A conversa, na Coluna Masculina deste mês, é sobre esporte e vida de Aliança
Pe. Heitor Morschel / Pe. Alexsandro Mello – Quando se fala em saúde, todos concordam e desejam ter uma vida saudável. Todavia, quando se fala da prática de exercícios físicos para manter uma vida saudável, há muitos que se justificam em não praticá-los: falta de tempo, periculosidade dos parques e praças, comodismo, sedentarismo e por aí vai. Cada um tem uma desculpa.
No dizer da Organização Mundial da Saúde (OMS) [1], “a atividade física é uma das formas de retardar o desenvolvimento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT)”. Bem verdade, quando falamos e observamos a quantidade de doenças causadas pelo sedentarismo em nossa sociedade. Da mesma forma a OMS “vem sensibilizando os diferentes países membros quanto à necessidade emergencial de modificar o estilo de vida sedentária e praticar atividade física regular, a fim de propor maior qualidade de vida” [2].
Fato mais agravante é quando a OMS analisa os dados de meninos e meninas de 11 a 17 anos. Chama atenção o fato de que “84% dos adolescentes nessa faixa etária são menos ativos do que deveriam” [3]. Os dados são de 2016 e analisam 1,6 milhões de jovens em 146 países. Talvez o grande fator que pode levar a esta realidade seja a “revolução digital” [4], também chamada de “Terceira Revolução Industrial”. A internet está cada vez mais presente na vida das pessoas, especialmente dos jovens e adolescentes. É uma nova geração com novas necessidades.
Hoje tem gol…
Ao tratarmos novamente da temática do esporte, analisando o povo brasileiro, percebemos a grande paixão nacional pelo futebol. O mesmo pode ser visto pela ótica do entretenimento e, até mesmo, pela competição entre partes. Como entretenimento, vimos milhares de pessoas ligadas aos jogos, seja pela ida aos estádios de futebol, ou ligados à televisão através de algum dos inúmeros canais de esporte.
Milhares de pessoas acompanhamos jogos das competições da “Libertadores da América” ou do “Brasileirão”. Amanhã começa a Copa do Mundo. São jogos que mexeram com os ânimos, com os nervos e com o coração de muitas pessoas, tanto no Brasil como no continente. Muitas emoções e lágrimas de alegria ou tristeza.
Aqui no Rio Grande do Sul, há uma prática que vem consolidando-se a cada dia: o “GRENAL da Amizade”, ou seja, na disputa clássica entre os maiores rivais do futebol gaúcho – Grêmio e Internacional – uma parte do estádio que sedia o jogo dispõem de um espaço comum, para que os torcedores rivais assistam aos jogos sentados lado a lado na mesma arquibancada em convivência harmoniosa. Usa-se até o chavão: “rivais sim, inimigos nunca!” Belo exemplo a ser seguido pelos demais times em todo o Brasil! Isto demonstra que o esporte, além de fazer bem para o corpo, também faz bem para a alma, pois pode ser um grande elo entre as pessoas.
O jogo disputado pelo nosso Fundador
Já nas Sagradas Escrituras percebemos a importância da prática do esporte associado à evangelização. O Apóstolo Paulo nos adverte que a vida do cristão é um grande combate e nos exorta: “combate o bom combate, conquista a vida eterna para a qual fostes chamados” (ITim 6,12). Para este duelo é necessário utilizar os instrumentos certos: “ponde-vos de pé e cingi os rins com a verdade, revesti-vos da couraça da justiça e calçai os pés com o zelo para propagar o Evangelho da paz, empunhando sempre o escudo da fé, com o qual podereis extinguir os dardos inflamados do Maligno. Tomai o capacete da salvação e a espada do Espírito que é a Palavra de Deus” (Ef 6,14-17). Certamente com estes meios seremos vitoriosos neste mundo e no outro!
Em conferência proferida no Centenário do Congresso de Hoerde, na Alemanha, em agosto passado, a Ir. M. Nurit Stosiek, ao comentar os bastidores que levaram ao Congresso de 1919, nos revelava algo interessante sobre outro jogo: “O acontecimento de Hoerde que hoje nos ocupa é a final de um jogo no qual o jovem Padre Kentenich ‘compete’ com o próprio Deus. Ele fala de uma ‘competição entre condução divina através da lei da porta aberta e docilidade humana’” [5]. Realmente, este jogo levou à criação e difusão de um Movimento presente no mundo inteiro. E, como no dizer de tão respeitada Irmã, “o jogo continua, sendo agora a nossa vez de atravessar portas e abrir novos espaços no sentido de nossa missão e em cooperação com nossos aliados celestes” [6]. Hoerde está mais vivo do que nunca e a competição continua em cada um de nós!
* Contribuição da União Apostólica dos Sacerdotes Diocesanos de Schoenstatt
Fotos: Jumas Jaraguá
Referências:
[1] Organização Mundial da Saúde: vale a pena ler o artigo disponível no endereço: http://www.saude.br/index.php/articles/84-atividade-fisica/229-recomendacoes-da-oms-dos-niveis-de-atividade-fisica-para-todas-as-faixas-etarias
[2] Idem
[3] Disponível em: https://globoesporte.globo.com/pr/puro-esporte/noticia/organizacao-mundial-de-saude-alerta-80-dos-adolescentes-nao-praticam-atividade-fisica.ghtml
[4] A Revolução Digital, também conhecida como a Terceira Revolução Industrial, refere-se aos processos associados à passagem da tecnologia eletrônica mecânica e analógica para a eletrônica digital, iniciada entre o final dos anos 1950 e o final dos anos 1970, com expansão do uso de computadores digitais e a constituição de arquivos digitais, processo que segue até os dias atuais.
[5] Vale a pena ver toda a Conferência, disponível em: https://www.schoenstatt.org.br/wp-content/uploads/2019/08/palestra-ir.-nurit.pdf?fbclid=IwAR2YlZIuwLPIUyqol44cHa8QPET8ydOQlefijRPopZpIGUoMnEeJpxEvGg4
[6] Idem
Publicado em 30 de novembro de 2019 e atualizado em 19 de novembro de 2022