Ir. M. Nilza P. da Silva / Nivaldo e Terezinha Abram* – Transcorre o ano de 1948, Pe. José Kentenich está no Brasil, em Santa Maria/RS, e acaba de participar da inauguração do Santuário Tabor. Na Alemanha, acontece uma grande jornada das famílias, na qual ele não pode estar presente e por isso, escreve uma carta, que se tornou o Documento de Fundação da Obra das Famílias de Schoenstatt.
Para quem e por que o Pe. Kentenich escreve essa carta?
O casal Abram, de Curitiba/PR, explica: No ano 1945, o Padre Kentenich nomeou o Padre Johannes Tick, sacerdote de Schoenstatt, para organizar e aprimorar toda a Obra das Famílias, a partir da Liga, União e Instituto. Padre Tick substituiu nessa função o Padre Eise, falecido em Dachau em 3 de setembro de 1942. Era costume, as famílias se reunirem em Schoenstatt para uma jornada na festa de Pentecostes. Em 15 de abril de 1948, estando em Santa Maria/RS o Padre Kentenich enviou uma mensagem endereçada ao Pe. Tick para este evento.
Porque ela é considerada o Documento de Fundação da Obra das Famílias?
Ela é considerada Documento de Fundação da Obra das Famílias porque contém os elementos básicos e essenciais para a missão e santificação da família. O Padre Kentenich se refere a esta carta dizendo:
“A Carta de Santa Maria encerra basicamente os princípios de preparação e realização do ato de 16 de julho de 1942, em Dachau e apresenta aquilo que queria dizer a Fritz Kühr (co-fundador) com mais detalhes, se a situação tivesse permitido e o tempo não fosse limitado.”
Qual a mensagem dessa carta para as famílias da atualidade?
O núcleo é: formar uma família à imagem da Sagrada Família de Nazaré. Sabemos dos desafios que vivemos, caracterizados pela desordem generalizada, mudança cultural, uma fé reduzida etc. Vivemos em meio a luzes e sombras. Não nos deixemos confundir: “a meta é formar um novo homem para uma nova sociedade”.
O centro da Família de Nazaré é Cristo e é este Cristo que devemos espelhar. Uma família, na força da Aliança de Amor e unida a Cristo poderá tornar mais santa esta sociedade e ajudar na formação de famílias autenticamente cristãs.
O que há de promessas da Mãe de Deus nessa carta?
De acordo com o que nosso Pai Fundador escreveu, ele relaciona a festa de Pentecostes com a importância e dignidade da Obra das Famílias. Para modelar e aperfeiçoar uma nova sociedade humana e um novo tipo de homem, Nossa Senhora concentra necessariamente todo seu poder de graças na criação e multiplicação de sólidas famílias schoenstattianas. Ele intuiu também que, se criarmos ilhas santas de famílias schoenstattianas, Nossa Senhora cumprirá as promessas que fizera no Documento de Fundação. Nossa Mãe é a grande suplicante das graças do Espírito Santo para que a família conheça, ame e viva a nova tarefa de vida oferecida por Deus
O que há de exigência para a colaboração humana?
Que levemos a imagem da Mãe de Deus para nossa casa e lhe demos um lugar de honra. Assim elas se transformarão em pequenos santuários. A exigência para nós é que sejamos “ilhas santas de famílias schoenstattianas”, unidas numa obra comum de famílias que busquemos forças para cumprir a moral familiar da Igreja. O caminho é a elaboração de uma ascese e pedagogia familiar próprias, para ser um reservatório para a renovação permanente dos demais ramos do Movimento.
Nosso Pai Fundador sempre respeitou a vida e a liberdade, porém, nos deixou princípios. Em nosso estilo de vida é que poderemos encontrar o caminho para aplicar esta ascese e pedagogia schoenstattiana. Por isso, precisamos ver quais são os valores que queremos garantir em nossas famílias, através de usos e costumes comprovados.
Confiamos que as graças deste jubileu nos tragam sempre mais forças e esperança para podermos ajudar a Mãe de Deus a salvar a família e a sociedade, através de nossa ação missionária.
Concluindo
Na Carta de Santa Maria, Pe. Kentenich traça o perfil daquilo que o Espírito Santo lhe revela sobre a Obra das Famílias de Schoenstatt, sua missão e apresenta os meios para que isso se realize. Para que cada família se torne, no meio do mundo, ilha que irradia o divino, semelhante a Família de Nazaré, é preciso que se una em torno da Mãe de Deus. Ela conduzirá cada um ao amor heróico a Cristo.
Quando descreve a família como ilha, de modo algum, Pe. Kentenich quer indicar a um grupo isolado de outros grupos. Mas, a uma comunidade sólida, que não se deixa abalar pelo mar agitado da realidade que a cerca.
Quis a Providência Divina que um documento de tal envergadura para toda a Obra, fosse escrita em nossa Pátria. Com isso, certamente, Deus quer demonstrar a cada família brasileira o quanto a ama e o quanto acredita em sua missão. Levemos a imagem da MTA para nossos lares e reunamos nossos familiares em torno a ela!
* O Sr Nivaldo e a Sra Teresinha pertencem ao Instituto de Famílias de Schoenstatt. Após esta entrevista, ele faleceu. Conservamos o nome dele, em homenagem de gratidão por tudo o que ele serviu a Obra de Famílias de Schoenstatt
Publicação original, 2016