A única ordenação sacerdotal, na história da Igreja, que ocorreu num campo de concentração
Pe. Rodrigo da Rosa Cabrera – O bem aventurado Carlos Leisner nasceu em 28 de fevereiro de 1915, em Rees, na Renânia, Alemanha. Destacou-se como líder juvenil e posteriormente ainda mais quando conheceu a Obra de Schoenstatt que, em suas palavras, fez desabrochar em sua alma grande amor à Maria. Aos 25 de março de 1939 fora ordenado diácono e começam então seus tempos decisivos. A princípio sua ordenação sacerdotal estava planejada para noves meses depois da diaconal, mas os planos da Divina Providência seriam outros.
Carlos fora diagnosticado com tuberculose e encaminhado rapidamente a um sanatório. No sanatório em que se encontrava, foi noticiado um atentado a Hitler em 1º de novembro de 1939 e ao saber dessa notícia e que o Führer escapara ileso, murmurou uma única palavra: “Pena” (pena que Hitler não estivesse presente, então não teriam perecido tantas vidas) [1]. Alguns simpatizantes do governo o denunciam e ele é chamado a depoimento, sendo considerado “cúmplice moral” do atentado. Foi encaminhado à cadeia de Friburgo e daí ao campo de concentração. Foi para o Campo de Concentração de Sachsenhausen e posteriormente a Dachau, em 14 de dezembro de 1940.
Surpresa da Divina Providência
A Divina Providência cuidou que seu sonho de ser sacerdote se realizasse e que, como luz que ilumina as trevas, sua ordenação fosse, no terror do campo de concentração, a certeza da presença e do amor de Deus.
No dia 17 de dezembro de 1944, no domingo “Gaudete” do Advento, fora secretamente ordenado sacerdote pelo bispo Dom Gabriel Piguet, que também estava prisioneiro no campo. O neo-sacerdote Carlos Leisner, devido à grave tuberculose pode somente celebrar sua primeira e única Santa Missa no dia 26 de dezembro, festa de Santo Estevão.
Foi retirado do campo de concentração em 4 de maio de 1945 e encaminhado ao sanatório de Planegg, mas sua saúde era irrecuperável e faleceu aos 12 de agosto, com 30 anos de idade.
“Ele arde dentro de mim”
O Pe. Carlos Leisner era da Diocese de Münster e tornou-se mais um modelo de fidelidade e santidade para as comunidades sacerdotais da Obra de Schoenstatt.
Em 8 de outubro de 1988, por ocasião de um encontro de jovens europeus, diante de 42.000 pessoas, em Estrasburgo, João Paulo II propôs Carlos Leisner como modelo para a juventude duma nova Europa. Foi beatificado aos 23 de junho de 1996, no Estádio Olímpico de Munique. É este o primeiro membro do Movimento de Schoenstatt a ser elevado às honras dos altares.
Sua memória litúrgica celebra-se no dia mesmo de sua morte, 12 de agosto.
“Se Deus se compadecer de mim e me deixar subir ao seu altar, então é graça e nada mais que pura graça. Permanecer no Amor! Ele arde em altas chamas dentro de mim. Senhor não as deixe esfriar jamais”, disse o Pe. Carlos Leisner [2].
A tenacidade e o heroísmo do Beato Carlos Leisner impulsiona a fidelidade de todos os filhos de Schoenstatt, em especial dos sacerdotes. Peçamos por sua intercessão santas vocações para as comunidades sacerdotais de nosso Movimento Apostólico.
*Contribuição do Instituto Secular dos Sacerdotes Diocesanos de Schoenstatt
Referências:
[1] CESCA, Olivo. Castelo na Tormenta. Editora Pallotti. p.74.
[2] BLANK, Johannes. Cristo, Minha Grande Paixão. Trad.: Frei Wenceslau Scheper, OFM. Ed. Ave-Maria. p. 49.