Flávia C. Ghelardi* – Neste artigo continuamos nossa reflexão sobre o Sacramento do Batismo. No anterior, vimos do que o batismo nos liberta, neste, veremos rapidamente as graças que o batismo nos presenteia:
A remissão dos pecados
“Pelo Batismo, todos os pecados são perdoados: o pecado original e todos os pecados pessoais, bem como todas as penas do pecado”. (CIC 1263). Isso significa que mesmo uma pessoa adulta, que já tenha cometido inúmeros pecados, se ela se converter e for batizada, além do pecado original, todos os seus pecados são perdoados e as penas relativas a esses pecados também são apagadas. Dessa forma, se a pessoa morrer naquele momento, vai diretamente para o Céu, nem vai precisar expiar as penas de seus pecados no purgatório.
O que continua existindo para o batizado são as consequências temporais do pecado, como o sofrimento, a morte e a propensão para o pecado, também chamada de concupiscência. Porém, o Céu foi aberto para todo batizado. Assim, mesmo com as lutas – principalmente por meio das lutas – contra essas tendências para o pecado e as imperfeições, em virtude da graça recebida neste sacramento e de todas as graças que recebe ao longo da vida, é possível chegar à plena felicidade no Paraíso.
Tornamo-nos uma criatura nova. “O Batismo não somente purifica de todos os pecados, mas, também faz do neófito (nome dado ao recém batizado) uma criatura nova, um filho adotivo de Deus que se tornou participante da natureza divina, membro de Cristo e co-herdeiro com ele, templo do Espírito Santo.” (CIC 1265)
A Filiação Divina
Quantas bênçãos em uma só frase! Pelo Batismo nos tornamos filhos de Deus. Podemos chamar a Deus de “Abba – Paizinho”, como Jesus, o Filho Unigenito faz. Como Jesus nos ensinou a rezar, podemos chamar Deus de “Pai nosso”. Passamos de criaturas, para filhos. Como filhos, participamos de alguma forma da própria natureza divina. A filiação divina nos é dada porque o batismo nos insere na nova e eterna Aliança selada por Jesus.
Como filhos, somos também herdeiros. Mas herdeiros do que? Do Céu! Da eterna felicidade que podemos alcançar na vida eterna, se decidirmos amar a Deus e viver de acordo com a graça recebida nesse sacramento.
A fé, esperança e caridade
A graça santificante dada pela Santíssima Trindade ao batizado torna-o capaz de crer em Deus, infundindo nele as virtudes teologais, da fé, esperança e caridade; concede-lhe o poder de viver e agir sob a influencia do Espírito Santo e seus dons e permite-lhe crescer no bem pelas virtudes morais (CIC 1266)
Somos Incorporados à Igreja, Corpo de Cristo
Pelo Batismo, nos tornarmos membros do Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja. Isso significa que o que um membro faz interfere em todo o Corpo. Da mesma forma que uma unha encravada causa dor e desconforto no corpo todo, um batizado que não vive a sua fé, prejudica todos os outros batizados. Mas, também, a santidade de um dos membros da Igreja beneficia todos os outros.
No livro de oração Rumo ao Céu, escrito no campo de concentração de Dachau, o Pe. José Kentenich expressa essa pertença dizendo: “Tão íntima e fielmente estou unido a eles, que uma voz dentro de mim sempre me diz: o teu ser e a tua vida repercutem neles, determinam sua desgraça ou aumentam sua felicidade.” (RC 471)
Essa deveria ser a consciência de cada um de nós, batizados: saber que nossas atitudes influenciam tanto para o bem, como para o mal, todos aqueles que fazem parte dessa grande família que é a Igreja de Cristo. Por isso a luta contra toda mediocridade e a luta pela santidade, beneficia não só a nós, mas a todos aqueles que nos rodeiam.
Um sinal espiritual que não se apaga
“O Batismo sela o cristão cum um sinal indelével de sua pertença a Cristo. Pecado algum apaga essa marca, se bem que possa impedir o Batismo de produzir frutos de salvação. Dado uma vez por todos, o Batismo não pode ser retirado”. (CIC 1272)
Nossa alma fica marcada eternamente com o selo do Batismo, como membros de Cristo. Assim, mesmo se decidirmos não amar a Deus e recusarmos a salvação, escolhendo o inferno, lá permaneceremos com essa marca de batizados.
