Flávia C. Ghelardi* – Neste artigo da série sobre os Sacramentos da Igreja Católica, continuamos nossas reflexões sobre o Sacramento do Batismo e vamos detalhar todo o rito desse maravilhoso sacramento, que nos torna filhos de Deus, irmãos de Jesus, membros da Igreja.
Simbologia da celebração
“O significado e a graça do sacramento do Batismo aparecem com clareza em seu rito de celebração. É acompanhando com uma participação atenta, os gestos e as palavras desta celebração que os fiéis são iniciados nas riquezas que este sacramento significa e realiza em cada novo batizado” (CIC 1234) O Batismo pode ser administrado tanto dentro de uma Santa Missa como somente pelo rito batismal, fora da celebração eucarística.
O Rito do Batismo
1. Sinal da cruz: é feito na testa do batizando e assinala a marca de Cristo a quem ele vai pertencer
2. Anúncio da Palavra de Deus: ilumina com a verdade revelada os participantes e suscita uma resposta de fé, que é inseparável do Batismo, afinal este é o sacramento da fé.
3. Exorcismos: como o Batismo significa a libertação do pecado e da influência do demônio, são pronunciados um ou vários exorcismos. Neste momento o batizando é ungido com o óleo dos catecúmenos e o batizando (se for adulto) ou os pais e padrinhos (se for criança) renunciam expressamente a Satanás. Logo após, pela oração do Creio, professam a fé da Igreja, à qual o batizado será confiado.
4. Consagração da água: a água batismal é consagrada com uma oração própria. “A Igreja pede a Deus que, por seu Filho, o poder do Espírito Santo desça sobre a água, para os que forem batizados nela nasçam da água e do Espírito” (CIC 1238)
5. Pela imersão batismal se dá o batismo propriamente dito. O celebrante do batismo mergulha – por 3 vezes – o batizando na água, dizendo: “Eu te batizo (nome do batizando) em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Pode também derramar a água batismal – por 3 vezes – na cabeça do batizando. Nesse momento, se o batizando for criança, é a madrinha que a segura no colo.
6. Unção com o santo crisma: este óleo consagrado pelo Bispo na Quinta-Feira Santa, significa o dom do Espírito Santo ao novo batizado. O ministro unge o peito do batizado com esse óleo. Assim o batizado “torna-se cristão, isto é, ungido do Espírito Santo, incorporado a Cristo, que é ungido sacerdote, profeta e rei”. (CIC 1241)
7. Veste branca e vela acesa: a veste branca simboliza que o batizado “revestiu-se de cristo”. Se ele não estiver com roupa branca, é colocado sobre ele um tecido branco para representar essa veste. A vela, acesa no círio pascal e segurada pelo padrinho, significa que Cristo ilumina o batizado.
8. Oração do Pai Nosso: o batizado (ou seus pais e padrinhos), junto com as pessoas presentes, rezam, como filhos de Deus, a oração que Jesus nos ensinou.
9. Bênção solene: esta bênção conclui a celebração do Batismo
Quem pode receber o batismo?
Qualquer pessoa que ainda não tenha sido batizada. No caso de pessoas convertidas de outras denominações cristãs, o sacerdote irá primeiro verificar se o batismo recebido em outra igreja não católica foi válido, ou seja, se possuiu os elementos essenciais: a água e as palavras de batizar em nome da Santíssima Trindade. Se recebeu o batismo válido, não há necessidade de novo batismo na Igreja Católica.
A importância do batismo das crianças
O Batismo é o sacramento que nos torna filhos de Deus, assim os pais cristãos devem se preocupar de levar seus filhos à pia batismal o quanto antes. Essa afirmação do século II é continuada na Igreja atual:
“Por nascerem com uma natureza humana decaída e manchada pelo pecado original, também as crianças precisam do novo nascimento no Batismo, a fim de serem libertadas do poder das trevas e serem transferidas para o domínio da liberdade dos filhos de Deus, para a qual todos os homens são chamados.” (CIC 1250)
Quem pode batizar?
