“O amor misericordioso há de ser uma disposição permanente de nossa alma, sempre pronta a perdoar” (Pe. José Kentenich – Santidade de Todos os Dias).
Vejamos algumas situações distintas:
1) Num período de grande fome, uma pessoa tem apenas um pão e nada mais para comer durante o dia. Mesmo assim ela divide esse pão.
2) Alguém que está ao seu lado deixa cair algo no chão, rapidamente você se abaixa e pega – e isso se repete muitas vezes no período de trabalho.
3) Alguém fala coisas negativas sobre você, prejudica suas ações, mas, você perdoa, trata como se nada tivesse acontecido, protege esse pessoa e faz de tudo para que ela seja bem considerada.
4) Chega a notícia de que um conhecido perdeu algum familiar: é tempo de ligar ou escrever uma mensagem solidária a ele.
Essas são situações simples, habituais, que demonstram a misericórdia partilhada na vida do dia a dia. Cada um desses exemplos é retirado das biografias do Pe. José Kentenich, dentre tantos outros que poderiam ser mencionados. Como Fundador, e principalmente como Pai, ele educa os filhos para a misericórdia na vida diária.
Misericordiosos como o Pai
Na ‘escola da Mãe de Deus’, em Schoenstatt, muitos se deixam educar como instrumentos de misericórdia….
José Engling, nas férias do seminário, permaneceu em seu povoado de Prossitten, junto com o pároco, após a evacuação da cidade, no início da guerra. Quando o grupo de soldados chegou, sedento e esfomeado, ele correu o tempo todo, fornecendo água e o pouco de alimentos que pôde conseguir – até as últimas maçãs, encontradas em casa, repartiu com eles.
João Pozzobon realizou muitos gestos, dos quais se pode evidenciar a Vila Nobre da Caridade. Era um conjunto de casas simples, que ele mesmo construiu como moradia gratuita para os pobres, “para – segundo explica – educar, saber valorizar-se como pobre, formar cidadãos e, também, para que todos tenham conhecimento da religião”.
Ir. M. Emílie Engel assumiu, em certo período, a tarefa como superiora de uma filial dedicada a um lar de assistência a jovens abandonadas. Sua natureza maternal foi essencial para ajudar essas jovens: “Só se precisa de muita paciência, amor, tempo e um bom raciocínio”, dizia ela.
Esses exemplos são atos grandiosos, heroicos. Mas, diante deles, é preciso ter claro que só foram possíveis graças à persistência de viver a misericórdia nas pequenas coisas.
Ser um ‘milagre de misericórdia’
Pe. Kentenich vivia e irradiava a misericórdia em sua personalidade, de forma prática, por isso podia inspirar os filhos espirituais.
Como educador, ele cita um exemplo concreto para se viver e sentir a misericórdia na profissão e na vida diária: “Uma enfermeira trabalha incansavelmente durante o dia e frequentes vezes também à noite, para socorrer os doentes e moribundos. Ora faz um curativo, ora alivia uma dor, em toda a parte consola, estimula e acalma. Por seu trabalho, ela dá uma belíssima ideia da própria bondade de Deus. A misericórdia divina, diríamos, quer ser revelada ao mundo, do modo mais perfeito possível, por meio desta enfermeira”. Esse raciocínio vale para qualquer outra função ou trabalho realizado durante o dia.
Ao viver a misericórdia divina e se apoiando nela, surge a missão de também ser misericordioso com os que estão próximos. Os grandes gestos de misericórdia que o Pai e Fundador e os heróis de Schoenstatt foram capazes de realizar se sustentam nos pequenos atos: um sorriso, uma palavra de ajuda, compreensão, sacrifícios e entregas silenciosas ao Capital de Graças… Como escreve o Cardeal Van Thuan: “Para fazer uma linha reta é necessário fazer milhões de pontos e se fizermos bem cada ponto, teremos uma bela reta. Nossa vida está formada por milhões de minutos; se vivermos bem cada minuto teremos uma vida santa. Não se pode ser santo por intervalos, não se pode viver respirando por intervalos, porque tem que se respirar sempre”.
Meus parabéns. Esse artigo tirou diversas dúvidas minhas quanto á este assunto, muito grato por tanto conteúdo de qualidade!