Selamos uma única Aliança
Quando se fala da Aliança de Amor com Maria em Schoenstatt, fala-se da mesma aliança selada no batismo. No Santuário Original, na fundação de Schoenstatt, Deus se manifesta novamente à humanidade, por meio de Maria, com um carisma específico e introduz os seus congregados, de maneira especial, na grande corrente universal de Aliança.
Quando uma pessoa se consagra à Maria no Santuário, ela realiza uma renovação consciente de sua consagração batismal. Como Mãe, Maria quer alimentar a vida divina gerada em cada um pelo batismo, conservando e educando os corações de seus filhos sempre junto a Cristo.
Assim afirma o Fundador: “Cada aliança que selamos e renovamos com Maria significa, para nosso pensar e querer, uma nova decisão, livremente tomada, por Cristo, sua pessoa, seus interesses e seu reino (…) inclui um novo, vigoroso movimento da vontade (…) inclui uma decisão nova por ele, o Rei do mundo e dos corações. Inclui também um movimento de graças, que vem do alto (…), é sinônimo de um crescimento mais profundo na comunidade estreita de amor entre nós e o Deus Trino”.[1]
Leia também:
Pela Aliança de Amor, renovamos o batismo
A Aliança de Amor nos forma à imagem de Cristo
Ir. M. Emilie e o batismo
Ir. M. Emilie Engel sentia profundamente essa graça da filiação divina recebida no seu Batismo. Ela sabia que era amada pelo Pai com amor inifinito, como sua filha predileta. Por isso, podia rezar:
“Pai, eu creio que desde a eternidade e para toda a eternidade me elegeste como tua filha predileta. Porém, não posso sê-lo, nem chegar à plenitude, sem uma dolorosa purificação de minha natureza enferma. Peço-te, querido Pai, realiza em mim, tua filha, este processo de purificação! Bate, corta, queima, porém, deixa-me ser uma pequena Maria, ser uma contigo. Sim, deixa-me perder-me completamente em ti. (…)
Peço-te, querido Pai, envia-me a medida de amor e sofrimento que previste para tua filha. (…) Pai, toma-me e faze com que me entregue totalmente a ti por nosso Pai e sua Obra de Schoenstatt, em especial pela santificação da nossa Família de Irmãs, de minha família natural, de todos que foram e são meus, de nossa Pátria e de toda a santa Igreja.”[2]
Conclusão com palavras do Pe. Kentenich
Desde que a fé conhece um Deus que é trino, uma vida divina intratrinitária, desde que a fé nos revelou a Boa-nova de uma participação misteriosa na vida divina intratrinitária, que nos foi dada pela implantação no Filho de Deus feito homem, pelo batismo, os conceitos “pai” e “filho” na Aliança divina adquiriram um cunho característico, uma profundidade misteriosa, um enriquecimento admirável[3].
É difícil abranger tanta profundidade em um único texto. Para mais aprofundamento indicamos a leitura da explicação deste sacramento no Catecismo da Igreja https://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p2s2cap1_1210-1419_po.html#ARTIGO_1_ e os livros do Movimento A. de Schoenstatt: Santidade da Vida diária (Cap 1, parte 3: A Filiação Divina), Meu coração, teu Santuário, Em Aliança com a Santíssima Trindade
No próximo artigo trataremos do rito do batismo e como podemos celebrar e viver melhor essa grande graça de sermos batizados.
Texto com a colaboração de Ir. M. Nilza P. da Silva
*Flávia e seu esposo Luciano são membros da União de Famílias de Schoenstatt
[1] Este parágrafo acima, é de um artigo deste site: https://schoenstatt.org.br/2024/02/18/pela-alianca-de-amor-sempre-se-renova-o-batismo/
[2] Meu sim é para sempre, Ir. Emilie Engel. (pg 205 – cuidado pelas irmãs enfermas)
[3] Abrigado em Deus Pai, pg 46 (A filiação divina no novo testamento)
Uma filha Maria ,jamais perecerá!
Maria passa á frente de todas situções!
Schoesntatt, nossa missão!