Normalmente o batismo é feito pelo Bispo, sacerdote e o diácono. Mas, em caso de necessidade, qualquer pessoa – mesmo se não for batizada – desde que tenha intenção de batizar como a Igreja batiza, pode batizar, utilizando água e a fórmula de dizer que batiza em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A Igreja permite isso porque esse sacramento é necessário para a salvação. Então, em risco de morte iminente, o Batismo pode ser realizado dessa forma.
Necessidade do Batismo
O próprio Jesus ensina que o Batismo é necessário para a salvação e ordenou seus discípulos que, junto com o anúncio do Evangelho, batizassem todas as pessoas. “O Batismo é necessário, para a salvação, para aqueles aos quais o Evangelho foi anunciado e que tiveram a possibilidade de pedir esse sacramento. A Igreja não conhece outro meio senão o Batismo para garantir a entrada na bem-aventurança eterna… Deus vinculou a salvação ao sacramento do Batismo…” (CIC 1257)
O que acontece com que morre sem ser batizado?
Quanto as pessoas que morrem sem o batismo, a Igreja ensina que:
Os que morrem em razão da fé, mesmo sem terem sido batizados, são batizadas por sua morte por e com Cristo, no que é chamado Batismo de sangue, assim recebem os frutos deste sacramento. (CIC 1258)
Os catecúmenos (que estão se preparando para serem batizados) se morrem antes de receber esse sacramento, como tiveram o desejo explícito de recebê-lo, juntamente com o arrependimento de seus pecados e a caridade, também lhes é garantida a possibilidade de salvação. (CIC 1259)
Aqueles que, desconhecendo o Evangelho de Cristo e sua Igreja, viveram buscando a verdade e praticam a vontade de Deus, segundo o seu conhecimento e sua consciência, também podem ser salvos. Há a suposição que tais pessoas teriam desejado ser batizados, se soubessem da necessidade dele para a salvação. (CIC 1260)
As crianças que morrem sem o Batismo, a Igreja as confia à misericórdia de Deus. As palavras de Jesus “Deixai vir a mim as criancinhas”, permite crer que há um caminho de salvação para elas. (CIC 1261)
Aliança de Amor
Toda espiritualidade e carisma só tem sentido se ajudar a viver melhor e de modo consciente o sacramento do batismo. Por isso, na preparação para a Aliança de Amor estudamos as Alianças de Deus com a humanidade, até chegarmos a Aliança Eterna, na qual somos inseridos pelo batismo. Selar a Aliança de Amor é enlaçar a vida batismal à Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt, para que, pelo Santuário, ela nos ajude a educar-nos como vivas imagens de Jesus.
O Batismo do Pe. Kentenich
Pe. José Kentenich nasceu no dia 16 de novembro de 1885, na aldeia de Gymnich, Alemanha. Nestes dias, a aldeia está em quermesse em virtude da festa do padroeiro, São Cuniberto, celebrado no dia 12 de novembro, então ele foi registrado no dia 18 de novembro, pois as repartições públicas estavam fechadas. Neste mesmo dia, com apenas dois dias de nascido, recebeu o Santo Batismo, na Igreja Paroquial São Cuniberto. O menino recebeu o nome de Pedro José, como o cunhado da mãe e seu padrinho, Pedro José Peters, e como o único irmão da mãe ainda vivo. A madrinha foi a avó, Ana Maria Kentenich.[1]
Palavras do Pe. Kentenich:
“Não é por si evidente que nós, como cristãos e católicos, que somos mergulhados no mar das graças? Já pelo sacramento do batismo recebemos a vida divina, participamos da vida do Salvador. Se deixarmos atuar em nós o exército todo dos sacramentos, então encontraremos que todas as profundas incisões de nossa vida, também nos é dado uma mais profunda incisão na vida divina pelos sacramentos.”[2]
[1] Livro: Anos Ocultos, Dorothea M. Schlickmann
[2] Livro: Escola de Amor, Sermões dominicais do Pe. José Kentenich, pregados à Comunidade alemã em Milwaukee, 1963
*Flávia e seu esposo Luciano são membros da União de Famílias de Schoenstatt