Flávia C. Ghelardi* – Nesse último artigo sobre o sacramento do matrimônio, refletimos um pouco mais sobre a última pergunta que o sacerdote faz no altar, antes dos noivos darem um ao outro seu consentimento e contraírem o sacramento do matrimônio:
“Estais dispostos a receber os filhos que Deus vos enviar e educá-los na fé da Igreja?”
Nesse momento, ambos respondem um alto e claro “sim!”. Mas, será que estão verdadeiramente conscientes do que estão prometendo?
Abertura à vida
Aceitar os filhos que Deus quiser enviar ao casal é o que chamamos de “abertura à vida”. Viver essa confiança, de permitir que Deus, em sua infinita bondade e misericórdia, envie todos os filhos que Ele previu para a nossa família, é um grande desafio no mundo de hoje. Mas, também é um verdadeiro “salva-vidas” para garantir a união e felicidade dentro da família.
Ser aberto à vida significa que vocês terão muitos filhos?
Não necessariamente. Há casais que nunca usaram algum tipo de contraceptivo e tem apenas um ou dois filhos, ou até nenhum. Ter abertura à vida significa apenas não colocar nenhum obstáculo para que Deus possa criar mais almas imortais, de acordo com seu plano de amor, para cada pessoa e para cada família.
Quem acredita em Deus, necessariamente também crê na existência do demônio. E a grande missão do demônio é impedir que as almas cheguem à felicidade eterna no Céu, quando estarão para sempre junto de Deus. O demônio, o anjo mais inteligente criado por Deus, de algumas décadas para cá, colocou em prática mais um de seus planos para impedir que as almas sejam salvas: simplesmente convenceu o ser humano a não permitir que mais almas sejam criadas!
Deus poderia criar as almas de várias maneiras, mas escolheu “precisar” do homem e da mulher para colocar um novo ser humano no mundo. Desta forma, o casal precisa dizer seu sim para a vida, então se tornam co-criadores com Deus de novas almas imortais! Isso é uma grande responsabilidade, mas também um dom extraordinário.
Portanto não devemos ter “medo” de receber filhos. Filho é a prova que o casal é uma só carne! O amor dos dois gerou aquele novo ser humano, com metade do DNA de cada um. Filho é uma fonte inesgotável de alegria e felicidade, que aumenta exponencialmente a capacidade de amar dos pais.
O futuro da humanidade está em nossas mãos
O grande problema é que estamos tão contaminados com a mentalidade dessa “cultura de morte”, que vê na criança apenas uma fonte inesgotável de despesa e de sacrifícios, que faz pensar nas famílias que aceitam viver de acordo com os ensinamentos da Igreja como um “bando de loucos”.
Assim, o que Deus e a Igreja realmente pedem a nós, casados, é: tenham filhos! Tantos quantos Deus, em sua infinita misericórdia e providência, confiar a vocês! Deus não enviará nenhum filho que não sejamos capazes de educar. O futuro da humanidade está em nossas mãos. São nossos filhos que levarão a nossa cultura, o nosso modo de viver, a nossa fé, para frente. Nosso Fundador, Pe. José Kentenich, diz na homilia de um casamento, nos EUA:
“Seremos presenteados com a grande fecundidade no plano natural e sobrenatural. Pensando agora, na importância do matrimonio para a Igreja e para o Estado, refiro-me mais ao que se diz de nossa descendência, pois queremos estar unidos para gerar e presentear filhos ao Estado e à Igreja – se quereis: ao céu. Depende de nós como estes filhos se desenvolvem. Depende de nós que estes filhos se tornem autênticos cristãos, cidadãos do Estado e da Igreja.”
Sem os nossos filhos, o Céu ficará vazio! Nós temos a responsabilidade de povoar o Céu de santos. Deus é muito gentil, não nos força a nada. Ele espera o nosso sim para que possa criar novas almas. Isso é um grande mistério e também uma grande responsabilidade. Nunca ouvi dizer de um casal que tenha se arrependido de ter algum filho, apenas de pessoas que se arrependeram muito de não terem mais filhos!
