O homem: menino e pai
O ideal do homem, de acordo com sua natureza, é o seguinte: Puer et Pater (Filho e Pai). […] Ninguém pode ser pai se, ao mesmo tempo, não é um menino. Ideal da educação!
Ser Pai
Nossa missão é cuidar que Deus Pai seja reconhecido em toda a parte. Mas Deus Pai não poderá ser reconhecido em parte alguma, ao menos em um âmbito maior e de forma duradoura, se ao mesmo tempo o pai terreno, o pai natural, o pai carnal não for reconhecido na família, nela recebendo a posição que lhe compete, de acordo com o plano de Deus.
A paternidade do pai terrestre é, em primeiro lugar, expressão da paternidade de Deus. Em segundo lugar, é um meio para gravar no filho a paternidade de Deus. Finalmente, em terceiro lugar, é também uma contínua proteção da imagem do pai, da imagem do Pai celeste para os filhos, no decorrer de toda a sua vida.
Nós, como pais, não temos só a tarefa — agora vou exagerar um pouco — de trabalhar dia e noite por nossos filhos e filhas, para que tenham o que vestir, para que possam estudar. Isto ainda não é educação! A educação deveria iniciar-se propriamente quando voltamos para casa e gostaríamos de ir descansar! Vejam, o ideal do pai inclui em si uma porção de sacrifícios, uma dose de libertação interior do próprio ‘eu’. E como esse ideal é profundo e cheio de significado.
[…] Vejamos outras qualidades, propriedades do Pai Eterno. Quais são elas? Ele está presente em toda a parte! E eu, como pai, devo estar presente em toda a parte! Não dizer, portanto: Minha mulher cuida de tudo. Não dizer simplesmente: ganhando dinheiro, ganhando com fadiga, depois eu quero sossego. Onipresente! O que quer dizer isso? Os filhos estão sempre em minha mente, em meu coração. Educadores são amantes que nunca deixam o seu amor. Ser pai! Meus filhos vivem em meu coração, em minha mente! Onipresença! O que significa? Significa a total doação ao ‘tu’ de meus filhos. Então, não sou eu que estou em primeiro lugar no centro. Meus filhos é que estão no centro. Para isso eu existo. Não são os filhos que existem em primeiro lugar para mim, mas eu é que existo para meus filhos. Repetindo: Se quiserem encarnar esse ideal de pai não pensem que devam esperar até que o bom Deus lhes dê o primeiro filho.
Ser filho
Tu deves tornar-te, de modo perfeito, aquilo que em ti há de nobre e grande. Deves desenvolver as disposições naturais nobres que existem em ti. Torna-te o que és!
O sentido do ser homem é tornar-se filho, pois o tornar-se filho encarna, segundo nosso conceito, o ideal do ser homem.
E o sentido do tornar-se filho é a formação da figura do Homem-Deus em nós. São Paulo clama: “Já não sou eu, é Cristo que vive em mim!” (Gal 2, 20). Este é propriamente o sentido de toda a educação cristã: a formação da figura do Homem-Deus, do Unigênito em nós. O Homem-Deus, em seu ser filial, deve assumir figura, forma e vida em nós. Aqui se deveria introduzir toda a doutrina do Corpo Místico.
A filialidade é tanto um impulso da natureza como um impulso de Deus. O sentido do ser homem é tornar-se filho. O sentido do tornar-se filho é a formação da figura do Homem-Deus. Estamos, portanto, no início, o Homem-Deus, o Filho Unigênito de Deus, deve tomar forma e figura em nós. Tomar forma tanto pelo modo de ser como pelo modo de sentir.
* Reflexões do Pe. José Kentenich sobre o que ele chama de “ideal universal do homem: ser filho diante de Deus e pai diante dos homens”. Trechos retirados dos livros: “A Nova Imagem do Pai – Conferência aos homens, Schoenstatt – 18/Junho/1966” e “Ser filho diante de Deus – vol I”.
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