“Num gesto de misericórdia infinita presenteaste a Schoenstatt uma flor de rara nobreza”[1]
Karen Bueno – Ao entrar no Santuário de Schoenstatt, qual imagem “prende” os seus olhos em primeiro lugar? O que mais lhe impacta? Há símbolos e peças bonitas para ver, mas é provável que a sua resposta, quase que instintivamente, seja essa: “A imagem da Mãe e Rainha é o que mais me atrai”.
Em todo o mundo se repete uma situação parecida: diversas pessoas se veem diante da imagem da MTA e repetem do fundo do coração:
Mutter, Majka, майка, Mare, Mǔqīn, Mor, Matka, Mati, Madre, Mère, Mam, Manman, Mi̱téra, Makuahine, Māṁ, Moeder, Mother, Máthair, Móỗir, Mater, Motina, Mamă, Mat’, Maty, Mẹ
E nós, aqui no Brasil, dizemos: MÃE!
Por misericórdia, Deus nos deu o rosto de uma Mãe
Não há outra palavra, a não ser “misericórdia”, para expressar este presente que Deus nos deu: a imagem de nossa Mãe.
Num dia como o de hoje, em abril de 1915, o quadro da MTA é entronizado no Santuário Original. A partir de então, seu olhar misericordioso alcança o mundo todo nesta singela imagem.
Como vimos há alguns dias, foi na Sexta-feira Santa, dia de 2 de abril de 1915, que o quadro da Mãe e Rainha chegou a Schoenstatt (leia aqui). Mas, devido ao momento litúrgico, ele foi entronizado no Santuário Original apenas alguns dias depois:
“O mais certo é que o quadro tenha sido pendurado no Santuário no primeiro aniversário da fundação da Congregação Mariana. Era no domingo depois da Páscoa (atualmente celebramos o Domingo da Divina Misericórdia), o dia 11 de abril de 1915, o dia em que foram admitidos mais membros novos na Congregação Menor (incluindo José Engling)”, escreve o Pe. Jonathan Niehaus, no livro Herois de Fogo [2].
Ela volve para nós seus olhos misericordiosos
“Sabemos o que um olhar pode significar na vida! – comenta o Pe. José Kentenich. Há olhares que despertam. Nós falamos mais pelo olhar do que por palavras muitas vezes. Quando as palavras não bastam para mostrarmos a alguém o quanto a amamos, falamos com o olhar” [3]. No Santuário, com seus olhos misericordiosos, a Mãe de Deus não cansa de demonstrar seu amor por nós!
Da mesma forma, “nós devemos igualmente volver a ela nossos olhos misericordiosos. Teremos nós olhos misericordiosos?” [4], instiga-nos o Fundador.
Seu olhar nos leva a Jesus, a um abismo de misericórdia
A imagem de Maria, no Santuário, nos prende, nos capta em seu amor e, cumprindo sua missão, nos direciona a Jesus.
Se foi a misericórdia divina que nos deu e imagem da Mãe Três Vezes Admirável, como que num caminho inverso, a Mãe Admirável nos devolve à misericórdia do Pai, reconhecendo e respondendo o pedido de Jesus: “Que a alma fraca, pecadora, não tenha medo de se aproximar de mim, pois, mesmo que os seus pecados fossem mais numerosos que os grãos de areia da terra, ainda assim seriam submersos no abismo da minha misericórdia” (Palavras de Jesus a Santa Faustina, Diário, 1059).
Uma vez mergulhados nesse abismo, os filhos são enviados como missionários, na mais pura fecundidade apostólica, pois, disse Jesus: “Quando uma alma se aproxima de mim com confiança, encho-a com tantas graças, que ela não pode encerrá-las todas em si mesmas e as irradia para as outras almas” (Diário, 1074).
Faz de nós imagens suas para o mundo
Temos uma Mãe, temos um rosto de Mãe! O que ela espera de nós? Há uma canção que diz: “Desde o quadro, sempre é novo teu olhar; hoje queres me educar, à aventura de saber que me pedes mais, e eu não posso negar” [5].
Certamente a Mãe espera que, no rosto e no coração de cada schoenstattiano, sua imagem ganhe vida, que em nós ela possa percorrer o mundo e o tempo de hoje. Que cada um, com sua personalidade e seu jeito de ser, seja um reflexo de Maria para o mundo, como pediu e resumiu o Pe. Kentenich: “Torna-nos semelhantes à tua imagem, como tu, passemos pela vida fortes e dignos, simples e bondosos, espalhando amor, paz e alegria. Em nós percorre o nosso tempo, prepara-o para Cristo” (Rumo ao Céu, 609).
Referências:
[1] PE. JOSÉ KENTENICH, em: ANDRACA, Pe. Rafael Fernandez de. A Dimensão Mariana de Schoenstatt
[2] Há divergências sobre essa data. Por meio de outras pesquisas (segundo Pe. Peter Wolf) constatou-se outra data provável é 19 de abril de 1915.
[3] KENTENICH, Pe. José. Às Segundas-feiras ao Anoitecer – Diálogos com Famílias, vol 3. Sociedade Mãe e Rainha. Santa Maria/RS, 2010. Texto de 18 de agosto de 1956.
[4] KENTENICH, Pe. José. Às Segundas-feiras ao Anoitecer – Diálogos com Famílias, vol 3. Sociedade Mãe e Rainha. Santa Maria/RS, 2010. Texto de 18 de agosto de 1956.
[5] Música: La de Siempre; letra e melodia: Pe. Manuel López. Divulgação: Colegio Mayor Padre José Kentenich, álbum: Ciudad Multicolor