“Ela quer um lugar no nosso coração” (Pe. Kentenich, sobre Fátima)
Karen Bueno – Mais do que vir até nós, ela fala a nossa língua. É em português que ela orienta e se comunica com os Pastorinhos e são essas mesmas palavras – ditas mês a mês em 1917 – que ela dirige a nós hoje, mais de cem anos depois, em nosso idioma. Vejamos a continuação da entrevista com o casal português João Monteiro e Joana Cardoso:
Há algo que o Pai e Fundador, Pe. José Kentenich, tenha nos dito sobre Fátima que é importante recordar?
Sim. O nosso Pai e Fundador interessou-se e escreveu e falou sobre Fátima. O mais significativo é um estudo em Dachau (1944), na carta a José (1952) e uma homilia em Milwaukee (1965).
Em Dachau o Pe. Kentenich nota que uma das semelhanças é a pequenez dos instrumentos e é muito significativo que a vidente Lúcia, anos mais tarde, refira também que “Nossa Senhora serve-se dos que não servem”. É muito importante não esquecer isso, e com a simplicidade de um instrumento que sabe que precisa de ajuda para continuar com alegria o trabalho apostólico que nos é pedido.
Especialmente em Milwaukee, o Pe. Kentenich realça que uma das particularidades das aparições de Fátima é que Nossa Senhora aponta para si própria – “ela quer um lugar no nosso coração”, refere o Pe. Kentenich. E que lugar é esse? Num mundo que já não reconhece Jesus Cristo, Maria vem como que dar à luz de novo ao Salvador.
Por último, o Pai e Fundador explica a importância central da consagração: “Devemos esforçar-nos por nos entregarmos totalmente ao Imaculado Coração de Maria […] O que significa o coração? Tem um duplo significado. Coração é, em primeiro lugar, o símbolo do amor, e depois, é também símbolo de toda a personalidade”.
Nesses momentos ele também reafirma a originalidade de Schoenstatt, como lugar de graças. A origem do mistério de Schoenstatt é a fé prática na Divina Providência e não uma aparição, há uma vinculação local ao Santuário, a uma imagem da Mãe Três Vezes Admirável e há também um desenvolvimento histórico original, como conhecemos na história de Schoenstatt.
– Veja algumas palavras do Fundador sobre Fátima
A Mãe de Deus entra em diálogo com um grupo de jovens seminaristas em Schoenstatt e com pequenas crianças em Fátima, sempre com pessoas muito novas. Qual o sentido disso?
Apesar de não podermos comparar os níveis de formação e de conhecimento do mundo que tinham os jovens de Schoenstatt e os Pastorinhos de Fátima – os Pastorinhos, por exemplo, pensavam ao início que a Rússia era uma pessoa por quem era preciso rezar muito –, há uma semelhança muito grande e talvez a mais importante: é que nos dois casos estamos a falar de corações simples e generosos. Maria chama a si os corações que dizem sim. E nesse sentido, acrescentava que a Mãe de Deus entra em diálogo com pessoas que têm essa juventude interior, que têm essa simplicidade e generosidade, mas também a audácia, o dinamismo e a coragem próprios de quem é capaz de se abandonar nas mãos de Cristo. Eles, essas pessoas novas, foram os instrumentos daquele momento. Mas o “recado” é para nós todos, até o fim dos nossos dias.
De que forma nós, como Família de Schoenstatt, podemos responder aos pedidos da Mãe de Deus em Fátima?
Penso que temos de crescer na capacidade de perceber a coincidência das duas mensagens, não como um acaso, mas como um “mandato do Céu”. A divulgação da Aliança de Amor, da cultura de Aliança, por meio da Campanha da Mãe Peregrina e de tantos outros projetos é a resposta que temos de dar. Mas temos de fazê-lo com a clara noção do objetivo último – que os corações se entreguem ao Coração de Maria. O resultado disso são corações firmes, livres e apostólicos. O resultado disso é o homem novo na nova comunidade. O resultado disso é o triunfo do Imaculado Coração de Maria, como era o desejo de Jesus, segundo a Mãe disse em Fátima. Tudo para a maior glória do Pai.
Publicação de origem: maio de 2017