Agora que todos estão desamparados, a Mãe de Deus deve reinar
Ir. M. Nilza P. da Silva – Uma palavra define o mês de agosto de 1949 na história de Schoenstatt: Incerteza! As acusações ao Fundador, perante as duras autoridades do Santo Ofício, correm de boca em boca. Não havia Redes Sociais e é difícil dizer se isso era melhor ou pior, pois, hoje, ao menos se sabe o que as pessoas dizem. Mas, naquele tempo as conversas eram ocultas e ninguém sabia direito, nem mesmo o Pe. Kentenich, de todos os boatos que circulavam sobre as acusações que lhe eram feitas. Nuvens escuras de total incerteza e desinformação escureciam a visão e impediam de se fazer uma projeção do futuro e até mesmo de se emitir informações de esclarecimentos.
Como se comporta o Fundador?
Pe. Kentenich, convicto de que por meio de Schoenstatt era chamado por Deus para dar uma grande contribuição para a Igreja frente às correntes do tempo, percorre o mundo visitando sua fundação e anunciando sua missão mariana e apostólica. Ao mesmo tempo, se ocupa em apresentar a Obra, em toda sua dimensão teológica e pedagógica, para as autoridades da Igreja, solicita que analisem cientificamente essa Obra, pede a sua bênção e, principalmente, apresenta Schoenstatt como um serviço para a grande missão evangelizadora. Sobre o que fala o Fundador aos membros dessa Obra ameaçada e acusada? Com tranquilidade e confiança, apresenta Maria como a grande Vencedora e Educadora de filhos heroicos, semelhantes a Cristo.
De onde vem tanta tranquilidade e certeza de sua missão?
De seu profundo vínculo pessoal a Maria, sua confiança inabalável em sua presença e atuação. O que ele anunciava era o transbordar do que experimentava em sua própria vida. “A razão de nossa despreocupação tem uma fonte profunda”, fala ele, em sua visita ao Brasil. “É a confiança num poder que segura nas mãos todos os fios, numa mão fiel, numa mão bondosa. Esta mão bondosa segura desde toda a eternidade o plano de nossa vida; foi ela quem fez o plano para nós. O acento principal é sempre a confiança. Jesus diz aos seus: Não vos preocupeis demais com as coisas terrenas (Cf. Lc 12, 22 ss.).
Quando nos envia tantas preocupações com as coisas terrenas, o bom Deus quer chamar nossa atenção sobre si próprio. O ser humano é uma ousadia, Deus quer que nossa vida esteja rodeada de aflições. O Pai está presente, ele quer intervir na vida, ele quer cuidar. A terrível tragédia está no fato de as pessoas quererem cuidar de si próprias. Nem um cabelinho cai de nossas cabeças sem que seja vontade de Deus (Cf. Lc 21, 18).
Contemplemos o plano de amor do bom Deus em relação à nossa vida, em relação à nossa Família. O Pai colocou este plano nas mãos da Mãe. Cada detalhe está contido no plano do Pai. Por que não nos preocupamos? Porque acreditamos inabalavelmente que o bom Deus está por trás de tudo. Mas não é que nós não precisemos fazer nada. Precisamos tomar também em mãos a orientação de nossa vida, não podemos deixar correr tudo. No entanto, um poder maior segura os fios nas mãos… Nossa colaboração concreta em todos os sentidos deve ser novamente: fé inabalável na Divina Providência e não nos preocuparmos!
Precisamos ver todos os detalhes à luz desta fé. Então reconheceremos em todas as coisas e em todas as situações da vida a intervenção do bom Deus. Só posso ser verdadeiramente despreocupado quando estou totalmente enraizado no mundo sobrenatural. Não vos preocupeis, não deveis preocupar-vos… A única tarefa de nossa vida é o plano de amor. Queremos arraigar-nos de novo totalmente no mundo sobrenatural. Devemos poder viver inteiramente nele.
Nossa confiança é heroica quando humanamente não temos motivo para confiar… Agora que todos estão desamparados, a Mãe de Deus deve reinar.” [1]
“É com essa confiança que, em 20 de agosto, coroa a Mãe de Deus, no Santuário Tabor, em Santa Maria/RS, como Rainha da Filialidade Heroica “Nós acreditamos em sua tarefa, em sua vitoriosidade”, afirma ele.
Coroemos a Mãe de Deus
Nosso tempo também é repleto de incertezas, frequentemente vivenciamos inseguranças em nossa vida pessoal, familiar e profissional. Unamos à confiança do Pe. José Kentenich e coroemos a Mãe de Deus, entreguemos a ela tudo o que nos preocupa e peçamos-lhe que nos eduque ao heroísmo da confiança. Então, vivenciaremos que “sua realeza consiste em seu poder e sua bondade, em se mostrar, de modo especial, misericordiosa para conosco e para com o mundo.” [2]
[1] Pe. José Kentenich, conferências no Brasil, em 1947
[2] Pe. José Kentenich, homilia em 02/09/1962
(Publicado em agosto de 2021)