“Sem a proteção obrigatória de um hábito, sem uma estreita comunidade e sem votos, procuramos assumir a vida só mediante a vinculação a um elevado ideal” (Pe. José Kentenich) [1]
Karen Bueno – Hoje, a Igreja celebra o dia da vida consagrada. Data em que podemos aprender mais sobre as comunidades de Schoenstatt que se enquadram neste perfil vocacional. Ao olhar para as comunidades schoenstattianas, uma característica marcante é que, em nossa Obra, não existem membros das “congregações religiosas” e os consagrados não fazem “votos religiosos”. O que existe, então?
As Uniões de Schoenstatt são comunidades que podem pertencer a ASSOCIAÇÃO DE LEIGOS e os Institutos Seculares fazem parte da VIDA CONSAGRADA.
Qual a diferença entre ser Congregação Religiosa ou membro da vida consagrada? Olhando para o Código de Direito Canônico, vemos que aqueles que pertencem às Congregações Religiosas da Igreja “assumem com VOTO PÚBLICO a observância dos três conselhos evangélicos [pobreza, obediência e castidade]” [2]. Ou seja, eles são obrigados, por meio deste voto, a viver esses três conselhos.
Já os membros dos Institutos Seculares Schoenstattianos pertencem ao que a Igreja define por vida consagrada, mas, não professam os votos, contudo os vivem por livre decisão, no espírito dos conselhos.
Por que não existem “votos públicos” em Schoenstatt?
Apesar de reconhecermos as grandes bênçãos que os votos representam, precisamos nos lembrar que um dos pilares mais importantes da nossa espiritualidade, desde sempre, é a liberdade. “Devemos ser caracteres livres. Deus não quer escravos de galera, mas remadores voluntários” [3], disse o Pe. José Kentenich já em 1912 para os jovens alunos do seminário.
Em 1926 o Pe. José Kentenich teve uma ideia ousada e muito avançada para o tempo que ele vivia: fundar uma comunidade que vivesse os conselhos evangélicos sem necessidade de fazerem votos, sem a obrigação de viver na mesma casa e sem a utilização obrigatória de um traje. Hoje isso é comum na vida da Igreja; você deve conhecer, por exemplo, algumas pessoas consagradas de “calça jeans” e que trabalham e agem “normalmente” no meio do mundo. No entanto, na década de 20 isso representava um revolução e tanto.
Por detrás dessa decisão do fundador de Schoenstatt “não está um menosprezo dos votos nem do estilo de vida das Ordens Religiosas Tradicionais, mas o desejo e a ideia de gerar uma comunidade ao serviço de um Movimento de leigos, que com seus vínculos e espiritualidade servisse de modelo para o cristianismo vivido no meio do mundo” [4].
Viver, em liberdade e de modo exemplar, os conselhos evangélicos
A Ir. M. Neiva Pavlak explica que “os Institutos Seculares de Schoenstatt foram fundados pelo Pe. José Kentenich para atuarem no meio do mundo, por isso o nome ‘seculares’. Na época em que foi fundado o primeiro Instituto – o das Irmãs de Maria – no ano de 1926, não havia na Igreja um espaço canônico para esse tipo de fundação. Por isso, fundá-lo foi uma ousadia do Pe. Kentenich, baseado na sua profunda fé na Divina Providência que o fazia antever as necessidades do tempo”.
Um novo estilo de vida, uma nova vocação, portanto, surgia na vida da Igreja: “Ele queria que os Institutos Seculares de Schoenstatt fossem um elo que unisse a vida conventual religiosa e a vida laical. Como os leigos católicos, de modo geral, não fazem votos solenes, assim, da mesma forma, os membros dos institutos não o fazem. Porém, aqueles que pertencem aos Institutos assumem generosa e livremente o compromisso de viver, de modo exemplar, os conselhos evangélicos da castidade, da pobreza e da obediência”.
Vale mencionar que os membros dos Institutos Seculares de Schoenstatt estão vinculados à comunidade por meio de um contrato jurídico e nas Uniões isto não acontece. Ambos configuram sua vida de acordo com os Conselhos Evangélicos, mas, no âmbito jurídico está a diferença principal entre esses dois círculos da Obra de Schoenstatt.
“À semelhança do matrimônio, a vida espiritual dos Institutos de Schoenstatt é garantida por uma aliança jurídica, que é um contrato de direito natural entre o instituto e o membro – o que equivaleria, fazendo uma comparação, ao ‘casamento civil’ – e uma consagração, uma Aliança de Amor com a Mãe e Rainha. Essa consagração inclui a dedicação total ao Deus Trino, segundo os conselhos evangélicos. Assim, o vínculo jurídico está indissoluvelmente unido à consagração a Deus. Essa entrega total tem seu fundamento no amor, na liberdade interior, na generosidade e na prontidão de colocar-se, à exemplo de Maria, inteiramente disponível para servir o reino de Deus por meio do carisma de Schoenstatt”, explica a Ir. M. Neiva.
⇒ Conheça mais sobre a organização da Obra de Schoenstatt
[1] Pe. José Kentenich. Resumo a partir de diversas conferências de J. Kentenich para as Irmãs de Maria de Schoenstatt, março de 1950. Fonte: “A Sua Missão, Nossa Missão”, editor Peter Wolf.
[2] Código de Direito Canônico, Cân. 654
[3] Pe. José Kentenich. Documento de Pré-Fundação, 26 de outubro de 1912
[4] Pe. Peter Wolf. Trecho do livro “Sua missão, nossa missão”. Paixão por Deus sem votos
Uma inspiração Divina que nos permite desde uma união interior com o criador sendo modelo na comunidade já que isso já nos permite desde a concepção por obra de Deus uno e trino com a própria liberdade em função dos mistérios que o próprio Criador já nos permite então Pe Kenechi deixa claro que por se só já assegura no Direito Canônico. Vivendo pobreza obdiencia e castidade porque a união já acontece por obra divina o contra civil faz parte. Sem votos porque Deus é quem escreve a história.