“O divórcio entre evangelho e cultura é o maior drama de nosso tempo” (São Paulo VI, Exortação Apostólica ‘Evangelii nuntiandi’)
Ir. M. Marcia Carmo da Silva – Quantas coisas nos ameaçam! A ausência de respostas diante do sofrimento afeta o nosso dia a dia e pode trazer sérias consequências. Pobreza, desemprego, morte, decepção no relacionamento, doenças, dependência química… são fatores que podem levar à depressão.
Segundo um relatório realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) , nos últimos dez anos, o número de pessoas com depressão aumentou 18,4%, o que corresponde a 322 milhões de pessoas no mundo. No Brasil 5,8% dos habitantes sofrem com essa enfermidade, que traz consigo diversos problemas: ansiedade, ataques de pânico, transtorno obsessivo-compulsivo, fobias e estresse pós-traumático.
“O homem de nosso tempo está enfermo”, constata o Pe. José Kentenich, que chama a doença de pensar, amar e viver mecanicista. Trata-se de um modo de viver que separa ideia e vida, natureza e graça, Deus e homem, ciência e fé. Vejamos apenas alguns exemplos:
– Temos tempo para ir diariamente à academia, para assistir longas séries, mas não temos uma hora na semana para ir à Missa.
– Muitos são determinados na defesa dos animais, da natureza, mas não fazem coisa alguma pelas pessoas que passam fome ou para melhorar o convívio com seus familiares.
– Preocupa-se muito com o corpo bonito, mas nada se faz para melhorar o interior, para curar as feridas da alma e fortalecer-se para enfrentar as dificuldades da vida.
– Algumas pessoas acham certo ficar com o troco que recebem a mais ou buscam vantagens para crescer na profissão sem se preocupar com o dano que isso pode causar ao próximo.
– Se dizem cristãos e apoiam o aborto, a eutanásia ou outra forma de manipulação da vida humana.
– Muitos acreditam em Deus, mas não conseguem encontrá-lo nas situações da vida diária. Deus está lá na Igreja, mas não tem relação alguma com a vida de cada dia.
– Sabe-se da situação crítica da falta de água, mas esse conhecimento não muda o comportamento, pois muitos continuam tomando banho de meia hora, lavando a calçada com mangueira, etc.
– Muitos dizem que não se pode misturar o cuidado pela sociedade com a fé em Deus, a participação nas celebrações religiosas com a vida profissional…
…e tantas outras ações que fazem da pessoa como se fosse uma oficina mecânica, na qual cada peça está em uma gaveta, sem unir-se uma com a outra.
No entanto, o ser humano é um organismo, no qual todas as partes interferem uma na outra. Por isso, Pe. Kentenich explica que esse mal – o pensar, agir e amar mecanicista – atua “como uma ‘bomba atômica’ na ordem espiritual, pois destrói e pulveriza tudo, tanto o homem em si mesmo como suas relações” .
É necessário resgatar o homem orgânico, que valoriza as pessoas em sua dignidade, que tem um estilo de vida coerente com a fé e com os princípios morais. Como resgatar o pensar, amar e viver orgânico?
Viver e aprofundar a filialidade até o heroísmo
No contexto do ‘31 de maio de 1949’, Pe. Kentenich diz: “Daí segue uma frase característica que indica o meio de cura geral de toda a angústia do tempo, a reconquista e cultivo cuidadoso do autêntico sentido filial. Podemos reconstruir inversamente esta frase e dizer: A maior felicidade do mundo de hoje é o sentido filial reconquistado, porque ele possibilita a atuação paternal de Deus” .
O caminho para a filialidade heroica passa por atos diários de amor pessoal a Deus, não somente um amor e uma fé de conhecimento, mas de ações. Para se conseguir isso se pode: praticar o reconhecimento das dádivas que recebemos do amor paternal de Deus, descobrir o seu amor e sua proximidade na vida diária, fazer tudo o que pode ampliar a nossa capacidade de amar. Esta atitude, às vezes, exige sacrifícios, pois nem sempre é fácil crer no amor de Deus e demonstrar a ele e ao próximo o nosso amor pessoal, terno. É preciso colocar-se a serviço de modo desinteressado, doar-se sem buscar reconhecimento ou retribuição.
Em todas as situações o filho heroico crê: “Tudo concorre para o bem dos que amam a Deus!” Por isso, coloca-se em segundo plano e sabe que o mais importante é realizar livremente, por um profundo amor pessoal, a vontade e os desejos de Deus.
Como ser filho heroico hoje?
Como conquistar esta filialidade?
É possível trilhar este caminho sozinho?
Isso é o que veremos em nosso próximo artigo!
Muito boa reflexão de vida. Amar sem nada pretender é o que realmente nos deixa feliz! Deus Nos Ama Intensamente!
Seus artigos são bem informativos, vendo que muitas pessoas buscam informações relevantes, muito bom quando encontramos conteúdo de qualidade como esse. Parabénsl