Hoje, 13 de março de 2023, faz 81 anos que o Pe. José Kentenich chegava ao Campo de Concentração de Dachau/Alemanha, ficando preso até abril de 1945. Um tempo de muito sofrimento, mas também muito fecundo para ele e para a Obra de Schoenstatt.
Recordemos a história…
Em março de 1942, precisamente no dia 11, o Pe. Kentenich foi levado ao campo de concentração. A viagem (que para muitos dos prisioneiros não tinha regresso) inicia-se na estação de Coblença. Juntamente com outros prisioneiros, o Pe. Kentenich esperou a sua vez de subir no trem que o levaria até Dachau. Os vagões eram de transporte de gado, de forma alguma apropriados para transportar pessoas.
Durante a viagem, o Pe. Kentenich teve como companheiros mais chegados o Dr. Hanz Carls, sacerdote e diretor da Cáritas, e um comunista que, cheio de angústia, não se afastava dele.
Em Wiesbaden (outra cidade alemã), tiveram que mudar de trem e foram algemados. Durante a viagem, não receberam coisa alguma para comer nem para beber e foram sempre vigiados de perto por soldados das SS, que eram acompanhados por cães.
Após dois dias de penosa e dura viagem, chegaram a Dachau no dia 13 de março de 1942, por sinal, uma sexta-feira.
Prisioneiro 29.392
A área do campo abrangia um retângulo de 144.000 metros quadrados (240×600). Estava todo cercado por um muro, iluminado à noite. Pela parte de dentro, existia uma cerca de arame farpado eletrificado e um fosso com água. Ao longo do muro, existiam oito torres de vigia, com três soldados em cada uma delas, armados com metralhadoras. Se alguém se aproximasse a oito metros do fosso, os guardas disparavam de imediato, sem aviso prévio.
Ao longo da avenida central erguiam-se as barracas, 17 de cada lado. Duas funcionavam como enfermarias, uma como cantina e outra como oficina. As restantes serviam de residências aos prisioneiros. Em cada barraca, que media 98×9 metros, viviam 208 prisioneiros, divididos por quatro compartimentos, ou seja, 52 prisioneiros por cada compartimento.
Chegando ao campo de concentração, os prisioneiros viam inscrito no portão de entrada a frase “Arbeit macht frei”, em alemão: ‘O trabalho liberta’. As formalidades de entrada demoravam várias horas. Já na chegada, os sacerdotes eram ridicularizados e se tornavam alvo de zombaria por parte dos soldados. Em seguida, passavam pela “seção política”, onde eram fotografados e recebiam o seu número de prisioneiro. Ao Pe. Kentenich coube o número 29392.
Um homem livre
Ao aperceber-se da grande tranquilidade e firmeza que demonstrava o Pai e Fundador, o chefe das SS resolveu tentar desequilibrá-lo. Gritou muito com ele, disse-lhe palavras grosseiras e fez-lhe muitas perguntas. Em troca, recebeu do Pe. Kentenich um olhar tranquilo e um sorriso cordial. Enfureceu-se ainda mais e fez menção de lhe bater, mas não chegou a fazê-lo.
Dois dias mais tarde, os dois encontraram-se e o chefe das SS, reconhecendo-o de imediato, mandou o Pe. Kentenich limpar-lhe a bicicleta. O Fundador lhe respondeu: “Sim, vou fazê-lo, não porque deva fazê-lo, mas sim porque, como homem livre, quero brindá-lo com esse serviço”. O chefe respondeu: “Não, não necessita fazer isso”. Em seguida, o Pe. Kentenich perguntou-lhe porque no dia da chegada lhe tinha gritado tanto e a resposta não podia ser mais esclarecedora: “Experimenta-se tudo para infundir medo”. Após essa conversa, o chefe levou o Pe. Kentenich para o seu gabinete e contou-lhe toda a sua vida.
Foram assim os dias iniciais da vida do Pe. Kentenich em Dachau, onde viveria momentos terríveis, mas onde conseguiu manter sempre uma fé inabalável, uma confiança sem limites na Mãe e onde serviu sempre de apoio a todos os que necessitavam.
Fonte: Schoenstatt Aveiro