Primeiro o mais importante!
Ana Paula dal Pozzolo – A vida é movimento constante. Basta observarmos que para viver precisamos respirar. Sístole e diástole são os movimentos do coração, assim como a expansão e a contração do diafragma, inspirando e expirando – movimentos simples e rítmicos, por vezes imperceptíveis, na maior parte do tempo nem nos atentamos para eles. Somos capazes de acelerar ou acalmar, de forma voluntária, a nossa respiração. O ritmo cardíaco, porém, obedece a sua própria velocidade de acordo com as reações de nosso corpo. Se estivermos em repouso, o coração trabalha em um ritmo lento. Quanto mais intensamente nos movimentamos, mais rápidas serão as pulsações do coração.
Podemos exemplificar o ritmo da vida com vários outros exemplos.
A agenda cheia de compromisso é outro indicador da vida em movimento: tarefas, deveres, atividades, relações, inter-relações… uma extensa lista de registros programados com maior ou menor grau de importância entre eles. Essa importância também se revela de acordo com a essencialidade de cada tópico anotado. Para o cristão, a essencialidade é analisada em relação à importância de cada tarefa diante de Deus, perante Deus.
Em relação à essencialidade do trabalho, por exemplo, devemos considerar alguns aspectos. O labor é essencial porque sustenta e, assim, traz realização, felicidade. “Entre as fontes puras de felicidade está o trabalho”¹, nos revela o fundador, Pe. José Kentenich. Mas a importância do trabalho não está centrada somente no aspecto natural de sustento e manutenção da vida, é mais que isso. Pe. Kentenich aprofunda o tema afirmando que “o trabalho é, objetivamente, uma participação na atividade criadora e comunicativa de Deus, o cristão não descansa enquanto não conferir a esta obra seu verdadeiro sentido: um contínuo trabalho de colaboração com Deus e para Deus”².
Na vida dos leigos vislumbramos, também, a importância da família. O Papa Francisco exorta a toda Igreja, em especial aos jovens, que “é impossível que alguém cresça se não tem raízes fortes que ajudem a estar sustentado e agarrado à terra. É fácil ‘voar’ quando não há onde agarrar-se, onde segurar”³. Essas raízes profundas são a família: pai e mãe, avós e tios, irmãos; a base onde são moldadas as personalidades firmes; que não sucumbirão às maiores tempestades, ainda é a família, e sempre será a família constituída por Deus e para Deus.
Por nossa pedagogia mariana e schoenstattiana, citamos também a essencialidade de nossa vinculação com a Mãe de Deus: Maria, nossa Mãe Admirável. Por nossa Aliança de Amor e pela renovação da entrega filial à Mãe e Rainha das tarefas realizadas no dia a dia aprendemos a priorizar o essencial, a vinculação filial. Com Maria priorizamos nossa família, nosso trabalho, nossa vida de fé. Confiamos tudo ao Capital de Graças da Rainha das Famílias, Maria, e por meio dela a Deus. Conduzidos por eles, somos educados a estruturar a nossa agenda de compromissos com as atividades essenciais – o que agrada a Deus. A entrega de um coração humano pelo coração de Maria, em cada oração de consagração que elevamos aos céus, cumpre e renova a promessa do 18 de outubro de 1914 de realizar fielmente a Aliança de Amor.
Cada dia, com seu ritmo, podemos realizar nossas atividades preservando o prioritário, realçando o essencial quando o fizermos com todo o amor. As palavras do fundador, em 17 de agosto de 1949, nos recordam esta lição: “O que fazes deve ser totalmente perfeito, não apenas exteriormente, mas feito com grande amor”*. E ainda relembra o ensinamento de que sempre podemos nos valer da intercessão de Maria em nossas orações: “A Mãe de Deus ajuda quando fica difícil”.
Buscando aprimorar nossa rotina e, com a finalidade de conciliar vida familiar, profissional e apostólica, podemos seguir uma metodologia prática:
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listar as prioridades em ordem de importância;
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organizar a rotina de acordo com as prioridades, com planejamento e estabelecendo horários e prazos de conclusão;
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evitar a pressa, a indecisão e o acúmulo de tarefas, quando for preciso peça ajuda;
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use a tecnologia a seu favor e de forma racional, mas tenha clareza de que o contato pessoal é importante e necessário;
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combinar vida familiar, vida profissional e vida apostólica; deve ser o objetivo principal do filho heroico que inspira à santidade. Sempre que possível faça isso. Encontros cordiais e colaborativos, em comunhão de almas, contribuem para o ritmo constante do pulsar da vida comunitária e da construção social.
Desta maneira, por mais extensa que nossa agenda esteja de compromissos e missões, por mais intenso que seja o ritmo de nossas rotinas diárias, o amor a Deus estará sempre no topo, como primordial. A entrega de nosso trabalho realizado buscando a perfeição, por amor e em colaboração com a obra Divina, será demonstrado e praticado como essencial. A consagração de nossa família ao Capital de Graças da Mãe e Rainha deve figurar como uma prioridade unitária e coletiva. Assim certamente cumpriremos com nossa tarefa e missão de realizarmos uma parcela da santidade da vida diária, com Deus e por Deus. Como respirar, simples e naturalmente.
E pelo movimento natural e orgânico da vida, que não cessa “de andar”, eis que assim se cumprirá a cada dia, a partir das tarefas de nossa rotina fundamental de vida e missão, a verdade revelada em 1 Coríntios (13, 13): “Agora permaneçam essas três coisas: a fé, a esperança e o amor. A maior delas é o amor”**
*Contribuição da Liga de Famílias de Schoenstatt do Regional Sul
Fontes
¹ Kentenich, Padre Jose´; Nailis, M. A. – Santidade de Todos os Dias: espiritualidade laical de Schoenstatt Vol 1, Ed. Palotti, 2 ed.
² Kentenich, Padre José; Nailis, M. A. – Santidade de Todos os Dias: espiritualidade laical de Schoenstatt Vol 1, Ed. Palotti, 2 ed.
³ Christus Vivit, para os jovens e para todo o povo de Deus – Exortação Apostólica Pós-Sinodal do Papa Francisco. Paulus, 2019, 1 ed.
* Kentenich, Padre José; Eu saúdo os lírios. Instituto Secular das Irmãs de Maria; Vol 1, 2014, Paulus, 1 ed.
** Nova Bíblia Pastoral, Paulus, 2014.
Bom dia! Ótima leitura sempre;Fé, Esperança, Mãe Rainha Vencedora Três Vezes Admirável de shoenstatt