Viver a Aliança de Amor e ensinar os filhos por meio de nosso exemplo
Luiz Claudio e Mara Solange Dellaroza – Em nossa sociedade, vivemos a falta de valores cristãos autênticos. Com isso, vemos crescer em nossa volta a corrupção, sexualismo desenfreado, falta de moral e ética no atuar das pessoas. Nós e nossas famílias estamos inseridas nesta sociedade e somos diretamente afetados.
Vemos com isso concretizarem-se muitas das palavras proféticas do nosso Fundador, Pe. Kentenich, sobre os tempos modernos: “O problema do lar, em toda a sua amplitude e tal como nós o entendemos, constitui o problema da cultura de hoje, posto que a perda do lar é causa principal da atual crise cultural”. (1951)
O Papa João Paulo II, em Familiaris Consortio, analisa a influência do mundo sobre a família.
“Nos países do assim chamado Terceiro Mundo faltam muitas vezes às famílias os meios fundamentais para a sobrevivência, como o alimento, o trabalho, a habitação, os medicamentos, as mais elementares liberdades. Nos países mais ricos, pelo contrário, o bem-estar excessivo e a mentalidade consumista, paradoxalmente unida a certa angústia e incerteza sobre o futuro, roubam dos esposos a generosidade e a coragem de suscitarem novas vidas humanas: assim, a vida é muitas vezes entendida não como uma benção, mas como um perigo de que é preciso defender-se”.
Diante da negação de Deus pelo homem, a família tem sido constantemente agredida e abalada em sua missão. Ainda nessa encíclica, o querido Papa João Paulo II diz: “O matrimônio e a família dos cristãos edificam a Igreja: na família, de fato, a pessoa humana não só é gerada e progressivamente introduzida, mediante a educação, na comunidade humana, mas mediante a regeneração do batismo e a educação na fé, é introduzida também na família de Deus, que é a Igreja”. Assim, acolher a vida e formar em nossos filhos homens novos e cristãos autênticos é um constante desafio para os casais cristãos.
A Aliança de Amor, um meio pedagógico
O Movimento Apostólico de Schoenstatt oferece aos pais a Aliança de Amor como um meio valioso para formar em seus filhos, personalidades livres em Cristo. Mas, a Aliança de Amor somente se realiza a partir das ofertas ao Capital de Graças. Popularmente, poderíamos dizer que o Capital de Graças é um meio para atrair Maria aos nossos Santuários e fazer desses, fontes de graças. Entretanto, além deste sagrado objetivo, o Capital de Graças é também nosso meio de educação e santificação.
Assim podemos relembrar as exigências e promessas contidas no documento de fundação: “Povai primeiro que realmente me amais e tomais a sério os vossos propósitos… Esta (auto) santificação eu exijo de vós. Pelo fiel e fidelíssimo cumprimento do dever e por zelosa vida de oração… Adquiri muitos méritos e ponde-os à minha disposição.
Então de boa vontade estabelecer-me-ei em vosso meio distribuirei dons e graças em abundância, daqui atrairei a mim os corações juvenis e os educarei, transformando-os em instrumentos aptos em minhas mãos para empreender o movimento de renovação”. (Primeiro Documento de Fundação, 1914)
Pensemos nessas palavras aplicando-as na educação de nossos filhos
Quantos são os perigos a que estão expostos nossos jovens: falta de valores, baixa auto-estima, depressão, falta de vínculos, falta de limites, drogas, consumismo, sexualidade…. Mas, a Aliança de Amor pode ser a proteção e o escudo de Deus em suas vidas contra esses males.
“Não vos preocupeis com a realização de vossos desejos…eu amo os que me amam”. Os pais devem estruturar a educação de seus filhos, convictos desta promessa contida no documento de fundação.
Deem um lugar de honra para Maria
Na Carta de Santa Maria/RS, documento de Fundação da Obra das Famílias de Schoenstatt, Pe. Kentenich afirma: “Levem a imagem da Mãe de Deus e lhe deem um lugar de honra nos seus lares. Assim eles mesmos se tornarão pequenos santuários nos quais a imagem de graças se manifestará, atuará com seu poder de graças, criará uma santa terra de famílias e formará santos membros de família”. (1948)
Todas as vezes que as famílias agradecem a Deus, em seus Santuários lares, pelas bênçãos recebidas – como êxito profissional dos pais, sucesso nos estudos – estão colocando Deus como um de seus membros e participante de suas vidas, como um Pai celestial bom que cuida de nós e a quem devemos graças. Cada vez que ofertamos à Maria nossos erros, pequenez e sofrimentos, recebemos a paz do abrigo e a fortaleza para vencer, apesar das adversidades. Ensinamos a nossos filhos que a vida não é só prazer. Mas, é possível “vencer” o sofrimento, sendo felizes pelo cumprimento da vontade de Deus, que nos ama apesar de nossa pequenez, de nosso erro e da dor.
Educar pela auto educação
As tentações que massacram nossos filhos e também a nós são, segundo o Pe. José Kentenich, fruto da desordem dos instintos mais primitivos. Assim, pequenas ofertas de renúncias ao Capital de Graças podem ser o caminho para o equilíbrio destes instintos. Criar em nossos filhos atitudes de autocontrole, baseados em princípios cristãos e pessoais, certamente trará o amadurecimento de sua personalidade, necessário para vencerem as correntes atuais.
Renunciar a um doce e ofertar isso ao Capital de Graças, contemplando a Jesus, criará em seus corações um vínculo especial a Jesus e um sentido de co-responsabilidade pela Obra da Redenção, dando um sentido pessoal a Páscoa. Assim, toda vivência sacramental pode ser precedida por ofertas à Mãe, e a graça recebida não será simplesmente uma dádiva de Deus, mas também uma conquista pessoal. Isso os transformará em cristãos comprometidos com a conquista do reino de Deus aqui na terra.
Aliança de Amor vivida no dia a dia
A Aliança de Amor com a Mãe de Deus está vinculada também a uma “zelosa vida de oração”. Essa experiência em família dá aos filhos a vivência de um Deus próximo, amigo, presente. Falar com Maria e o Pai Celestial, diariamente, formará nos filhos os vínculos pessoais e sobrenaturais essenciais para o seu amadurecimento equilibrado.
Essa Aliança vivida em família, com ações concretas e vinculadas aos fatos do dia a dia, é um caminho pedagógico seguro na educação dos filhos. Os pais podem, por seus exemplos, demonstrar que “vale a pena” se auto educar e viver pelo ideal do homem novo e pela construção do reino de Cristo e Maria, para transformação das pessoas e da sociedade.
Publicação original, 2016