Antes de responder, vejamos o seguinte exemplo:
Guilherme Fisher era um excelente jovem, que encontrei há poucos anos. Tinha saúde, inteligência e educação profundamente católica. Recebendo, com frequência, os sacramentos e esforçando-se por viver virtuosamente, desenvolveu-se nele o desejo de ter maior intimidade com Nosso Senhor. Esse amor a Deus levou-o a um amor mais intenso pelo próximo, de modo que desejava trabalhar pela salvação dele. Não pensara ainda no sacerdócio como tal. A graça, pois, estava preparando a alma.
Note-se o que aconteceu, quando entrou em cena um procurador de vocações…
Durante seus estudos secundários, ouviu uma empolgante conferência sobre o sacerdócio. Entusiasmou-se com a palestra e viu nesse estado de vida um meio de realizar perfeitamente seu duplo desejo: servir a Deus e às pessoas. Procurou alguma leitura e encontrou um interessante folheto, mas ainda não se sentia suficientemente seguro de si para abordar o assunto com alguém…Com o tempo, seus pensamentos cada vez mais se voltavam para a possibilidade de sua vocação. Muitas vezes, surgiam conflitos interiores. Por vezes, refletia quão grandioso não deveria ser subir ao altar e celebrar a Santa Missa. De vez em quando, afligia com a responsabilidade que pesa sobre o Padre… Não raro, sonhava com suas futuras atividades sacerdotais, mas logo se abatia, pensando nos longos anos de preparação.
Continuou a debater-se consigo mesmo durante 8 meses. Escreveu, então, uma carta ao pregador de retiro, confiando-lhe os desejos e relatando-lhe as notas escolares e alguma coisa sobre sua vida espiritual. O sacerdote respondeu-lhe com uma explicação muito encorajadora.
Mostrou a Guilherme como Deus o favorecera com abundantes bênçãos e o informou sobre como poderia preparar o ingresso no seminário.Aos poucos, seus olhos foram se abrindo e percebeu que lhe faltava apenas generosidade. Em cartas posteriores, o sacerdote insistiu em pedir a Deus o aumento dessa virtude, e lhe aconselhou dedicar mais tempo à reflexão sobre o assunto. Finalmente, depois de pensar e rezar por mais dois meses, Guilherme resolveu tornar-se Padre (Poage, 1962, p 25).
O que faltava a Guilherme, para dar uma resposta, para viver o amor, para dar o passo em direção a sua própria felicidade e realização e a de outros? É a generosidade que nos desprende do nosso egoísmo e da nossa própria vontade, que não nos deixam viver o amor.
Temos de rezar muito, pedir a Deus que ele aumente em nós essa virtude.
São felizes todos aqueles que dedicam sua vida a Deus e o servem com generosidade e amor.
São João Paulo II diz numa mensagem: Cristo conclui seu colóquio com o jovem rico com o convite explícito para segui-lo:
♦ numa vida conforme os mandamentos,
♦ na aspiração por ‘algo mais’,
♦ mediante o serviço sacerdotal ou a vida consagrada.
Na vida consagrada, participamos mais plenamente da vocação de Jesus. Qual era seu sonho, seu ideal? TRANSFORMAR O MUNDO PELO AMOR! – E Jesus deu a vida por esse ideal.
A vocação do jovem chamado a esse caminho supõe algumas qualidades necessárias para que possa seguir o exemplo de Jesus e ajudá-lo a transformar o mundo:
♦ um coração puro
♦ uma vontade firme
♦ uma inteligência clara
♦ religiosidade (atitude de fé e de oração)
♦ sinceridade
♦ alegria
♦ saúde física e psicológica.
Maria – grande modelo dos querem servir ao Reino de Cristo
Maria, a Mãe de Cristo, é modelo para nós:
♦ Nas virtudes que ornam o coração do jovem chamado a seguir Cristo: ela é o exemplo de pureza, de simplicidade, de abertura para Deus, de atitude de escuta ao seu chamado…
♦ Na resposta ao chamado de Deus: Maria, por meio do anjo, recebeu o convite de Deus para ser a Mãe de Jesus. O grande desejo de Maria era permanecer virgem e, por isso, não entendia aquela mensagem que o anjo lhe trouxera. Mas ela não agiu de forma precipitada, levada pelo próprio desejo. Ela fez, de modo perfeito, o que todos nós deveríamos fazer ao ouvirmos o chamado:
– Maria escutou
– Maria refletiu
– Maria perguntou
– Maria respondeu
Qual foi sua resposta? “Eis aqui a Serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a sua vontade!”
Foi uma resposta de generosidade. Ela não pensou em si mesma, mas pensou em nós e foi por nós que ela deu esse grande SIM.
♦ Na perseverança ao SIM que deu a Deus: ela nunca retirou a resposta generosa que havia dado a Deus, nem mesmo ao ver seu Filho Jesus sendo crucificado e morto na cruz. Também na hora das maiores provações de sua vocação, ela foi fiel e é modelo para todos os chamados
Fonte: Educação para o amor – Encontros com Jovens. Olindo Antonio Toaldo e Marilene Machado Toaldo. Gráfica e Editora Redentorista, Goiânia/GO: 2000.