Casa de Matias e Ana Maria, onde o Pe. Kentenich nasceu – Hoje um memorial visitado pela Família de Schoenstatt
Conhecendo a história.
Karen Bueno – “Bem-aventuradas aquelas famílias que têm um avô próximo! O avô é pai duas vezes e a avó é mãe duas vezes” – assim dizia o Papa Francisco em seu encontro com os anciãos e avós (28/09/2014). Neste dia, 26 de julho, em que a Igreja celebra São Joaquim e Santa Ana, os avós de Jesus, também é ocasião de celebrar essas figuras tão importantes na vida das famílias.
Descobrindo a história do Movimento Apostólico de Schoenstatt, percebe-se, também, como os avós têm aí um papel importante. Estamos falando de Matias e Ana Maria Kentenich, os avós do Pai e Fundador, que desde muito cedo tiveram grande influência na vida do Pe. José Kentenich, ajudando a cultivar o solo fecundo que um dia o Bom Deus usaria para semear um novo Movimento para a Igreja.
A pesquisadora Ir. M. Doria Schlickmann descreve o que descobriu sobre os primeiros anos de vida do Pe. Kentenich: “A atitude cristã e social dos avós e os costumes religiosos cultivados em casa marcaram a primeira infância do pequeno José. Cuidados e ajuda aos outros, empenho em favor dos pobres e fracos, disponibilidade para acudir aos necessitados sem temer sacrifícios, fortaleza de caráter, bondade e religiosidade, assim como o amor a Maria, estavam profundamente enraizados na casa dos avós”.
Os avós
Matias Kentenich e Ana Maria Blatzheim se casaram em Gymnich, uma pequena aldeia a sudeste de Colônia, em 1844. Pouco depois do casamento, o avô comprou uma casa simples, que tinha, em sua propriedade, um celeiro, um pátio, uma horta e uma pequena cocheira para um ou dois cavalos de carga. Como em toda a aldeia, a situação era de pobreza. A modesta casa, de enxaimel e paredes de tijolo, tinha apenas meio porão. Consistia em uma cozinha, uma pequena sala de trabalho, porão, sótão e duas pequenas dependências, usadas como sala de estar, de jantar e dormitório.
O casal teve oito filhos e, apesar de viverem em difícil situação econômica, os avós Kentenich acolheram mais três netos, que criaram junto de si. O Pe. José Kentenich nasceu na casa de Matias e Ana Maria, onde passou os primeiros anos de vida. Ali cresceu, sob os cuidados da sua mãe, Catarina Kentenich, a filha mais nova do casal. Em Gymnich todos se conheciam e durante aqueles anos, a personalidade de José Kentenich recebe uma marca decisiva, não por último na convivência com os familiares mais próximos, conhecidos e parentes.
O avô vendia pequenas quantidades de produtos agrícolas, como ovos, frutas, verduras e batatas que transportava, na sua carroça, para Colônia e arredores. Ele era considerado uma personalidade de caráter severo e reto, uma pessoa de respeito na família. José Kentenich não conviveu muito tempo com o avô, pois, antes do menino completar três anos, Matias faleceu de “água no peito”, ou seja, de “pleurisia” – possivelmente foi usada essa expressão velada para indicar tuberculose pulmonar ou outra enfermidade. Mesmo assim, o avô representava uma figura paterna para os netos que conviviam na casa. Ao que parece, os meninos sentiam-se seguros com ele, porque à noite se divertiam em cima dos colchões de palha, brincavam de esconde-esconde pela casa e diziam tudo o que pensavam.
Ana Maria, a avó, era vista como uma mulher cheia de bondade, profundamente religiosa e dedicava um amor especial à Mãe de Deus. Os parentes recordam que todas as noites percorria a casa com um raminho de planta e água benta, para abençoá-la, segundo um antigo costume das zonas rurais. Henriqueta Esser conta que a avó era “uma mulher toda apoiada em Deus” e “muito mansa”. “Não podíamos falar alto, ela não gostava. Era muito piedosa e também rezava conosco, crianças. Tínhamos que nos colocar na sua frente e ela ensinava-nos oraçõezinhas de criança: ‘Meu pequeno Menino Jesus’…, ‘Santo anjo do Senhor…’. Depois fazia-nos decorar as verdades da fé e, em vez da oração da manhã, fazia-nos perguntas de catecismo: Por que estás na terra? Quantas Pessoas Divinas há? Quem te criou,… redimiu,… santificou? … Quantos sacramentos há? … Quais são? Às vezes ainda estávamos com muito sono, então ela dizia: ‘Vamos, ainda vão demorar?’ E nós respondíamos, sonolentos, arrastando as sílabas: ‘Os sete sacramentos: o Batismo…”’.
Enquanto descascava batatas, a avó costumava enfileirar os ‘olhos’ que extraía delas. Quando lhe perguntavam o que estava fazendo, respondia: “Psit! Estou rezando o terço”. A relação da avó com o pequeno José era harmoniosa, de carinho mútuo, como Pedro Hesseler, amigo de férias, dá a entender nas suas memórias: “Ele (José) dava-se bem com a avó. Ela também nunca ralhava com ele”. A bondosa mulher acolhera a criança no coração.
Após a morte do marido Matias, Ana Maria ficou sozinha até idade avançada, cuidando dos que moravam com ela. Em 1906, mudou-se para a casa da filha mais velha, em Nörvenich, onde faleceu, no dia 29 de janeiro de 1909, aos 90 anos. Ela não vivenciou, portanto, a ordenação sacerdotal de seu neto José, em 1910.
Nós os agradecemos!
A Família de Schoenstatt expressa gratidão ao casal Kentenich, por ajudar a cuidar, preparar e desenvolver o Pai e Fundador da Obra Internacional. Em 1926, quando os dois já haviam falecido, a Sra. Catarina Kentenich escreveu, em uma carta, ao seu filho: “Como seus avós vão alegrar-se contigo e rezar por ti!”. Hoje, após tantos anos, permanece a missão a todos os filhos de Schoenstatt, inspirados no Fundador, de buscar uma vida de santidade, a ponto de causar muita alegria aos avós Kentenich, que certamente olham do céu para os seus muitos “netos espirituais”.
Pesquisa histórica:
Os Anos Ocultos – Padre José Kentenich infância e juventude (1885-1910). Dorthea M. Schlickmann. Sociedade Mãe e Rainha, 1ª edição, 2008.
Publicado desde 2017
Fiquei muito feliz emocionada por saber mais um pouquinho do pai fundador padre JOSÉ KENTENICH obrigado!