O Sacramento do Batismo
Flávia C. Ghelardi* – Esse artigo faz parte da série sobre os Sacramentos da Igreja Católica. Hoje, iniciamos o estudo sobre o Sacramento do Batismo, que nos introduz na Aliança com Deus, nos torna um só corpo em Jesus, portanto, nos torna verdadeiramente filhos de Deus, filhos de Maria.
O Batismo é o primeiro sacramento que podemos receber, a porta que abre o acesso aos demais sacramentos. “Pelo Batismo somos libertados do pecado e regenerados como filhos de Deus, tornamo-nos membros de Cristo, somos incorporados à Igreja e feitos participantes da sua missão”. (Catecismo da Igreja Católica – CIC – 1213).
A espiritualidade e todas as atividades do Movimento Apostólico de Schoenstatt tem como objetivo nos ajudar a viver conscientemente a Aliança que selamos no sacramento do batismo.
O pecado original
Todo ser humano, ao ser concebido, herda o pecado original, aquela rebeldia de nossos primeiros pais, Adão e Eva, que não aceitaram a condição de serem criaturas e, desobedecendo, quiseram se tornar outros deuses. Foi uma falta de confiança no Criador, que os advertiu sobre as consequências da desobediência. “Neste pecado, o homem preferiu a si mesmo a Deus, e com isso, menosprezou a Deus: optou por si mesmo contra Deus, contrariando as exigências de seu estado de criatura e consequentemente de seu próprio bem.” (CIC 399).
Para a Igreja, essa transmissão do pecado original é um mistério que não somos capazes de compreender totalmente. São Paulo afirma que “Pela desobediência de um só homem, todos se tornaram pecadores” (Rm 5,19) e ainda “Como por meio de um só homem o pecado entrou no mundo, e pelo pecado, a morte, assim a morte passou para todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5,12). Como Adão e Eva pecaram e ficaram privados da graça santificante, assim, nós, sua descendência, ao sermos concebidos também já estamos privados da santidade e justiça originais.
Apesar de ser um mistério e até de poder parecer um pouco “injusto”, herdarmos algo que não fomos diretamente culpados, há uma reflexão que pode ajudar a entender essa “herança”: é que, qualquer um de nós, se estivéssemos no lugar de Adão e Eva, teríamos cometido o mesmo pecado, então, também devemos arcar com as consequências.
Libertação do pecado
Mas, a boa notícia é que o Batismo nos liberta desse pecado e nos abre a porta do Céu! “Este sacramento é também chamado ‘o banho da regeneração e da renovação no Espírito Santo’ (Tt 3,5), pois ele significa e realiza este nascimento a partir da água e do Espírito, sem o qual ‘ninguém pode entrar no Reino de Deus’ (Jo 3,5)” (CIC 1215)
O Batismo na Igreja
Jesus ordenou que os seus apóstolos batizassem: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.” (Mateus 28, 19) Por isso, desde o dia de Pentecostes, a Igreja celebrou e administrou o santo Batismo. Os Apóstolos e seus colaboradores oferecem o Batismo a todo aquele que crer em Jesus, não importa se for judeu ou pagão. (CCC1226). Pelo Batismo, a pessoa compartilha a morte de Cristo; é sepultado e ressuscita com ele, como nos diz São Paulo: “Batizados em Cristo Jesus, em sua morte é que fomos batizados. Portanto, pelo Batismo fomos sepultados com ele na morte para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos vida nova” (Rm 6,3-4).
Testemunho
João Luiz Pozzobon é exemplo de quem sabe valorizar o próprio batismo e ajudar a Igreja a realizar o pedido de Jesus. Só um exemplo: “Era hábito do Sr. João, ao visitar as famílias com a Peregrina, levar um caderno, onde anotava o dia em que a Mãe de Deus chegava à casa, o nome do lugar, se eram casados, quantos filhos tinham, se eram batizados e quantas pessoas participavam do encontro.
Ele aceitou se preparar para o diaconato quando percebeu que os padres não conseguiam dar conta de ministrar os sacramentos fundamentais. Só nos primeiros de seu trabalho diaconal, João Luiz Pozzobon batizou 695 pessoas.[1]
Palavras do Pe. Kentenich
“O rito batismal é inteiramente sacramental e, portanto, também simbólico. O que ele significa? O que recorda o rito batismal, o batizando recorda Jesus na hora da morte; o batizando (recorda) o Redentor, Jesus ressuscitado (Cf. Rm 6, 4; Cl 2, 12). Os sacramentos efetuam o que expressam. O batizando debaixo de água, a morte. O batizando por cima da água, a ressurreição. Os sacramentos efetuam nossa participação na vida sofredora e ressuscitada de Jesus. São tão profundas as ideias que a dogmática nos apresenta. Precisamos lançar novamente este fundamento.”[2]
No próximo artigo falaremos mais sobre as graças recebidas por este maravilhoso sacramento.
[1] Cfr. Biografia Herói hoje, não amanhã, Esteban J. Uriburu
[2] Brasil Tabor 1, Tabor Nossa Missão, pg. 159 , 2 de setembro de 1947, 1a conferência, Santa Maria/RS
Texto com a colaboração de Ir. M. Nilza P. da Silva
*Flávia e seu esposo Luciano são membros da União de Famílias de Schoenstatt