Não vamos falar sobre história, vamos falar sobre a presença da Mãe que sempre bate à nossa porta
Karen Bueno – Já se perguntou qual foi o ponto de partida que fez João Pozzobon vestir o terno todos os dias, por 35 anos, e sair pelas ruas e estradas com a Mãe Peregrina? Inspiração divina é, sem dúvida, a resposta mais acertada. Mas há também um fato em particular, na história da Igreja, que motivou o início da Campanha.
Em 1950 o Papa Pio XII anunciou a proclamação do dogma da Assunção de Maria ao Céu. O que esse dogma significa? Que ela, a Mãe de Deus, foi levada ao céu de corpo e alma após a morte.
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Na Doutrina Católica, o dogma é uma definição verdadeira feita sobre algum ponto essencial para a fé. Não se trata de uma verdade inventada ou imaginada pela Igreja, mas revelada por Deus. De uma maneira ainda mais direta, para o cristão católico, dogma é uma verdade absoluta, definitiva, infalível e inquestionável. Uma vez proclamado, o dogma não pode ser negado ou revogado, nem mesmo pelo Sumo Pontífice ou por algum Concílio. Aliás, de fato, isso nunca aconteceu na História da Igreja.
É importante ressaltar que a definição de um dogma não acontece de maneira rápida, equivocada, improvisada ou pouco pensada. Pelo contrário, a definição de um dogma requer um lento processo de amadurecimento entre a hierarquia eclesiástica e, principalmente, o povo de Deus. Portanto, como já fora mencionado, o dogma não é inventado, ou seja, a verdade que ele apresenta já existia. Com a definição do dogma, essa verdade se torna reconhecida e evidente a todos. (https://santuario.cancaonova.com/artigos-religiosos/o-que-sao-dogmas/)
Schoenstatt entra em ação
O Papa anunciou o Ano Santo de 1950 e convocou toda a Igreja para essa proclamação, que seria realizada numa cerimônia pública no Vaticano, no dia 1º de novembro.
Junto com a Igreja, o Movimento de Schoenstatt do Brasil se preparava cheio de entusiasmo para essa ocasião. Assim surgiu a ideia, em Santa Maria/RS, de enviar três imagens peregrinas para visitar as famílias, rezar o terço com elas e preparar a todos para a proclamação do dogma.
“10 de setembro de 1950. Durante esse dia de retiro, do qual participavam aproximadamente 100 homens, foram bentas, no Santuário, as três imagens grandes de Nossa Senhora de Schoenstatt. O Sr. João Luiz Pozzobon tinha ido, por um momento, à sua casa; ao regressar ao Santuário, a Ir. M. Teresinha Gobbo que, com outra Irmã de Maria e um grupo de jovens saíam dali, convidou-o a ir rezar o primeiro terço na casa de uma família. O Sr. João aceitou o convite e partiu com o grupo. A Irmã disse a ele: ‘Esta imagem ficará a seu cuidado. Não é preciso que reze o terço todas as noites. Apenas deverá cuidar que peregrine de casa em casa’. Quem poderia vislumbrar o que ali estava nascendo? O fato é que João Pozzobon aceitou o oferecimento: ‘Ela me confiou esta imagem, depositou em mim toda a sua confiança. Eu me senti responsável, e disse: vou rezar todas as noites o terço’” [1].
A Mãe sobe ao céu, mas não deixa de peregrinar na terra
Se 1950 é um Ano Santo por celebrar a subida de Maria ao céu, para Schoenstatt é um ano ainda mais especial, porque marca também a presença constante dela na terra: a Mãe foi elevada ao céu, mas continua peregrinando ao nosso lado, sempre junto dos filhos.
A teóloga Ir. M. Cassiana Jänisch acentua: “Com a Assunção de Maria ao céu, Ela continuou no coração e na vida do povo de Deus, expressão disso são os ícones que os artistas nos legaram. O amor e a confiança que temos na Mãe de Deus, faz com que Ela peregrine através de seus ícones junto às famílias”.
Por João Pozzobon, a partir da proclamação do Dogma da Assunção, a imagem da Mãe e Rainha de Schoenstatt tornou-se um dos ícones mais conhecidos no Brasil e em diversos países: “Maria continua a nos acompanhar e cumpre com fidelidade a missão que recebeu de seu Filho Jesus na cruz: Hoje, Jesus dirige-se novamente a sua Mãe e diz: ‘Mulher, eis aí o teu filho. E depois diz ao discípulo: Eis aí tua Mãe’ (Jo 19, 26-27). Em João vemos todas as famílias que abrem as portas de suas casas para acolher Maria como Mãe e Educadora. Em Maria vemos um coração de Mãe que vai novamente apressado peregrinar até as famílias para presenteá-las a alegria, a esperança e as graças de que necessitam para superar as dificuldades”, diz a Ir. M. Cassiana.
O Pe. José Kentenich acentua essa ideia, ao dizer: “Em 1950, Pio XII repete solenemente o ‘Ecce Mater tua’ ao dogmatizar a Assunção da Mãe de Deus ao céu em corpo e alma, apontando sua glória resplandecente junto ao trono de Deus no céu e encorajando à entrega total a ela”. [2]
Ao celebrar a Assunção de Maria, Schoenstatt recorda que a Mãe quer ter todos os filhos ao seu lado no céu, por isso ela parte ao encontro, para buscar um a um. Educando os corações, a Mãe os molda para que um dia possam todos estar junto dela, unidos num só coração, no Pai.
Referências
[1] Pe. Esteban Uriburu. Heroi hoje, não amanhã
[2] Pe. José Kentenich. Maria Mãe e Educadora. Primeiro sermão – A corrente de consagração na Igreja
Muito lindo esse movimento Mãe Rainha