Nem no resto do ano
Karen Bueno – Falar de Carnaval é falar de alegria. Para quem gosta de sair às ruas e festejar e para aqueles que preferem ficar em casa e aproveitar o dia no sofá, a data que antecede a quaresma é tempo de se preparar, de forma sadia e alegre, para o período de recolhimento e oração que vem em seguida. Uma peça fundamental da vida cristã, seja nessa época ou em outras tantas, é a alegria. O Papa Francisco afirma que não existe cristão autêntico com “cara de pimenta com vinagre, daqueles que não tem a vida bonita”, pois o homem feliz é aquele que se sente seguro de que Jesus está com ele (homilia matutina, 10.05.2013).
No momento da fundação do Movimento Apostólico de Schoenstatt, na Aliança de Amor original, o Pe. José Kentenich revela o espírito que os acompanhava durante a conferência: “Hoje também nós saboreamos semelhante alegria familiar” (Doc. de Fundação). Viver em Aliança é também viver uma vida repleta de alegria e, como a Mãe de Deus, cantar ao mundo: “Meu espírito exulta de alegria”.
O Pai e Fundador sempre apontava que ser feliz é condição essencial para ser santo e vice versa: “A alegria é uma manifestação essencial de uma profunda aspiração à vida de santidade. A alegria é um meio eficaz para fazer frutificar essa vida e aspiração à santidade” (Viver com alegria).
Em suas conferências marianas, Pe. Kentenich gostava de recordar um dos títulos que a Igreja confere à Mãe de Deus: Mater sanctae laetitiae (Mãe da Santa Alegria). Muitos testemunhos contam sobre o bom humor e autêntica alegria filial que o Pai e Fundador irradiava. Para ele, ser santo era quase que sinônimo de ser alegre. “Ele recordava frequentemente que não devemos esquecer o ‘sorrir divino’ e o fato de que o Pai Eterno é um Deus da perene alegria. Como seu transparente, Pe. Kentenich sabia unir sempre certa alegria e cálida cordialidade a uma grande seriedade”. (Como nós o conhecemos)
Ser um vivo ‘Tabor’ é viver a alegria
Na perspectiva do ideal nacional brasileiro, o ideal Tabor, recordam-se as palavras do Fundador: “Alegria é a atmosfera das virtudes heroicas” (A Riqueza do Ser Puro). Logo, ela é uma característica do filho heroico, do filho Tabor.
Certa vez, falando a um grupo de sacerdotes, disse que “nosso dever moral consiste em educar a nós mesmos e aos outros para a alegria”. Para os filhos heroicos do Brasil Tabor, há também essa missão de viver a quarta estrofe do Hino da Minha Terra, de criar uma autêntica “terra impregnada de alegria, porque nela o sol não conhece ocaso; […] onde a vara mágica do amor logo transforma toda a tristeza em alegria”.
A felicidade é peregrina
Quem descobre essa verdadeira alegria, fundamentada na consciência de ser amado pelo Pai, tem também uma missão. O Papa diz: “Podemos engarrafar a felicidade para termos ela sempre conosco? Não! Porque quando queremos ter esta felicidade só para nós, nosso coração fica ‘emburrado’ e nosso rosto não transmite felicidade, mas só melancolia, o que não é saudável. A felicidade não pode ficar parada, deve caminhar”.
O Pai e Fundador indica: “A pessoa tomada de alegria tem em seu bolso a chave do coração do homem. Tal pessoa tem a varinha mágica viva que descobre e faz fluir a fonte misteriosa e profunda na alma de seu semelhante. Não atua só pelo seu ser, mas também por sua palavra e por seu falar e agir”.
Devo ‘atacar’ com vontade
Assim recomenda o Pe. Kentenich: “Onde eu puder semear alegrias através do modo como eu me dou, onde eu puder espalhar um pouco os raios de sol através de minha palavra, através de minha vida, devo ‘atacar’ com vontade porque é um grande feito o que eu fizer”. Ele dá, então, algumas dicas para fugir da tristeza:
– Se a tristeza tiver causas palpáveis, corporais, físicas, psíquicas, procurarei eliminá-las (buscar a raiz do que me entristece e procurar uma solução).
– Nos lembramos, com grande alegria, da receita de São Tiago: “Se alguém está triste, reze!” A oração é o grande meio para vencer a tristeza. Desta forma atingimos a fonte última, a vara mágica do amor, ou seja, a profundidade da oração como expressão da intimidade com Deus.
– Precisamos retirar dos pensamentos tristes, que nos assediam, uma força propulsora que nos desperte. Como fazemos isso? De vez em quando falar com uma pessoa capacitada, que nos compreenda e nos oriente, talvez ter um confessor fixo a quem tudo podemos confiar. Ou podemos confiar ao papel a nossa dor [escrever sobre ela].
– Esforçando-nos para fazer algum trabalho e nos distraindo, agindo de maneira criadora [não ficar parado].
– Transformar os males em bem! Caso contrário, nunca teremos uma alegria duradoura.
Ex: Fui caluniado ou sinto-me oprimido, fui destituído injustamente de meu cargo. Que atitude tomar disso? Quero me tornar independente da opinião das pessoas, quero ser uma personalidade firme, completa em si, me autoeducar para isso.
Referências:
A Riqueza do Ser Puro. Pe. José Kentenich, 2001, 3ª edição.
Padre José Kentenich – Como nós o conhecemos. Ir. M. Anette Nailis, 2011, 3ª edição.
Viver com Alegria – Vol 1. Pe. José Kentenich.