O Pai e Fundador, Pe. José Kentenich, convida a contemplar e ‘saborear’ Deus agindo em nossa vida a todo momento:
Precisamos colocar a escada
Nós, schoenstattianos, damos preferência a um método de meditação singular. […] Devemos conceber os acontecimentos, os grandes e os pequenos, como uma catedral – é uma imagem – e no cume da torre dessa catedral está o Deus vivo, Deus Pai. O que devemos conseguir com a meditação? Devemos colocar a escada. Colocar a escada para a inteligência, colocar a escada para o coração! O que isso quer dizer? Vamos supor que tenha tido uma grande desilusão ou uma grande surpresa. Que devo fazer? Como em geral não consigo, atrás desses acontecimentos, ver a Deus, sentir sua mão de Pai, beijar sua mão de Pai, devemos retomar esses acontecimentos e refletir: aconteceu isto e mais aquilo. O que quis Deus dizer- me com isso? Colocar a escada para a inteligência iluminada pela fé, mas também para o coração. O coração se eleva, abraça a Deus, beija também a sua mão[1].
Quando vivemos da fé na Divina Providência?
A primeira resposta é: quando em todas as situações concretas de nossa vida, ouvimos um chamado de Deus. Ou melhor: em todas as situações da vida, da vida de cada um, também nos acontecimentos, devemos perceber um chamado de amor de Deus. E que resposta devemos dar? Uma resposta de amor. Por isso: o chamado de amor provoca uma resposta de amor.
Tudo é tão simples quando se vê o conjunto. Na vida prática isso pode ser imensamente difícil.
A mão de Deus nos toca
Uma segunda resposta vai no mesmo sentido. Ela responde ou trabalha com a mão de Deus. Primeiro com o chamado de Deus, a seguir com a mão de Deus. Em toda a parte sentir a mão de Deus!
Geralmente Deus não nos toca diretamente – digo geralmente. Muitas vezes Ele o faz também diretamente tocando-nos com sua mão. Então devem imaginar sua alma como um instrumento de cordas. E quem toca esse instrumento de cordas? Por meio de que? Deus o faz, Ele próprio, por meio de seus estímulos. Em geral não sabemos trabalhar com os estímulos de Deus… Em geral a mão de Deus nos toca através da mão humana, ou seja, não diretamente, mas por meio de outra pessoa ou coisa. E isso é de tanta importância que devemos levar conosco essa concepção de vida, essa atitude.
Deus pode usar luvas
Naturalmente, aqui tocamos um conjunto de pensamentos com os quais já nos ocupamos várias vezes. Pensem numa outra imagem, que já se nos tornou familiar: Deus que calçou as luvas. Podem ser luvas duras, luvas de ferro; podem ser luvas macias. Então como é a luva, de quem é essa luva? É uma mão humana que nos toca. Pode ser uma luva de ferro: são as pessoas que nos querem mal, talvez pessoas que nos difamam, pessoas que nos querem passar para trás economicamente. Os senhores devem dizer e ver tudo isso de modo concreto: é uma pessoa que eu conheço, que me quer fazer mal. Agora a nossa posição, sim, que posição tenho agora? O que agora me toca é só a luva de ferro, mas a mão, é a mão macia do Pai. Vejam, a mão humana pode causar-me dano, porém a mão do Pai quer dar-me algo de bom através disso. (…)
Não é ocaso, é sempre Deus
Aqui novamente faço uma observação sobre algo que geralmente não prestamos atenção. Se as pessoas são boas para conosco, achamos que isso é natural, não nos lembramos de Deus. Considerado à luz de Deus, à luz da fé, é sempre Deus que, de qualquer modo, nos toca! Por isso não é por acaso que aqui ou ali alguém é amável, vem ao meu encontro, ajuda-me, dá-me um conselho, e assim por diante. Do mesmo modo, se os negócios vão bem, se tenho um negócio que vai bem. Vejam, então também devemos aprender a referir tudo isso a Deus e agradecer-lhe por isso[2].
Fontes:
Pe. José Kentenich, Abrigado em Deus Pai – Textos escolhidos sobre Deus Pai. Instituto Secular dos Padres de Schoenstatt. Editora Pallotti. Santa Maria/RS: 1998.
[1] Pe. José Kentenich, conferência por ocasião de uma visita a Oberkirch, 3 de setembro de 1967.
[2] Pe. José Kentenich, Conferência para Famílias em Milwaukee/EUA, 5 de junho de 1962.
Publicação original: 16 de novembro de 2016