“Assim como reproduzimos em nós as feições do homem terreno, precisamos reproduzir as feições do homem celestial” (São Paulo, 1ª Carta aos Coríntios 15, 49).
“Nós, porém, somos cidadãos do céu. É de lá que ansiosamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará nosso mísero corpo, tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de sujeitar a si toda criatura” (São Paulo, Carta aos Filipenses 3, 20-21).
Palestra do Pe. José Kentenich para membros das direções das comunidades de Schoenstatt (Roma, 30 de novembro de 1965):
Como era o rito originário do Batismo? Sabemos que o batismo era dado por submersão; o batizando era submergido na água e emergia novamente da água.
[…] Agora vejam: se o caráter sacramental do rito batismal expressa o seu efeito real, segundo Paulo, isso quer dizer: pelo Batismo participamos ontologicamente de Jesus sofredor, de Jesus agonizante. Por outro lado: emergido da água. Que recorda este sinal no cristianismo primitivo? A RESSURREIÇÃO E TRANSFIGURAÇÃO DE JESUS. […] Qual é o efeito? Participação não apenas da vida de Jesus sofredor e agonizante, mas igualmente da vida de Jesus transfigurado.
Vejam a grandeza do pensamento de Paulo, a forma como capta inteiramente a sensibilidade da sua época, como assimilou a concepção e as imagens de Jesus, para depois desenvolver – quase, poderíamos dizer, espontaneamente – um grande sistema prático e funcional.
É este o grande mistério, o fator decisivo: pelo batismo somos, realmente, unidos a Jesus. […] Tornamo-nos, verdadeiramente, a nível ontológico, de certo modo parte de Cristo, aliás, de Cristo em todas as suas dimensões.
Permitam que também repita o seguinte: ao longo de sua vida histórica, Jesus viveu consecutivamente a vida sofredora, a vida agonizante e a vida transfigurada no seu corpo. Nós somos inseridos ao mesmo tempo nas duas dimensões: participamos da vida sofredora, mas também da vida transfigurada de Jesus. Se a vida sofredora de Jesus foi condição de sua vida transfigurada, na minha vida concreta a participação do sofrimento de Jesus é, necessariamente, já agora, condição de minha participação da transfiguração.
O que dizemos sobre a Eucaristia representa certa coroação dessas verdades. Em cada santa missa repete-se e se aprofunda o fenômeno do Batismo: renovada e aprofundada participação da vida sofredora, mas também da vida transfigurada de Jesus! Não esqueçamos que a medida, o grau de participação da vida sofredora de Jesus determina, já agora, o grau de participação da vida transfigurada de Jesus, pelo menos na medida em que as faculdades do corpo transfigurado de Jesus são comunicadas à alma.
Rezemos, como nosso Pai e Fundador, o que aprendemos de São Paulo:
“Em tudo somos oprimidos, mas não sucumbimos. Vivemos em completa penúria, mas não desesperamos. Somos perseguidos, mas não ficamos desamparados. Somos abatidos, mas não somos destruídos. Trazemos sempre em nosso corpo os traços da morte de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nosso corpo. Estando embora vivos, somos a toda hora entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus apareça em nossa carne mortal. Assim em nós opera a morte e em vós a vida” (II Cor 4, 8-12).