O pensar orgânico contra o pensar mecanicista.
Karen Bueno – Com a vivência do Terceiro Marco Histórico de Schoenstatt, o 31 de Maio de 1949, surge uma grande característica e missão da espiritualidade de Schoenstatt para a Igreja e o mundo: a “Cruzada do pensar, amar e viver orgânicos”. Trata-se da luta por uma vida orgânica sadia, que enfrenta o pensar mecanicista que afeta a sociedade e forma homens-massa, separando o que é inseparável e afastando Deus da vida diária.
O pensar mecanicista
Segundo o Pe. José Kentenich, é uma linha de pensamento que separa processos vitais que pertencem um ao outro, que são inseparáveis, por exemplo:
– Separa as ideias da vida, a cabeça do coração;
– Separa a ação homem da ação de Deus, afastando Deus da vida diária;
– Separa os aspectos intelectuais, emocionais, físicos, psicológicos e espirituais do crescimento e da vida humana;
– Separa os atos de suas consequências.
É um pensar desarticulado, uma mentalidade que separa a mente do coração, a religião da vida, a pessoa da comunidade e as ações das consequências. Por exemplo: quando a pessoa age de determinada forma em sua casa, mas tem uma vida dupla, faz coisas diferentes quando está fora, age de forma mecânica.
O pensar mecanicista é fruto, entre outras coisas, do coletivismo, ou seja, da influência das massas. É quando uma pessoa se deixa levar pelas outras, pensa como todo mundo e não capta o que há de essencial por trás de certas coisas. Isso acontece muitas vezes pelas ideologias que são inseridas no cotidiano, nas revistas, novelas, propagandas, etc.
O pensar orgânico
É a resposta para os males criados pelo pensar mecanicista. Trata-se de um processo vital, natural, nada é inserido à força e nem por manipulação. Vinculação é uma palavra-chave, já que a união a determinado lugar, pessoa, a você mesmo, a Deus, te leva a crescer no amor naturalmente.
Por exemplo: Se sou vinculado à determinada igreja, sempre vou colaborar com ela e me dedicar para que cresça; se me preocupo comigo mesmo, realizo ações que fazem bem para minha saúde física e mental; quanto mais unido a Deus estou, mais quero me aproximar dele e demonstrar meu amor.
Pe. Jonathan Niehaus indica algumas características do pensar orgânico: A vida tende a crescer vagarosamente, de dentro para fora. É simbólico, pois considera que nem tudo pode ser expresso de maneira racional. Integra os campos intelectuais, emocionais, psicológicos e espirituais da vida e do crescimento humano, de maneira sadia. É centralizado em um ideal específico. Considera que há perspectivas diferentes para a mesma verdade; vê que as ideias, pessoas e os processos vitais se complementam e reúne-os num só, enquanto respeita a contribuição individual de cada um.
Como chegar a um pensar orgânico? Pe. Niehaus lista alguns exemplo bem práticos para isso:
– Lançar raízes em um lugar.
– Cortejar minha história em relação com Deus.
– Amizade humana.
– Consciência de missão e a busca de seu ideal pessoal.
– Lazer sadio e tempo de férias, especialmente em contato com a natureza.
– Ser mais vigilante sobre o uso de televisão e rádio.
– Celebrar os acontecimentos em minha vida e na vida de minha família e amigos.
– Ter um Santuário-Lar ou um “cantinho de oração”.
– Ver Deus por detrás das autoridades que ele colocou na minha vida (pai e mãe, chefe, professor, etc.)
– Ver Deus por detrás daqueles que foram confiados aos meus cuidados (especialmente meus filhos).
– Ver liberdade como ‘liberdade para’ e não somente ‘liberdade de’.
– Aprender mais sobre meu temperamento e personalidade
– Crescer na devoção a Maria e aos santos.
– Crescer no amor a Jesus eucarístico e participar regularmente da Santa Missa.
Dica de leitura:
A Cruzada do do pensar, amar e viver orgânicos é um tema amplo, que envolve muitos aspectos. Para quem deseja se aprofundar a dica é o livro:
O 31 de Maio – O Terceiro Marco. Pe. Jonathan Niehaus. Editado no Brasil pelo Instituto de Famílias de Schoenstatt. Editora Grafmark, Londrina/PR: 1995.