer e Pe. Heinz Dresbach. Cinco meses depois, o Pe. José Kentenich também chegou ao campo, sob a mesma acusação, dando formação permanente a esse grupo.
Pe. Alois Andritzki faleceu em Dachau, aos 28 anos, devido ao brutal tratamento recebido – provavelmente por uma injeção letal. Nessa época, Andritzki estava gravemente enfermo, com tifo, que havia contraído ali mesmo. Em sua beatificação, o bispo de Dresden-Meissen, Dom Joachim Friedrich Reinelt, disse: “Os ‘SS’ [nazistas] não conseguiram sufocar aquele tenro rebento. Ao contrário, ele encorajava os irmãos de sacerdócio com a simpatia, o humorismo, as acrobacias e o vigor juvenil”.
E você?
Atualmente há vários filhos de Schoenstatt com o processo de beatificação em andamento – podemos apontar, por exemplo, o Diác. João Luiz Pozzobon, a Ir. M. Emilie Engel, Mario Hiriart, José Engling, o sacerdote palotino Ricardo Henkes, Pe. Franz Reinisch, Pe. Hernán Alessandri Morandé e o próprio Pe. José Kentenich. Todos eles formam uma “coroa de santidade” para a Mãe e Rainha, a herança do fundador para a Igreja. Diante de tantas histórias inspiradoras, como pode ser nossa própria história pessoal? Quem serão os santos desta nova geração de Schoenstatt?
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