Jejum, penitência, caridade e o desejo de fazer da nossa pátria um Tabor
Debora Dalegrave – Entramos na época das meditações mais profundas, época de voltar o nosso olhar para a cruz, para a nossa realidade e assim transfigurá-la, afinal, a vida plena é um somatório dos resultados de ações isoladas e aleatórias, ou seja, é um caminho a percorrer.
“Um dia vivido com sentido, pode dar vida a uma vida dispersa”
Assim, este tempo nos convida a buscarmos o deserto do nosso coração, para combater as nossas fragilidades por meio da oração, da penitência, da caridade; nos pede para nos colocarmos a serviço; a serviço do amor, a serviço do próximo e, assim, nos compadecermos e auxiliarmos quem mais necessita.
Não é em outro lugar que a felicidade acontece, senão aí onde você está agora, ao lado de quem você está agora, junto daquela pessoa que vem à sua mente quando há o ímpeto de fazer o bem. Para estarmos conectados ao nosso propósito é necessário agir. Sem ação não há movimento, sem movimento não existe história e sem história não há vida.
É nesse espírito de multiplicação da caridade que eu te convido a ser um reflexo de felicidade junto daqueles que você ama. O Evangelho da Transfiguração nos diz que temos que viver “totalmente no céu e totalmente na terra”, o que isso quer nos dizer?
Isso significa que, para ser Tabor, é necessário transfigurar o templo do nosso corpo em uma morada de Deus, física e espiritualmente. Dessa forma teremos claro em nossas vidas os dizeres que falamos durante a santa Missa: “Corações ao alto”, diz o sacerdote; e nós respondemos “o nosso coração está em Deus”. Que essa afirmação esteja presente nas 24 horas do dia; que seja nosso esforço diário para não deixarmos nada tomar o lugar de Deus.
Que tenhamos fé na Providência Divina, acreditando que tudo o que precisamos para vencer está aí. O que falta em mim, tem de sobra em você, e quando nos unimos podemos transformar vidas. Quando você acende a luz do outro, a sua chama também se intensifica; esse servir, esse desprendimento dá sentido à vida, alegria e gratidão ao dom de Deus.
Pe. José Kentenich nos ensina:
“Devemos ter a mais viva convicção de que Deus traçou um plano, não só um plano para o mundo, mas também um plano para minha vida pessoal. Quem concebeu esse plano? Não só a sabedoria e a onipotência de Deus, mas também o amor de Deus. […] Então eu sei: nesse plano há este ou aquele sofrimento. Ser filho da Providência significa: ter a certeza de que qualquer acontecimento – alegria, dor, desilusão – é um elemento essencial do plano de sabedoria, onipotência e amor de Deus. O filho da Providência, em todas as situações, se sente como o filho predileto de Deus. Não pensar que Deus esteja dormindo. Antes, é como se Deus e eu estivéssemos sozinhos no mundo, tal o cuidado com que Ele toma em suas mãos os fios de minha existência” [1]
Transfiguramos lágrimas em alegria… transfiguramos o nosso amor em serviço, em caridade.
Então, quando lhe perguntarem: “Como transfigurar a realidade por meio da alegria, da caridade, da doação?”, a resposta é simples… SERVIR!
E, à medida que servimos, percebemos que não há estilo de vida melhor; para “que Ele cresça e eu diminua”.
Debora Dalegrave
Liga das Famílias de Schoenstatt, Frederico Westphalen/RS
[1] Pe. José Kentenich – Schoenstatt, 1950. Encontro da União Apostólica Feminina. Livro: Abrigado em Deus Pai – Textos escolhidos sobre Deus Pai. Instituto Secular dos Padres de Schoenstatt