Educar com todas as forças para trabalhar pela justiça social
Ir. M. Nilza P. da Silva – Desde o início, o Movimento Apostólico de Schoenstatt tem como objetivo a renovação moral e religiosa do mundo (mundo novo), a partir da autoeducação, para a renovação de si mesmo (homem novo). Os primeiros schoenstattianos, os jovens seminaristas congregados marianos, realizavam debates para trocar e amadurecer ideias sobre a melhor forma dessa meta se tornar concreta. Foi proposta uma “seção social”, mas esta não recebeu o apoio do Pe. Kentenich. O motivo para essa oposição do Fundador não significa que ele se opunha ao cuidado com as questões sociais pendentes. Ele deixou bem claro que não se opunha à justiça social, apenas se opunha às discussões inconsequentes sobre esse assunto.
No fim de 1914, ele dá uma conferência sobre a justiça social e indica aos jovens o que eles podem fazer para que a justiça social se torne cada dia mais realidade e não fique apenas em discursos. Entre outras coisas, disse-lhes:
“A nossa autoeducação até agora [nesta área] ainda não passou o teste da vida quotidiana e real. É uma falta, algo embaraçoso, senão não teríamos ficado sem saber o que fazer perante a questão da justiça social. Tenho que me educar com todas as minhas forças para compreender e trabalhar para a justiça social.
Penso que é este o presente, a graça, que queremos pedir hoje à nossa Mãe do Céu. Sim, ó Bendita entre todas as Mulheres, toma os nossos corações e forma-os nesta área segundo o Teu próprio coração!”
Em seguida, o Fundador apresenta a prática das obras de misericórdia como meios concretos para resolver as questões sociais:
“O espírito da justiça social é o espírito do amor, da bondade, da atenção às necessidades dos outros, de uma carinhosa empatia para com as angústias dos outros, de uma ajuda rápida e discreta aos que dela necessitam. Em síntese: o espírito de sacrifício do verdadeiro heroísmo cristão.
A luz vai nascendo devagar! E conseguiremos vê-la com maior nitidez quando vos digo que este espírito só se poderá desenvolver quando o egoísmo e o egocentrismo forem combatidos com determinação. E isto abre-nos um campo de iniciativa social muito vasto!
Querem saber agora onde é que podem trabalhar pela justiça social?
Bem, podemos trabalhar desde manhã cedo até bem tarde da noite. Podemos fazer uma lista de todos os pontos do nosso horário e das regras e olhar para cada um quanto ao impacto social que pode ter. A forma como podemos usar os jogos que jogamos juntos, o nosso tempo de lazer, as refeições que fazemos juntos! É claro que podemos desleixar o nosso dever e queixarmo-nos e criticarmos. Mas, se o fizermos, não estaremos a dedicar-nos com seriedade à nossa autoeducação para a justiça social.
Imaginem que um dos seus colegas está triste, ou não tem amigos, ou não se dá com os outros, ou é sempre gozado e ridicularizado. O nosso lugar é ao lado dos oprimidos; sermos especialmente seus amigos e, sempre que possível, protegê-los dos ataques. Só que, em vez disso, muitas vezes somos nós próprios a atormentar os outros com o nosso comportamento e língua afiada. Precisamos nos colocar na situação dos outros.”
Fonte: “New Vision and Life – The founding of Schoenstatt”