Dicas para um momento muito importante.
Karen Bueno – A Igreja oferece infinitas possibilidades de caminhos vocacionais a seguir – a pessoa pode se casar, pode se consagrar, ser celibatária, tudo isso estando ligada a uma das muitas comunidades, congregações ou movimentos religiosos. Contudo, somente um único caminho é sonhado por Deus para a vida de cada pessoa e um grande desafio é descobrir qual é esse plano de amor que o Pai sonhou.
O discernimento vocacional não é fácil, está permeado de muitas dúvidas e incertezas, mas quando inspirado pelo Espírito Santo, leva à realização de uma felicidade sincera e nobre: “A vocação se revela na medida em que nos deixamos penetrar profundamente por Deus. Começa com um desejo ardente de querer algo mais, um sentimento de mudança de vida, o mundo já não nos satisfaz. Indecisões, perguntas, medo de equivocar-se, sensação de nunca conseguir tomar uma decisão fazem parte deste processo interior de busca pela verdadeira felicidade querida por Deus”, comenta a Sra. Ana Christina Melquiades, do Instituto Nossa Senhora de Schoenstatt.
O que fazer então?
A vocação humana é um caminho pessoal de descoberta, mas algumas dicas podem ser úteis àqueles que buscam reconhecer o plano de Deus para sua vida.
Pe. Afonso Wosny, do Instituto Secular dos Padres de Schoenstatt, aponta três coisas que considera importantes no processo de discernimento vocacional: “Uma vida de oração intensa, de diálogo com Deus, porque a vocação nasce do amor a Deus, a vocação é uma história e um caminho de amor, ela é fruto de uma relação pessoal com Deus e com o mundo de Deus. Outra coisa é um acompanhamento espiritual, de preferência com um sacerdote, uma pessoa com quem você possa se abrir sem nenhuma pressão, que juntos procurem a vontade de Deus. A terceira coisa é algo que nosso Fundador sempre dizia, ficar bem atento às vozes de Deus no coração, às vozes da alma – o que eu sinto dentro de mim, no meu coração, na minha consciência, que está muito forte?”
A Sra. Ana Christina concorda e acrescenta: “Para tomar uma decisão é preciso dialogar com Deus, pois é a sua vontade que desejamos realizar. Manter uma intensa vida espiritual, rezar ao Espírito Santo, manter o vínculo com o Santuário e, principalmente, dar tempo para que Ele fale e atue, estando atentos aos acontecimentos diários – Deus fala por meio das circunstâncias”.
Toda vocação exige desprendimento, de si mesmo, da casa paterna, de uma vida confortável: “Chega uma época na vida em que a gente se pergunta: ‘para que eu nasci? Para onde vou?’. Tanto na vida consagrada como na vida matrimonial, esse momento pede um salto no escuro, você não sabe o que te espera, então é preciso confiar que Deus sabe o que é melhor para nós”, diz Ir. M. Bruna Sturba de Renzo, do Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt.
Como ter clareza do plano de Deus para minha vida?
Para o Pe. Afonso, é muito difícil a uma pessoa ter certeza absoluta da vocação antes de dar um primeiro passo: “Vamos descobrir se esse é realmente o nosso caminho examinando a própria consciência, o próprio coração constantemente, e observando algumas coisas que são frutos do Espírito Santo, por exemplo, a paz, a alegria que sentimos. Quando seguimos a vocação que Deus planejou para nossa vida, mesmo que ela exija algo difícil, isso não tira a força e vontade de viver, pelo contrário, dá alegria, essas renúncias nos fazem crescer. Mas somente depois de se lançar, pelos frutos, que você vai ter a certeza”.
Quando se está no caminho certo, o coração vai revelando pouco a pouco: “Nós nos lançamos nos braços de Deus e, como consequência, encontramos a paz interior, a alegria de servir, de entregar-se, de sacrificar-se, porque acima de tudo é o plano de Deus que se realiza em nós. Acreditar no plano de Deus, ter fé e desprender-se de si mesmo, é fundamental para o salto da decisão”, afirma a Sra. Ana Christina.
Ao descobrir qual é seu caminho, “você tem que ter uma firmeza muito grande e uma base muito forte, ter a certeza de que Deus te escolheu e que você foi chamado para aquilo”, ressalta Joelma Melo, da União Apostólica Feminina de Schoenstatt.
Liberdade e confiança
Pe. Afonso diz que o vocacionado deve ter muita liberdade interior para decidir e confiança de que Deus vai cuidar: “Temos que ter fé que ele vai mostrando. Se foi ele quem colocou a pergunta vocacional no coração do jovem, ele vai falando, mostrando, confirmando. E a alegria e realização que surgem no coração quando damos um ‘sim’, surgem dele”.
O Catecismo da Igreja Católica afirma que, antes de qualquer coisa, “Deus criou o homem por amor, também o chamou para o amor, vocação fundamental e inata de todo ser humano. Pois o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, que é amor” (1604).
“A vocação é um presente de Deus, uma graça que recebemos de sua infinita misericórdia, é querer assumir livremente a missão que Deus entrega a cada um de nós, seja no caminho da vida matrimonial ou no caminho da vida consagrada”, ressalta Sra. Ana Christina Melquiades.
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