O que tenho em meu interior para oferecer ao meu cônjuge?
Ronaldo e Adriana Cominato – Parece que o mandamento n◦1 do nosso tempo é: É necessário comunicar-se, mesmo quando não se tem muito para dizer!
Podemos observar que no mundo atual se fala muito, mas se dialoga pouco.
“A falta de contato, vínculos – afirma nosso Pai e Fundador, Pe. José Kentenich – é a grande chaga de nossa cultura”. Ele nos diz no Documento de Pré-Fundação: “Quanto mais progresso exterior, tanto mais aprofundamento interno”.
Na Exortação Apostólica do Papa Francisco Amoris Laetitia, lemos: “Quando cada um dos cônjuges não cultiva o próprio espírito e não há uma variedade de relações com outras pessoas, a vida familiar torna-se endogâmica e o diálogo empobrecido” (141).
O primeiro ponto que podemos ressaltar na questão do diálogo conjugal é que o diálogo verdadeiro deve ser expressão do que se passa no interior, a necessidade de que cada um se esforce em cultivar o seu próprio espírito, pois um bom diálogo não pode se restringir em apontar os defeitos do outro ou, como dizem, “lavar roupa suja”, (ainda que algumas vezes possamos ter algo para reivindicar). Trata-se de olhar para o interior do outro com amor. É essencial sempre pensar: O que tenho em meu interior para oferecer ao meu cônjuge?
É por meio desse diálogo que cultivamos a essência do nosso casamento. Ele é uma pausa criadora no ritmo da vida matrimonial e familiar.
Mas, como cultivá-lo, numa rotina exigente? Como organizar o tempo, tendo quatro filhos e morando em São Paulo?
Parece inviável, porém, quando nos deparamos com essas questões, temos a certeza de que somos chamados a lutar numa contra-corrente. Temos a convicção de que o diálogo é fundamental e, sendo assim, precisamos ser criativos!
Somos muito gratos hoje a Deus pelo nosso tempo de namoro, pois foi uma fase onde conversávamos muito, tínhamos até um caderno que ficava uma semana com cada um para escrevermos um para o outro, isso educou-nos a sempre falarmos coisas do coração.
No início do matrimônio o cultivo do diálogo foi sempre muito positivo, estávamos ali inteiramente, um para o outro. Tudo mudou com a chegada de nossa primeira filha; com nossa falta de experiência, o tempo sempre parecia ser curto para tudo que devia ser feito, inclusive para o diálogo. Porém, quem ama sempre encontra novas expressões de amor e a própria rotina e os cuidados, a educação dos filhos podem transformar-se em dinâmica que renova e fortalece o amor.
Começar e recomeçar a cada dia! Montesquieu dizia: “…é mais fácil conquistar do que conservar a conquista”. Para nós sempre foi assim na prática de nosso diálogo matrimonial, onde lutamos para que aconteça toda semana. É inevitável que cada escolha venha acompanhada de uma renúncia, que pode ser muitas vezes a renúncia do descanso e da comodidade.
Concretamente, como reservar tempo de qualidade, que permita escutar com paciência e atenção o outro até que tenha manifestado o que precisava comunicar?
Muitas vezes, nosso diálogo foi o olhar carinhoso de um para o outro, esgotados enquanto fazíamos nossos bebês dormirem de madrugada. Outras vezes dialogamos enquanto preparávamos o jantar juntos, aproveitando que os pequenos estavam brincando e as maiores estavam estudando, ou sentados no banco de algum parque. Ainda houve sim muitas vezes em que não pudemos emitir palavras e fizemos como nossa Mãe, “guardamos tudo em nosso coração”. Atualmente estamos em uma fase mais “tranquila”, pois nossos filhos são maiores e é possível marcar uma data semanal para termos nosso tempo a dois.
Em cada realidade da vida que nos foi sendo apresentada e até hoje, sabendo que o diálogo é muito importante, sempre recorremos à criatividade.
Onde conseguimos forças para ser criativos?
A resposta é o Santuário Lar, é lá que a Mãe de Deus leva a graça do sacramento do matrimônio à plena realização. Nele cultivamos a oração e diariamente renovamos a Aliança de Amor, assim renovando as forças.
Não temos tempo! Essa frase não pode existir em nossa vida matrimonial, pois, como lemos certa vez nos agradecimentos de um livro: “Quem não estiver preparado para perder o trivial, não é digno de conquistar o essencial. E se formos amigos da sabedoria, descobriremos que o essencial são as pessoas que amamos”.
Ter um rico e fecundo diálogo nos leva a enfrentar juntos tudo o que nos é apresentado dia após dia, alegrias e dificuldades.
Por isso, sempre ressaltamos a necessidade de que cada casal estabeleça em sua vida – cada um com seu estilo e dentro de sua realidade – o costume de dialogar, se possível com uma periodicidade semanal, com dia e hora marcados para esse encontro.
Somos testemunhas do bem que esse “tempo a dois” faz em nossa vida e na vida de nossa família.
* Ronaldo e Adriana Cominato são de São Paulo/SP, do Instituto de Famílias de Schoenstatt
Foto: Hian Oliveira, via unsplash.com
Adoreiio artigo,gostaria de saber se vcs promovem diálogos conjugal presencial? Como um retiro.
Grata no aguardo
A família é tudo a vida a dois tem é muito importante Deus abençoe sempre os casais