Testemunhos de vida
Família Lovato
Nós, Rosangela e Thomé Lovato, casados há 36 anos e membros da União de Famílias de Schoenstatt, desde o início do namoro, decidimos que somente utilizaríamos métodos naturais, como forma de planejamento familiar. No dia do nosso matrimônio, pedimos que o Bom Deus nos abençoasse com todos os filhos que Ele havia previsto para nossa família e nos desse também a graça de nos mantermos abertos à Sua Vontade! Ele nos presenteou 6 filhos, cada um desejado por Ele e por nós. Com o auxílio da graça, pudemos nos manter dispostos e abertos a ser colaboradores na missão de gerar filhos de Deus e nossos.
Dizer que o caminho da abertura à vida foi fácil, seria muito leviano e inconsistente. Foi difícil, trabalhoso e sofrido, como tudo o que realmente é precioso e importante na vida matrimonial, profissional, espiritual. Mas, houve uma imensidão de momentos maravilhosos e inesquecíveis, que só quem constitui uma grande família pode experimentar. Ouvimos muitas piadas, gracejos e até ofensas, por termos tantos filhos. Mas, isso, ao invés de nos acovardar, era um estímulo a manter-nos abertos à vida e fiéis ao Sim dado à pergunta que nos foi feita no matrimônio: “Aceitais de bom grado os filhos que Deus vos enviar?”
Hoje, já colhemos muitos frutos preciosos, dessa escolha. Nossos filhos mais velhos já estão casados, todos abertos à vida, e já nasceram 15 netos! Só pedimos a Deus a graça de, por muitos anos, acompanhar o crescimento desta maravilhosa família que construímos com Ele, Pai de Amor e Misericórdia.
Família Freitas Pereira
Sou Adriana, tenho 46 anos, e casada, há 30 anos, com Maycon Pereira, e temos 10 filhos: 8 aqui 2 com Deus. Nosso primeiro filho nasceu prematuro, viveu 27 dias e retornou a casa do Pai! Mas, Deus, na sua infinita misericórdia, logo nos permitiu outra gestação. Já tinha 3 filhos (Eduarda, Maria, Pedro), quando, pelo Caminho Neocatecumenal, fui convidada a, assim como Maria, deixar Deus agir e aceitar sua vontade em minha vida, principalmente, a ser aberta para a vida. Eu e meu esposo fomos tocados pela verdade que filhos são dom de Deus e ele que saberia conduzir a nossa história. Então, Deus nos permitiu mais 6 gestações e uma que foi interrompida naturalmente. Sofri muito com essa perda, mas, Deus sabe o motivo porque o permitiu.
Hoje, vejo que irmãos é o maior presente que se pode dar aos filhos. Um exemplo: Meu marido, aos 32 anos, perdeu os rins e sua irmã é quem foi doadora para ele, com 100% de compatibilidade. Ele também vem de uma família numerosa, com 6 irmãos. Assim Deus tem conduzido nossa história e é essa herança que deixo para meus filhos: a maior riqueza é a Palavra de Deus e deixar que seja feita a sua vontade.
Com isso, concluímos a reflexão sobre o Sacramento do Matrimônio, mas, não esgotamos o assunto. Pedimos que estudem sobre isso no Catecismo, nos Documentos da Igreja e em outras fontes seguras. Quanto mais conhecermos a grandeza desse sacramento, tanto mais iremos amar a vocação ao matrimonio e tanto mais ajudamos a Igreja em sua grande missão evangelizadora.
*Flávia e seu esposo Luciano são membros da União de Famílias de Schoenstatt
Muito lindo esses testemunhos sobre o sacramento do matrimônio. Deus seja louvado e a igreja engrandecida
Vocês são luz, testemunhos vivos, que o mundo observa e vê em vocês concretamente a recompensa que Deus dá aos que Nele confiam e esperam. Esse testemunho cala o discurso do maligno que convense tantos que para ser feliz é melhor não ter filhos, ou ter um só para que você possa dar tudo do melhor para ele. Ilusão ! Olhem para as fotos dessas famílias e tente ilustrar a felicidade melhor que isso.