“O trabalho nos plenifica de dignidade, nos torna semelhantes a Deus, que trabalhou e trabalha, age sempre, dá a capacidade de nos manter, manter nossa família, contribuir para o crescimento da nação” (Papa Francisco, missa matutina, 01.05.2013).
Karen Bueno – A santidade na vida diária é um convite a todos, para toda hora, para todos os momentos. Assim também acontece com nosso ambiente do trabalho, que é um grande campo de apostolado e de autossantificação, pois é o local no qual se passa a maior parte do dia e que apresenta muitos desafios. Há tantas e variadas possibilidades que o Pai e Fundador, Pe. José Kentenich, dedica um capítulo inteiro do livro “Santidade de Todos os Dias” para falar sobre ele.
Citando as palavras do dirigente da Juventude Católica Operária da França, Pe. Kentenich estimula:
“Deveis ser cristãos em toda a parte, na oficina, na fábrica, na rua, em casa, bem como na igreja. É preciso aprender que, apesar de não poderdes comungar diariamente, deveis tornar-vos santos nos trens, no caminho para o trabalho, durante o dia, na oficina e na fábrica; e também durante a noite, nas minas profundas ou no ardor dos altos fornos… Deveis saber que, unido ao sacrifício cotidiano de Nosso Senhor sobre os altares, o trabalho pode ser a oração mais expressiva, o sacrifício mais fecundo. Então cada movimento no trabalho, todos os vossos esforços e ações se tornarão formas de oração, meios de tornar-vos santos. Ao invés de serem lugares de tentação, as fábricas se converterão em santuários, onde as almas se unirão a Cristo e sua missão redentora, enquanto seus corpos colaboram no enriquecimento e transfiguração da obra do Criador”.
A vinculação ao trabalho
Segundo o Pe. Kentenich, a vinculação a Deus deve estar associada de modo orgânico e harmonioso com a vinculação ao trabalho e ao próximo.
Como é essa vinculação harmoniosa ao trabalho? Colocando Deus no centro: Tudo deve ser feito para causar alegria ao Pai. Por exemplo: Se sou professor, me esforço muito em minhas aulas para causar alegria ao Pai. Se sou secretário, jardineiro, policial, faço tudo muito bem feito para causar alegria ao Pai.
O Pe. Kentenich cita como exemplo a jovem sacristã que prepara a capela – sua intenção ao arrumar a igreja não era somente enfeitar os altares, ornamentando bem a casa de Deus, mas tinha em mente as pessoas que poderia alegrar e conduzir a Deus pela beleza de seus arranjos. Podemos também dizer isso sobre a limpeza da nossa casa e sobre tudo o que fazemos. Essa é uma forma de colocar Deus no centro das atividades e o trabalho a serviço do próximo.
Para o Fundador, o trabalho é uma participação na atividade criadora e comunicadora de Deus: “Deus mesmo confiou ao homem essa tarefa e quer servir-se dela para atraí-lo a si e santificá-lo”. Logo, o trabalho é…
Uma fonte de felicidade
Semelhante às palavras do Papa Francisco, o Pai e Fundador diz que o trabalho é uma fonte de alegria, pois representa uma parcela de participação na atividade criadora de Deus. Ele pontua:
O operário deve tornar-se consciente de que, sem o seu trabalho, nem o Estado, nem a sociedade humana podem incrementar seu mercado interno e externo. Deve considerar que através do dinheiro merecido pelo trabalho de suas mãos, ele pode melhorar a situação econômica de sua família e obter os recursos para oferecer uma educação mais aprimorada a seus filhos. Em ambos os casos o trabalho tem eficácia criadora para a sociedade e é capaz de despertar a criatividade do próprio operário, aumentando nele a consciência de que não é apenas número ou mercadoria sem personalidade e valor pessoal, mas ao contrário, é alguém indispensável para os demais.
Nosso trabalho é indispensável!
Cada atividade bem realizada, por mais simples, pode transmitir muito mais do que se pode imaginar. O Pe. Kentenich utiliza alguns exemplos concretos para falar sobre isso:
– Uma senhora está limpando janelas. Não poderá tornar compreensível a pureza e a claridade de Deus por meio deste trabalho?
– Uma enfermeira trabalha incansavelmente durante o dia e frequentes vezes também à noite, para socorrer os doentes e moribundos. Ora faz um curativo, ora alivia uma dor, em toda a parte consola, estimula e acalma. Por seu trabalho, ela dá uma belíssima ideia da própria bondade de Deus.
– Da mesma forma, um juiz ou um advogado pode revelar aos homens a justiça divina…
Algumas dicas que o Pai nos dá
Vejamos alguns conselhos práticos que o Pai e Fundador dá para trabalhar de forma orgânica e vital:
– Se o trabalho for desagradável, não fugir nem se esquivar, mas ver aí uma oportunidade de causar alegria ao Pai.
– Unir o trabalho com outras ocupações prediletas, por exemplo: cantar ou conversar enquanto realiza alguma atividade.
– Retirar-se muitas vezes à solidão do coração. “Nossas ocupações raras vezes são de tanta importância que nos impeçam recolher-nos de quando em quando para nos introduzirmos na solidão divina”. Como fazer isso? Ir conversando com Deus, com a Mãe de Deus ao longo do dia, contar a eles aquilo que acontece.
Em alguns casos, ter uma imagem da Mãe na mesa de trabalho pode ajudar, ou então, se trabalhar em movimento, usar um anel, uma pulseira, a medalha da Aliança de Amor, alguma imagem que ajude a parar e conversar com Deus durante o dia.– Tudo o que for fazer, fazer bem feito; com perfeição. Dar-se inteiramente para aquilo.
– Formar família no ambiente de trabalho, se atentar para a realidade dos colegas.
– Ser verdadeiro, autêntico e livre, não se deixar levar pela massa, expressar as reais opiniões.
– Acima de tudo, procurar sempre, sempre, causar alegria ao Pai
Material de apoio: Pe. José Kentenich. Santidade de Todos os Dias – Espiritualidade Laical de Schoenstatt, Vol I. Org: Ir. M. Annette Nailis.