“Despido está o cerne de nossa alma, ante o olhar de nosso Senhor que um dia virá como juiz, congregar-nos para o julgamento do mundo. Livremente agora desprendemos o que ainda nos aprisiona; em Cristo, com espírito filial, nos doamos inteiramente a ti”
(Rumo ao Céu, preparação para a morte, 372-373)
Pe. Francisco José Lemes Gonçalves – Começo minha reflexão por uma dessas mensagens partilhadas nas redes sociais; certa vez, me enviaram uma reflexão dos C que estamos vivendo: C – covid 19 – C – Crise… C – cemitério… Às vezes encaminhamos essas coisas e nem fazemos um pequeno retiro diante delas. Simplesmente repassamos, talvez porque achamos bonito ou passamos a vista muito, muito rápido, pois o tempo urge!
Pois bem: O tempo da pandemia nos levou por muitas vezes ao cemitério, quantos viram pelos jornais e TVs, quantos tiveram essa experiência dentro da família e com pessoas muito próximas, quantos ainda estão de luto e com a incerteza que estes tempos estão a nos gerar.
Preste bem atenção a estes dois C: CREIO NA VIDA ETERNA e na COMUNHÃO DOS SANTOS.
Creio na vida eterna
Estamos neste mundo de passagem, sabemos, mas preferimos não nos ater a isso. Rezamos até no Creio depois da homilia ou no início da reza do terço…, mas não nos atemos a isso: afinal estou no mundo! Mas esta O tempo da pandemia, recém vivido, nos levou a pensar que a morte não é fantasia, é realidade! Jesus se fez homem justamente para que a Vida Eterna fosse de novo nos dada sua morte; abriu as portas que o pecado de nossos primeiros pais fechara. As mortes são um convite para nós cristãos professarmos a nossa fé na vida eterna e nela crer com todas as forças. Se ficamos, porque temos nosso tempo a ser cumprido, diante destas realidades vale aí um outro C: o da conversão!
Creio na comunhão dos santos
Crer na Comunhão dos Santos, aqueles que partiram e estão na comunhão dos Santos, dos santos que veneramos em nossas igrejas e dos santos que são as pessoas que amamos e um dia os levamos ao sepulcro. No céu há muitas moradas, já disse Jesus. Lá veremos Deus como ele é! Lá não haverá mais choro, nem dor, nem apegos desnecessários… seremos todos irmãos; como anjos, reinaremos para sempre. O apóstolo Paulo diz que nem imaginamos o que nos espera e muito maior do que as dificuldades que aqui passamos, estas, pelo contrário, nos ajudam a viver com fé e esperança neste mundo para ganhar a Vida eterna com as chaves do amor vivido para com o próximo.
Podemos e devemos sim rezar pelos nossos entes queridos, acender uma vela por eles, como sinal do Ressuscitado, pois é nesta luz que eles e nós estaremos. Pode acender também em casa, cristão católico não pode e nem deve ser supersticioso, afinal, a vela que acendemos é por alguém que amamos, para que temer?!
Viva bem seu dia de Finados na saudade que ainda aperta o coração, mas fazendo boa memória do bem que tal ente querido tenha nos proporcionado em algum momento de nossa vida. E rezemos também por aqueles que nem serão lembrados neste dia. Rezar pelos fieis defuntos é uma obra de misericórdia!
Publicação original de 1 de novembro de 2020