Como podemos viver bem essa quarta-feira de cinzas
Karen Bueno / Ir. M. Nilza P. Silva – “Tu és pó” (Gn 3, 19), talvez nunca, quanto agora, essa frase tenha feito tanto sentido para nossa atual geração. A fragilidade da vida e a certeza da morte sempre estiveram presentes em nossa consciência, mas, a pandemia fez com que a humanidade toda se sentisse frágil e refletisse mais sobre isso.
Qual o significado da Quarta-feira de Cinzas?
A Quarta-feira de Cinzas, que marca o início da Quaresma, reforça a consciência dessa fragilidade humana, não como um dia de tristeza ou falta de esperança, mas, é uma luz para chamar a atenção sobre aquilo que é realmente essencial: o sentido da vida. O corpo é frágil e precisamos fortalecer o nosso espírito.
O Pe. José Kentenich convida a centrar os olhos na mensagem principal desta celebração: “Um dia, porém, o corpo a que dedicamos tantos cuidados será novamente reduzido a pó: voltará à substância e à matéria de que proveio. Recorda, pois, que és pó e em pó te hás de tornar! São sérias estas palavras que ressoam na nossa alma. A Igreja orienta-nos a não volver tanto a nossa atenção para o corpo e a não nos concentrarmos quase que exclusivamente nos nossos negócios, durante as próximas semanas. Voltemos nosso olhar ao alto… Durante a Quaresma, coração e olhar fixam-se particularmente, com grande e ardente amor, na grande cena do Gólgota” [2].
Por que colocamos a cinza na testa?
A cruz que o sacerdote faz na testa, com cinzas, simboliza penitência e arrependimento.
Ela faz lembrar que vamos morrer e que “ao pó da terra voltaremos” (cf. Gn 3, 19), para que, dessa forma, nosso corpo seja transfigurado por Deus de maneira gloriosa.
O propósito desse sacramental é levar ao arrependimento dos pecados, é fazer-nos lembrar que não podemos nos apegar a esta vida, achando que a felicidade plena pode ser construída aqui, pois nossa morada definitiva é o céu.
Como celebrar as Cinzas?
Além de participar presencialmente da Santa Missa, viver este dia com espírito de penitência e o coração voltado para o essencial.
O dia de cinzas recorda nossa pequenez e pede uma atitude humilde diante de Deus. É ocasião de parar, avaliar-se, reconhecer-se pecador: “Antes de tudo a oração deve ser humilde. Diante de Deus devemos nos apresentar sempre como pobres mendigos. Não temos direito de exigir graças atuais. Somos inteiramente dependentes da misericórdia divina. Sentir-se mendigo é possuir a humildade e o sentimento de humildade é, em sua essência, o sentimento filial. O filho está certo de ser atendido pelo Pai, se o que ele pedir promover a maior glória de Deus e servir para seu próprio bem” [3], diz o Pe. Kentenich.
Em espírito de penitência e arrependimento.
Uma possibilidade, junto com o jejum e a oração, é fazer um exame de consciência, arrepender-se e colocar tudo diante de Deus, pedir seu perdão e renovar os bons propósitos, comprometendo-se a se confessar, quando isso for possível. O Papa Francisco disse em uma homilia: “Se não encontras um sacerdote para confessar, fale com Deus, Ele é teu Pai.. Peça perdão a Ele, de todo coração, com o ato de contrição’. Um ato de contrição bem feito… Faz o que o diz o Catecismo. É muito claro: se não encontras um sacerdote para confessar, fale com Deus, Ele é teu Pai. (cf. n.1484) Em seguida, você deve prometer a Deus: ‘Depois, vou me confessar, mas me perdoe agora’. Imediatamente, voltarás à graça de Deus.” [4]
Leia aqui: dicas para um bom exame de consciência e uma boa confissão
Pe. Kentenich indica que a “confissão espiritual” pode ser realizada ao final de cada dia, quando examinamos se cumprimos bem nosso exame particular e vivemos segundo nosso Ideal Pessoal. É o momento em que, no santuário do coração da Mãe de Deus, em Cristo, vamos ao Pai.
A oração da noite, no Rumo ao Céu, conduz-nos a esse momento, na parte “Confissão das Culpas”, vale a pena meditar nela, nessa quarta-feira de cinzas:
“O que entristeceu teu coração de Pai,
porque não te amamos devidamente,
seja reparado e expiado
pelo precioso sangue de Jesus.
Muitas vezes nosso coração se obstinou
quando o mundo nos seduziu;
muitas vezes não esteve atento,
quando revelaste teus desejos.
Muitas secretas reservas
o tornaram cansado e frio,
e tantas más paixões
diminuíram a força do amor.
Livremente agora desprendemos
o que ainda nos aprisiona;
em Cristo, com espírito filial,
nos doamos inteiramente a ti.”
(365ss)
Aproveitemos as graças desta Quarta-feira de Cinzas para reconhecer nossas faltas e mergulhar no amor misericordioso de Deus Pai.
Referências
[2] Pe. José Kentenich. Maria Mãe e Educadora – Uma Mariologia Aplicada. Primeiro Sermão. Sociedade Mãe e Rainha, Santa Maria/RS, 2017, segunda edição.
[3] Pe. José Kentenich; Ir. M. Annette Nailis. Santidade de Todos os Dias, As espécies de oração.
Conteúdo riquíssimo, muito profundo, instrutivo e de uma alta relevância, pois para quem quiser obter informações relacionado a quaresma e as cinzas pode se deter nesse link.